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Martedì, 14 Gennaio

 

Notizie d'Italia

 

 

Itália torna cada vez mais viva a arte feita para os mortos

Foto: Monumentale

Itália debate a riqueza cultural e artística que convive com os mortos nos cemitérios, verdadeiros museus a céu aberto
 

Diversas cidades italianas estão se mobilizando para conhecer e valorizar a arte desenvolvida nos cemitérios, durante a manifestação "A Descoberta dos Cemitérios Históricos Europeus", que ocorrerá a partir do próximo dia três. Na verdade, eventos relacionados já estão programados para acontecer antes das datas oficiais, como a mostra Arte e Amore, dedicada ao tema da memória, da morte e da esperança, que será  inaugurada nesta terça-feira, junto ao cemitério Porte Sante, em Firenze.

Já em Bolonha acontecerá, a partir do dia três, o encontro 'I cimiteri europei: straordinari beni culturali da restaurare e fare conoscere', cuja programação prevê uma visita guiada no cemitério Monumentale Del Verano, considerado um verdadeiro museu a céu aberto pelas obras de arte que ornamentam os túmulos.

Em Roma, no dia cinco, acontecerá a jornada de estudos  “Luoghi della memoria: un patrimonio culturale da scoprire. Esperienze italiane di catalogazione a confronto”. Será a primeira troca de experiências entre as cidades empenhadas nas obras de catalogação dessas obras, definidas como arte cemiterial.

Arte tumulária

Apesar da aparência muitas vezes triste, os cemitérios, principalmente os mais antigos, podem guardar ricas surpresas para quem se dispõe a procurar. Alguns constituem verdadeiras galerias de arte a céu aberto sendo até mesmo possível encontrarmos peças e esculturas de artistas famosos. Em outros países alguns cemitérios são até mesmo pontos turísticos que atraem viajantes do mundo inteiro

Eles são concorridos pontos turísticos por terem, entre seus “moradores eternos”, figuras famosas que fizeram história nas artes ou na política. Mas, com certeza, a beleza da arte tumulária presente nestes cemitérios contribuiu, e muito, para a sua fama.

 No Brasil, também encontramos exemplo magníficos de arte tumulária, principlamente nos cemitérios de São Paulo, como Consolação, Araçá, Paulista e Morumbi. Também existem importantes acervos no Rio de Janeiro, na Bahia e em Pernambuco.

Entretanto, ao contrario do que ocorre em outros países, são poucos os que percorrem os cemitérios brasileiros para visitação de túmulos ilustres (com exceção do dia de finados) ou que saibam apreciar as obras de arte que estes cemitérios muitas vezes escondem.

Muitos dos jazigos presentes nestes cemitérios foram feitos por artistas europeus e com materiais muitas vezes importados, tudo com o objetivo de enaltecer o nome das famílias abastadas. Em cemitérios, como o da Consolação em São Paulo, é possível encontrar obras de artistas consagrados como Brecheret e Luigi Brizzolara, ao lado de outros não tão conhecidos, como Eugênio Pratti e Armando Zago. Muitos artistas italianos de renome deixaram um enorme acervo de peças espalhadas pelos cemitérios brasileiros, principalmente em São Paulo, e muitas destas peças só agora estão sendo identificadas.

Para se ter uma idéia, somente no cemitério do Araçá existem cerca de 80 peças catalogadas, de notório valor artístico.


 
Cada vez mais, especialmente na Europa, os cemitérios são descobertos como espaços de arte. Foto: Comune Roma

O caráter individualizador do nome da família é uma das preocupações do imigrante europeu no Brasil, a partir da segunda metade do século XIX. Os cemitérios de Vila-Verde, Municipal de Curitiba, do Araçá e do Braz de São Paulo formam conjuntos de capelas e jazigos familiares, recriando aquela atmosfera doméstica dos bairros tradicionais dos imigrantes.

A comunidade representa-se, então, no todo, do divisionismo e nos hábitos das famílias usuárias, que tratam de suas capelas como se fossem prolongamentos de suas próprias casas, levando para os jazigos os mesmos arranjos decorativos que o seu nível cultural lhes permite refletir.

A preocupação do colono europeu na área de enriquecimento imediato era individualizar seu nome, através da exibição de sinais de abastança. O caráter monumental da “última morada” era, para muitos, fruto de uma ansiedade de se auto-afirmar socialmente.

No estudo dos cemitérios brasileiros, os estilos se sucedem como nas necrópoles européias, porém, com datas defasadas e submetidos às razões da disponibilidade dos materiais locais.

Há uma certa diferença entre os objetos produzidos no percurso da belle époque e os que surgiram logo após, de um estilo diferenciado, denominado art noveau. Nas principais metrópoles européias o início da art noveau tem data certa em 1890. O seu surgimento elege a máquina como instrumento de pluralização, de produção artística, capacitada para atender o consumo da decoração doméstica, trajes, e objetos de uso cotidiano até o nível da pequena burguesia urbana.

Os meios de lavor artístico adquirem soluções mecânicas, com instrumental elétrico de muito maior rentabilidade de tempo e produção. Brocas, serras e polidores elétricos, novos métodos de fundição e metalurgia possibilitam a reprodução de protótipos de objetos de criação artística, ao nível industrial.

Em relação à arte cemiterial, tais possibilidades determinam, em todos os centros urbanos de expressão e riqueza, novas e reconhecíveis características. Até então, as construções cemiteriais se valiam do trabalho artesanal e da eventualidade artística.

Com o trabalho industrial mecanizado, as fundições passaram a fornecer gradis e portões, cercaduras de ornatos, frisos, cruzes e alegorias pré-moldadas, vigas metálicas, colunatas de estruturas , etc. A estatuária não era mais trabalho do escultor, neste caso entendido como o artista criador do objeto modelado. Estatuário na linguagem do século passado, corresponde ao artesão habilitado a reproduzir em pedra os protótipos encomendados, mediante pantógrafo, brocas elétricas e produção em série.

O traço que distingüe a passagem da arte tumulária neoclássica para a da belle époque, corresponde, em primeiro lugar, à diminuição e mesmo esvaziamento da simbologia escatológica tradicional. Estas eram freqüentes, quase obrigatórias na fabricação dos marmoristas de Lisboa, tanto na representação do objeto principal, como na distribuição dos elementos alegóricos. A belle époque se despe da excessiva carga escatológica e se realiza como uma nova espiritualidade lírica, procurando impregnar, até as próprias alegorias, com uma aparência de profundo realismo, de verismo.

Por isso, logo transforma a figura alada e assexuada dos anjos da estatuária classista, em novos personagens: em anjos de procissão que parecem existir em nosso cotidiano.
Os anjos da belle époque ganham sexo, expressam a idade, brincam como crianças, refletem juventude, mas também sabem assumir, quando querem, traduzir desolação, as atitudes mais teatrais e melodramáticas.


 
Achille Alberti é o autor da escultura em bronze, Sconforto. Foto: Monumentale

O romantismo das figuras da belle époque, embora tenha uma apresentação realística, não pode ser identificado com os sinais eróticos que se manifestariam depois na arte tumulária.

São igualmente freqüentes na arte tumulária da belle époque sinais de referência e de simbolização de fortuna, do prestígio e da propriedade. A presença de alegorias pagãs, como o símbolo do deus Mércurio (ou Hermes, do Comércio), além de outras figuras mitológicas, como ninfas, também é constante.

A belle époque também não foi insensível ao enaltecimento dos produtos industrializados, substituindo o bronze pelo ferro, em muitas das esculturas.

O final do século XIX e princípio do século XX foi extremamente rico para a arte cemiterial brasileira, por reunir ao mesmo tempo, famílias com recursos financeiros e disposição para construir túmulos suntuosos, e artistas de grande talento que aqui aportaram, principalmente italianos.

São desse período, muitas das peças produzidas por Brecheret, de caráter modernista, além de outras peças que denotam sensualidade e monumentalidade, como a dos artistas Emendabili, Oliani e Nicola Muniz, todos apresentando uma riqueza de detalhes e leveza surpreendentes. A presença de nus na arte cemiterial é uma grande inovação deste período.

Nos cemitérios brasileiros não é tão fácil distinguir-se essa sucessão cronológica dos estilos, comparecendo a belle époque e art noveau, muitas vezes como mercadorias importadas, imitadas, dispostas e acumuladas ao longo das quadras. Devido à disposição, muitas vezes atrofiada de alguns cemitérios, até mesmo observar as peças torna-se um grande sacrifício. Outro fator de prejuízo é, sem dúvida, a má conservação de muitas das necrópoles brasileiras, algumas centenárias, e em estado de total abandono, numa perda irreparável de um belo patrimônio artístico nacional.

Hoje em dia, com o surgimento dos chamados “cemitérios-jardim”, a arte da escultura cemiterial praticamente está extinta. Outro fator que leva a presença cada vez mais escassa de túmulos monumentais, é o alto custo dos materiais como o mármore, ferro e bronze, além da quase inexistência de artistas que se dediquem a este tipo de trabalho.

Resta-nos, portanto, lutar para preservar esta verdadeiras obras de arte que ainda subsistem espalhadas pelos cemitérios brasileiros, começando por reconhecer o seu inestimável valor estético.(por Beatrix Algrave)

Il primo incontro nazionale dedicato alle modalità di catalogazione dei cimiteri storico-monumentali

L’ Istituto Centrale per il Catalogo e la Documentazione, il Comune di Roma – Assessorato alle Politiche Culturali - Sovraintendenza ai Beni Culturali e l’ASCE (Association of Significant Cemeteries in Europe) organizzano il primo incontro nazionale dedicato alle modalità di catalogazione dei cimiteri storico-monumentali e dei sepolcri di interesse storico-artistico.

Si tratta di un primo scambio di esperienze fra le città impegnate in questa opera di catalogazione al fine di arrivare alla definizione di strumenti di lavoro comuni.

Nell’ambito della crescente conoscenza e valorizzazione del patrimonio culturale dei cimiteri sono state avviati in Italia numerosi programmi di catalogazione.

La complessità e articolazione dei beni conservati all’interno delle strutture cimiteriali, definiti in una accezione ormai diffusa come “città dei morti”, hanno posto in alcuni casi problemi relativi ai modelli catalografici esistenti.

I beni conservati nel cimitero nelle loro diverse caratteristiche storico artistiche, architettoniche, etnoantropologiche, ambientali costituiscono un insieme di entità eterogenee, legate alle complesse tematiche della memoria e del ricordo, in cui si incrociano approcci scientifici di differenti discipline. A seconda dell’approfondimento sul singolo bene contemplato nella griglia catalografica diventa possibile l’elaborazione dei dati e una ricostruzione non univoca della complessità cimiteriale.

Le problematiche di riferimento, che nascono dall’esperienza di catalogazione del cimitero del Verano di Roma, proposte per la discussione sono relativi ai seguenti punti:

1. il manufatto funerario: problematiche catalografiche relative alle caratteristiche spaziali della camera sepolcrale;
2. elementi decorativi e/o artistici industriali: descrizioni e dati relativi a specifiche per tipologie, manifatture, produzioni, tecniche esecutive;
3. suppellettili e oggetti di ricordo talvolta collocati anche in epoca successiva alla realizzazione del manufatto funerario significativi per una lettura antropologica del fenomeno della morte;
4. catalogazione dei ritratti funebri in fotoceramica; 5. dati anagrafici e biografici del defunto riportati nella scheda come
trascrizione di elementi epigrafici; 6. elenco delle sepolture esistenti nel manufatto;
7. specificità dei dati di concessione d’area; 8. relazione tra manufatto funebre e verde: catalogazione delle essenze come parte integrante del bene;
9. caratterizzazione del cimitero come giardino o parco: catalogazione del verde storico e delle sue trasformazioni;
10. uso di modelli catalografici idonei all’analisi, comprensione e raffronto dei dati su scala territoriale del complesso cimiteriale.

(© Oriundi)

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