ROMA - A cantora italiana
Laura Pausini, que ganhou um Grammy e já vendeu 25
milhões de discos em 15 anos de carreira, fará um show
no próximo dia 2 de junho no estádio San Siro de Milão,
tornando-se a primeira mulher na história da música a se
apresentar no célebre estádio italiano.
"É um sonho que se realiza. Não sei se na minha vida
farei novamente um show em um estádio. Por isto,
gravarei um DVD para imortalizar este momento", disse
Laura.
Mesmo já tendo se apresentado em estádios em Porto Rico
e na América do Sul, "nada é comparável com o San Siro",
definiu a cantora em relação a imponência do estádio
onde jogam dois dos maiores times de futebol da Itália,
Milan e Inter de Milão.
No show do dia 2 de junho, Laura Pausini oferecerá aos
seus fãs italianos cerca de 30 músicas, incluindo uma em
inglês e três em espanhol, além de revelar que vai
cantar duas músicas inéditas.
Dos cerca de 70 mil ingressos colocados à venda, 60 mil
já foram vendidos, o que mostra a força da cantora em
seu país natal.
Além de ser a primeira mulher a fazer uma apresentação
no estádio San Siro, Laura Pausini também se tornará a
artista italiana com a maior platéia da história.
(©
UOL Música)
Crítica/cinema/"Vermelho como o Céu"
Drama italiano questiona os sentidos
do mundo das imagens
CÁSSIO STARLING CARLOS
CRÍTICO DA FOLHA
"Vermelho como o Céu" é um caso interessante de como um
filme pode dar certo, a despeito das armadilhas em seus
pontos de partida. Ao narrar a história real de um
garoto que perde a visão depois de um acidente, vai
parar numa escola religiosa, onde é maltratado por
colegas e pelo diretor autoritário e descobre uma via
sensível peculiar, o roteirista e diretor italiano
Cristiano Bortone corria o risco de resultar num filme
de fórmula, a do drama edificante.
A vantagem é que o cineasta enxergou as facilidades e as
tomou como contra-exemplo. É no tratamento simbólico da
perda da visão que Bortone supera os riscos e realiza um
trabalho ao mesmo tempo emocionante e rico em
possibilidades narrativas.
A partir do drama de Mirco, o diretor constrói uma
reflexão sobre o poder de ilusão e encantamento que o
cinema guarda. Seu protagonista logo se descobre um
hábil construtor de histórias. Sem a visão, contudo,
Mirco apela para a audição, como o sentido que lhe
permite alcançar um novo patamar de significados. É
nesta encenação do sensorial que o filme ganha relevo.
Postos no lugar em que a imagem visível encontra-se fora
do alcance, seus personagens aventuram-se na construção
de outras imagens. Isso permite ao diretor manter o
espectador atento ao visível e ao mesmo tempo conduzi-lo
além.
A questão mais estimulante com que se defronta o
cineasta é: como filmar os sons? Por meio desse desafio
o espectador é levado a questionar a uniformidade do
mundo das imagens, do qual nos tornamos reféns.
Pois, em
vez de fetichizá-las, como no cultuado "Cinema
Paradiso", "Vermelho" desconstrói seu mecanismo,
demonstrando, por meio dos sons, como se constitui a
ilusão.
Desse modo, o que oferece é uma lição plena de sentidos.
VERMELHO COMO O CÉU
Direção: Cristiano Bortone
Produção: Itália, 2005
Com: Luca Capriotti, Francesco Campobasso e
Simone Colombari
Onde: em cartaz no Cine Tam, Reserva Cultural e
Cinesesc
Avaliação: bom
(©
Folha de S. Paulo) |