Assimina Vlahou
De Roma
Estudiosos anunciaram nesta segunda-feira em
Pádua, na Itália, ter descoberto desenhos inéditos
do filósofo, matemático e astrônomo italiano Galileu
Galilei (1564-1642).
As ilustrações, em aquarela, são de
cor marrom claro e representam a superfície da Lua,
ressaltando as irregularidades do relevo no satélite.
Os desenhos foram feitos
diretamente sobre as páginas de um livro publicado em
1610, que ficou desaparecido por quase quatro séculos e
foi redescoberto em um antiquário de Nova York.
O anúncio da
descoberta e da autenticidade da obra foi feito pelo
professor Horst Bredekamp, da Universidade Humboldt de
Berlim, e pelo professor William Shea, da cátedra
Galileana da Universidade de Pádua.
"Posso dizer que os desenhos foram
feitos pela mão de Galileu. Reconheço alguns traços
característicos, como seu jeito rápido de pintar”, disse
à BBC Brasil o professor Shea, considerado como um dos
maiores especialistas do mundo em Galileu.
Primeira cópia
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Italiano é considerado um
dos responsáveis pelo método científico |
O próprio Galileu – considerado um
dos responsáveis pelo desenvolvimento do método
científico – viveu e trabalhou durante alguns anos em
Pádua.
O livro com as ilustrações seria a
primeira cópia do Sidereus Nuncius, escrito pelo
italiano. Os estudiosos avaliam que esta cópia é a mais
preciosa porque os desenhos representam a assinatura de
Galileu.
No volume, o cientista relata
descobertas que fez observando o céu com seu telescópio.
Ele descreve os quatro satélites de Júpiter e a
superfície da Lua como sendo irregular e cheia de
buracos, semelhante à da Terra, e não lisa como se
imaginava.
Por suas idéias científicas em
contraposição às Sagradas Escrituras - como a defesa da
teoria do heliocentrismo, segundo a qual a Terra gira ao
redor do Sol, e não o contrário -, Galileu foi condenado
pela Inquisição em 1633 e obrigado a retratar suas
idéias.
Em 2000, o papa João Paulo 2° pediu
perdão por esta decisão da igreja.
Datas
Para estabelecer a autenticidade do
livro e dos desenhos de Galileu, o material foi
examinado por técnicos da universidade de Berlim e de
outros institutos renomados, como o Ratgen e a
biblioteca nacional de Florença.
"Graças a máquinas especiais
verificamos que o papel foi feito entre os anos de 1600
e 1620 e que a tinta é do começo de 1600. Não é possível
falsificar a tinta", argumentou o professor Shea.
As pesquisas duraram um ano e
parece não terem deixado dúvidas. Mas o mistério sobre o
reaparecimento do volume não ficou totalmente
esclarecido.
De acordo com William Shea, o
antiquário que possuía o livro não disse de quem o
comprou.
"Ele informou apenas que era
proveniente da América do Sul, provavelmente da
Argentina, onde há uma forte presença de italianos da
região do Veneto", afirmou.
A obra será apresentada
oficialmente em Nova York em setembro deste ano.
(©
BBC Brasil)
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