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Comitê britânico analisa ação para
conter efeitos do aquecimento global em Veneza |
13/06/2006
LONDRES -
Um convite para uma ação imediata para salvar Veneza chega do comitê
britânico para a preservação da cidade italina, "Venice in Peril"
(Veneza em Perigo), pelo qual a realização do Mose (um sistema para
proteger os habitantes de lagunas das cheias) já não pode ser adiada. "É
ridículo que se continue a discutir coisas já acertadas. Isso dissipa as
energias que deveriam ser canalizadas para decidir o próximo passo",
disse a presidente do Fundo, Anna Somers Cocks.
O futuro de Veneza é um tema que desde sempre apaixona os britânicos e o
debate foi retomado recentemente com a divulgação de um livro escrito
pelo economista John Kay ("The Truth About the Market"), que afirma que
Veneza pode ser salva só se for transformada em um parque temático
gerenciado "por uma empresa acostumada a lidar com entretenimento de
massas".
"Um argumento cínico que ignora o fato que na cidade continuam a viver
60 mil venezianos, ainda que pareçam ser cada vez mais negligenciados
pelas autoridades", comentou hoje o jornal The Independent.
Ao mesmo tempo em que há os que defendem a idéia de transformar Veneza
em uma espécie de Disneylândia, também há os que acreditam que ela
deveria ser deixada em paz até morrer, porque nada por ser feito para
salvá-la.
"Nada é eterno", escreveu ontem no Times a jornalista Rachel
Campbell-Johnston. "Um tempo Veneza foi protegida pelo ambiente aquático
mas agora as águas são a ameaça mais séria. Veneza está afundando em
média 10 centímetros por século desde que foi construída e não há
esperanças de que a situação vá melhorar. O aquecimento do planeta
acelera a elevação do nível do mar. A laguna está poluída pela
industrialização e repleta de sedimentos. Enquanto que na primeira
década do século XX a água alagava a Praça São Marcos (o ponto mais
baixo da cidade) menos de 10 vezes por ano, agora a inunda cerca de 60
vezes".
Ainda que as conclusões da jornalista do Times sejam no mínimo
drásticas, a ameaça da elevação do nível das águas à qual se refere no
texto, é levada muito a sério por diversos cientistas. Entre estes o
professor David King, consultor científico do governo britânico que será
o principal relator do convênio organizado para a próxima segunda-feira
na Royal Geographical Society de Londres do fundo "Veneza em perigo",
cujo título é "Já se gastou muito dinheiro para salvar Veneza".
Referindo-se às previsões da comissão de estudo britânica sobre as
mudanças do clima, presidida por King, pelas quais no curso do próximo
século o nível das águas subirá no mundo entre 9 e 88 centímetros, Anna
Somers Cocks evidenciou que entre o mínimo o máximo há uma diferença
enorme."Efetivamente ninguém sabe ao certo o quanto as águas subirão e
principalmente quais os efeitos disso sobre o Adriático. O Mose pode
suportar uma elevação de 16-25 centímetros. Isso talvez não manterá
Veneza segura para sempre, mas certamente lhe dará um tempo", disse.
(©
Ansa)
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