ANSA
ROMA - Passaram-se exatamente 60 anos desde que
Roma Cidade Aberta começou, no Festival de Cannes, a sua viagem
triunfal no mundo do cinema com o rótulo de obra-prima absoluta e um
dos filmes fundadores do neo-realismo italiano. Também se comemoram os
100 anos do nascimento do seu criador, Roberto Rossellini, que ainda
na Croisette, em 1977, poucas semanas antes de sua morte, envolveu o
festival com a sua vitalidade criativa e, como presidente do júri,
entregou a Palma de Ouro para Pai Patrão, dos irmãos Paolo e
Vittorio Taviani.
Pensando nestas celebrações, o diretor do Festival de Cannes,
Thierry Fremaux, programou uma homenagem especial ao pai do
neo-realismo que culminou com a apresentação do documentário de Serge
July e Marie Genin C´era Uma Volta...Roma Città Aperta (Era
uma vez...Roma Cidade Aberta), que ocorreu ontem à noite na seção
Cannes Classics.
Na tela aparecem imagens dos locais onde o filme foi rodado e
depoimentos emocionados de personalidades da época que participaram da
produção, como Ingrid Bergman e Isabela Rossellini.
Entre as surpresas que o filme revela está a idéia pragmática que o
próprio Rossellini tinha do movimento neo-realista. "Tratava-se de nos
libertarmos dos vínculos de um cinema sobrecarregado de obrigações e
ritos inúteis para sair ao ar livre e explorar novos modos de
comunicação. Com Roma, Cidade Aberta rompemos um muro, mas logo
compreendi que ainda se tratava de um compromisso e com Paisá
(1946) tentamos ser ainda mais radicais e explícitos".
O filme, rico de materiais raros e muitos certamente inéditos, foi
produzido no âmbito de um projeto da televisão francesa de uma série
de documentários dedicados ao cinema e pode ser considerada uma
produção fundamental para se conhecer, sob o ponto de vista francês,
um cineasta de grandeza absoluta.