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Governo italiano protesta contra o abate de Bruno

28/06/2006

Urso capturado pelas lentes do telefone celular de um turista


O governo italiano protestou oficialmente contra o abate do urso-selvagem Bruno, na Alemanha.

O ministro do meio ambiente, Alfonso Pecoraro Scanio, afirmou que ressente a morte de Bruno, segundo a agência de notícias Apcom. O abate de animais foi regulamentado na Itália com ajuda de um programa da União Européia.

Segundo Pecoraro Scanio, o governo italiano desejava que a ação de salvamento do animal tivesse sido melhor coordenada.

O chamado "urso-problema" foi morto por caçadores filandeses na madrugada da segunda-feira (26/06).

(© Deutsche Welle)

Bruno, o urso-problema, é abatido na Baviera

Primeiro urso selvagem a retornar ao país em 170 anos foi abatido na madrugada desta segunda-feira. Decisão em prol da segurança da população ainda gera controvérsias entre ambientalistas.

Mariana Ribeiro

O urso selvagem que circulava desde maio pela região da fronteira entre o Estado alemão da Baviera e a Áustria foi morto na madrugada desta segunda-feira (26/06).

 

Autoridades alegam que "comportamento atipicamente agressivo" foi o motivo da decisão de exterminar o animal, enquanto ambientalistas consideram que a atitude tenha sido prematura.

 

O bom filho à casa torna

 

Bruno, como foi carinhosamente apelidado, foi visto pela primeira vez em maio, na Baviera, depois de ter andado quilômetros pelos Alpes e cruzado a fronteira com a Áustria.

 

Sua chegada havia sido comemorada com entusiasmo por ambientalistas alemães. Uma foto, tirada com um celular por um turista, não deixava dúvidas: pela primeira vez em 170 anos, um urso selvagem havia voltado às terras germânicas.

 

Os ursos marrons – única espécie existente na Europa – eram muito comuns no continente há trezentos anos, mas a urbanização e a prática da caça reduziram drasticamente sua população. O último havia sido morto em 1835 e, desde então, os alemães só podiam ver ursos enjaulados no Jardim Zoológico.

 

A notícia de que um exemplar vivo rondava as florestas do Tirol e da Baviera se espalhou rapidamente. A foto em baixa resolução figurou na capa dos grandes jornais e o acontecimento fez com que a rede hoteleira bávara computasse um terço mais pernoites e os restaurantes percebessem um aumento na média de refeições por noite.

 

Amigo urso

 

O entusiasmo do setor de turismo foi abafado pelos rastros que deixou "JJ1" – como era chamado oficialmente. Foram incontáveis as vezes em que ovelhas, coelhos e galinhas serviram de almoço para Bruno, que também atacava colméias para garantir sua sobremesa.

 

Os fazendeiros já estavam irritados com a situação, até que o urso foi classificado como "extremamente agressivo" e o ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, afirmou em um pronunciamento que o animal deveria ser afastado por apresentar risco à população. Foi dada, então, a permissão para que ele fosse abatido.

 

A polêmica novelesca sobre o destino do urso envolveu inclusive o papa Joseph Ratzinger, que nasceu na Baviera e se mostrou partidário ao animal que aparece em seu brasão papal.

 

Tiro certeiro

 

Finlandeses encarregados do abatimento e seus cães farejadores

Finlandeses encarregados do abatimento e seus cães farejadores

 

No dia 10 de junho, cinco caçadores de urso filandeses chegaram a Munique com seis cães farejadores e a missão de abater Bruno. Durante duas semanas de buscas, a tropa andou um total de quinhentos quilômetros pelos Alpes, seguindo os rastros do animal.

 

Apesar das controvérsias e da pressão de grupos ambientalistas, na madrugada desta segunda-feira (26/06), Bruno foi morto em Rotwand. Os custos de cerca de 30 mil euros pela operação serão divididos entre a Baviera e o Tirol, seu lugar de origem.

 

Reações

 

Desde que a notícia da morte do urso selvagem foi transmitida, milhares de e-mails malcriados, contendo inclusive ameaças de morte, chegaram à Associação de Caçadores da Baviera. Alguns advogados manifestaram a intenção de processar a instituição, que reagiu com condolência à morte do animal, apesar de admitir que era necessária, tendo em vista seu comportamento atípico.

 

Um grupo austríaco de proteção ambiental exige investigação policial para que se averigüe o que afirmam ter sido um "abatimento prematuro" de Bruno, que só tinha dois anos de idade.

 

Bruno na camisa e no jogo online

 

Bruno desencadeou uma seqüência de fatos curiosos. Uma fábrica de leite planeja encomendar um "ursomóvel", para que qualquer outro animal da espécie que resolva aparecer na Alemanha possa ser transportado para o Zoológico mais próximo.

 

Jovens ambientalistas planejam manifestar sua indignação vestindo fantasias "impressionantemente realistas" em passeata nos Alpes. O protesto está marcado para esta terça-feira (27/06), segundo anunciou a Organização Jovem de Proteção ao Meio Ambiente.

 

Na internet, estão à venda camisetas solidárias a Bruno. "Ninguém me dá leite" é o que se lê em uma delas, que pode ser adquirida por 19,90 euros. Mas "JJ1 Bruno World Tour 2006" ainda é a frase favorita dos consumidores.

 

O jogo online "Caça ao Bruno" se tornou febre. O usuário deve tentar acertar o urso com uma arma virtual. A missão não é tão fácil quanto parece – o cenário da floresta oferece ótimos esconderijos e é preciso atenção para não cair em nenhuma armadilha.

(© Deutsche Welle)

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