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Passados 30 anos, poesia elegante de Antonioni segue intacta

19/06/2006

Jack Nicholson em cena de Profissão: Reporter


Bruno Porto

Há quem afirme que “Profissão: repórter”, de Michelangelo Antonioni, é o melhor filme de todos os tempos. Outras pessoas chamam a produção de marco do cinema dos anos 70. Jack Nicholson, protagonista desse clássico do cineasta italiano, define o longa-metragem de outra maneira.

— “Profissão: repórter” foi a maior aventura cinematográfica da minha vida — diz o ator numa das faixas de comentários que incrementam o DVD do filme que acaba de ser lançado no Brasil.

O longa não representou uma aventura memorável só para o ator americano. A crítica internacional e cinéfilos de todas as partes também foram conquistados pelo filme. Lançado em 1975, “Profissão: repórter” resistiu bravamente à passagem dos anos. A história do jornalista que decide trocar de identidade para tentar recuperar a paixão pela vida continua inquietante. Assim como as imagens captadas pela câmera elegante e original do diretor. As cenas que mostram Nicholson “voando” sobre Barcelona e a bela Maria Schneider en carando o passado no banco de trás de um conversível, por exemplo, seguem arrebatadoras.

Comentários de Nicholson são os melhores

O DVD do filme só traz dois extras. A faixa de comentários de Nicholson e uma outra a cargo do roteirista Mark Peploe e da jornalista Aurora Irvine. As duas têm propostas diferentes. Nicholson dá um depoimento pessoal, baseado em impressões suas. Já a outra faixa busca contextualizar o filme, ressaltando assim a sua importância histórica. Infelizmente, o DVD não oferece legendas de qualquer tipo para as duas faixas.

Os comentários de Nicholson são mais interessantes que os de Peploe e Irvine. O ator alterna tiradas bem-humoradas com lembranças que ajudam a entender melhor os objetivos de Antonioni. De quebra, Nicholson revela alguns dos segredos relacionados à realização do filme. Ele conta, por exemplo, como o cineasta filmou a famosa cena final, que dura sete minutos e não tem cortes.

“Profissão: repórter” tem alguns pontos em comum com “Blow-up: Depois daquele beijo” (1966), filme mais conhecido de Antonioni. Os dois usam premissas típicas de longas-metragens de suspense para tratar de temas (muito) mais amplos.

Em “Blow-up”, um fotógrafo flagra sem querer um crime. O acaso também age sobre a trama de “Profissão: repórter”. O filme começa mostrando uma incursão do jornalista David Locke (Nicholson) pelo deserto de um país africano. Ele tenta em vão localizar um grupo de rebeldes. Desanimado, Locke volta para o seu hotel e descobre que seu vizinho, um homem misterioso, está morto. Ele assume a identidade do sujeito e acaba se envolvendo com um grupo revolucionário.

Depois de vagar pela Inglaterra e pela Alemanha, Locke conhece uma jovem (Schneider) em Barcelona. Nicholson conta que a atriz gravou parte do longa dopada. Por causa de uma dor nas costas, ela precisou se entupir de analgésicos. Para o ator, nenhum filme atual chega aos pés de “Profissão: repórter”.

— Os filmes de hoje parecem videogames . O cinema de Antonioni está em outro nível — diz Nicholson.

Depois de assistir a “Profissão: repórter”, fica quase impossível discordar dele.

(© O Globo)


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