O ministro do meio ambiente, Alfonso Pecoraro Scanio, afirmou que
ressente a morte de Bruno, segundo a agência de notícias Apcom. O abate
de animais foi regulamentado na Itália com ajuda de um programa da União
Européia.
Segundo Pecoraro Scanio, o governo italiano desejava que a ação de
salvamento do animal tivesse sido melhor coordenada.
O chamado "urso-problema" foi
morto por caçadores filandeses na madrugada da segunda-feira (26/06).
Primeiro urso selvagem a retornar ao país em 170 anos foi abatido na
madrugada desta segunda-feira. Decisão em prol da segurança da população
ainda gera controvérsias entre ambientalistas.
Mariana Ribeiro
O urso selvagem que circulava desde maio pela região da fronteira
entre o Estado alemão da Baviera e a Áustria foi morto na madrugada
desta segunda-feira (26/06).
Autoridades alegam que "comportamento atipicamente agressivo" foi o
motivo da decisão de exterminar o animal, enquanto ambientalistas
consideram que a atitude tenha sido prematura.
O bom filho à casa torna
Bruno, como foi carinhosamente apelidado, foi visto pela primeira vez
em maio, na Baviera, depois de ter andado quilômetros pelos Alpes e
cruzado a fronteira com a Áustria.
Sua chegada havia sido comemorada com entusiasmo por ambientalistas
alemães. Uma foto, tirada com um celular por um turista, não deixava
dúvidas: pela primeira vez em 170 anos, um urso selvagem havia voltado
às terras germânicas.
Os ursos marrons – única espécie existente na Europa – eram muito
comuns no continente há trezentos anos, mas a urbanização e a prática
da caça reduziram drasticamente sua população. O último havia sido
morto em 1835 e, desde então, os alemães só podiam ver ursos
enjaulados no Jardim Zoológico.
A notícia de que um exemplar vivo rondava as florestas do Tirol e da
Baviera se espalhou rapidamente. A foto em baixa resolução figurou na
capa dos grandes jornais e o acontecimento fez com que a rede
hoteleira bávara computasse um terço mais pernoites e os restaurantes
percebessem um aumento na média de refeições por noite.
Amigo urso
O entusiasmo do setor de turismo foi abafado pelos rastros que deixou
"JJ1" – como era chamado oficialmente. Foram incontáveis as vezes em
que ovelhas, coelhos e galinhas serviram de almoço para Bruno, que
também atacava colméias para garantir sua sobremesa.
Os fazendeiros já estavam irritados com a situação, até que o urso foi
classificado como "extremamente agressivo" e o ministro do Meio
Ambiente, Sigmar Gabriel, afirmou em um pronunciamento que o animal
deveria ser afastado por apresentar risco à população. Foi dada,
então, a permissão para que ele fosse abatido.
A polêmica novelesca sobre o destino do urso envolveu inclusive o papa
Joseph Ratzinger, que nasceu na Baviera e se mostrou partidário ao
animal que aparece em seu brasão papal.
Tiro certeiro
Finlandeses
encarregados do abatimento e seus cães farejadores
No dia 10 de junho, cinco caçadores de urso filandeses chegaram a
Munique com seis cães farejadores e a missão de abater Bruno. Durante
duas semanas de buscas, a tropa andou um total de quinhentos
quilômetros pelos Alpes, seguindo os rastros do animal.
Apesar das controvérsias e da pressão de grupos ambientalistas, na
madrugada desta segunda-feira (26/06), Bruno foi morto em Rotwand. Os
custos de cerca de 30 mil euros pela operação serão divididos entre a
Baviera e o Tirol, seu lugar de origem.
Reações
Desde que a notícia da morte do urso selvagem foi transmitida,
milhares de e-mails malcriados, contendo inclusive ameaças de morte,
chegaram à Associação de Caçadores da Baviera. Alguns advogados
manifestaram a intenção de processar a instituição, que reagiu com
condolência à morte do animal, apesar de admitir que era necessária,
tendo em vista seu comportamento atípico.
Um grupo austríaco de proteção ambiental exige investigação policial
para que se averigüe o que afirmam ter sido um "abatimento prematuro"
de Bruno, que só tinha dois anos de idade.
Bruno na camisa e no jogo
online
Bruno desencadeou uma seqüência de fatos curiosos. Uma fábrica de
leite planeja encomendar um "ursomóvel", para que qualquer outro
animal da espécie que resolva aparecer na Alemanha possa ser
transportado para o Zoológico mais próximo.
Jovens ambientalistas planejam manifestar sua indignação
vestindo fantasias "impressionantemente realistas" em passeata nos
Alpes. O protesto está marcado para esta terça-feira (27/06), segundo
anunciou a Organização Jovem de Proteção ao Meio Ambiente.
Na internet, estão à venda camisetas solidárias a Bruno. "Ninguém me
dá leite" é o que se lê em uma delas, que pode ser adquirida por 19,90
euros. Mas "JJ1 Bruno World Tour 2006" ainda é a frase favorita dos
consumidores.
O jogo online "Caça ao Bruno" se tornou febre. O usuário deve tentar
acertar o urso com uma arma virtual. A missão não é tão fácil quanto
parece – o cenário da floresta oferece ótimos esconderijos e é preciso
atenção para não cair em nenhuma armadilha.