Quatro grandes cidades italianas e a ilha da Sicília realizam eleições
nos próximos dias, dando ao líder da centro-direita, Silvio Berlusconi,
sua primeira chance de se vingar depois de ter sido derrotado por pouco
no pleito geral do mês passado.
"Vão e entrem em contato com seus maridos afastados, ex-mulheres,
antigos amantes e ex-namoradas para ter certeza de que eles vão votar",
afirmou Berlusconi em um comício realizado na cidade de Turim, que junto
com Milão, Roma e Nápoles vão eleger novos prefeitos.
"A esquerda está tomando conta de todas as instituições e isso é muito
assustador. Essa ocupação não reflete a vontade da maioria dos
italianos", disse o ex-primeiro-ministro a simpatizantes na noite de
quarta-feira.
Os eleitores devem comparecer às urnas no domingo e na segunda-feira em
mais de 1.260 cidades e vão eleger também um novo governador para a ilha
da Sicília.
O pleito oferece um teste precoce de popularidade para o novo
primeiro-ministro do país, Romano Prodi, depois de a coalizão de
centro-esquerda liderada por ele ter vencido as eleições parlamentares
de 9 e 10 de abril, as mais disputadas do pós-guerra, com uma pequena
margem de votos.
Berlusconi, que ainda contesta o resultado daquela votação, diz que,
segundo pesquisas de opinião de que dispõe, se o pleito geral fosse
realizado novamente agora, sua coalizão conquistaria 53 por cento dos
votos.
O resultado das eleições municipais parece que não será surpresa na rica
cidade de Milão, um reduto da centro-direita, ao mesmo tempo em que o
popular prefeito de Roma, Walter Veltroni (da centro-esquerda), tem tudo
para ser reeleito.
Na Sicília, o bloco de Prodi concorre com Rita Borsellino, irmã do juiz
antimáfia assassinado em 1992, mas a candidata não deve vencer na ilha,
onde os aliados de Berlusconi obtiveram vitórias expressivas no passado.
AMBIENTE ENVENENADO
Berlusconi espera tirar Turim e Nápoles das mãos da centro-esquerda. As
duas cidades são controladas hoje por prefeitos aliados de Prodi.
A vitória em Turim, a cidade do norte italiano onde fica a sede da Fiat,
daria forças às promessas do atual premiê de aproximar as regiões norte
e sul do país e minaria o discurso de Berlusconi de que a parte mais
rica e mais produtiva da Itália o apóia.
A centro-direita parece ter melhores chances de vitória na cidade de
Nápoles (sul), onde o próprio Berlusconi concorre a uma vaga na Câmara
dos Vereadores.
Nos locais em que nenhum candidato obtiver a maioria absoluta dos votos,
um segundo turno está previsto para acontecer nos dias 11 e 12 de junho.
A maratona eleitoral --os italianos votarão novamente em junho em um
plebiscito constitucional-- contribuiu para o clima de conflagração
aberta verificado no cenário político do país. Os dois blocos rivais têm
trocado acusações diariamente.
O novo chefe de Estado da Itália, Giorgio Napolitano, um ex-comunista
cuja nomeação enfureceu Berlusconi, disse em uma entrevista a uma
revista francesa que seu país nunca enfrentou "um tal clima de
confrontação, um momento de tanto ódio".
(©
Reuters) |