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Berlusconi busca vingança em eleições locais

26/05/2006

 

Quatro grandes cidades italianas e a ilha da Sicília realizam eleições nos próximos dias, dando ao líder da centro-direita, Silvio Berlusconi, sua primeira chance de se vingar depois de ter sido derrotado por pouco no pleito geral do mês passado.

"Vão e entrem em contato com seus maridos afastados, ex-mulheres, antigos amantes e ex-namoradas para ter certeza de que eles vão votar", afirmou Berlusconi em um comício realizado na cidade de Turim, que junto com Milão, Roma e Nápoles vão eleger novos prefeitos.

"A esquerda está tomando conta de todas as instituições e isso é muito assustador. Essa ocupação não reflete a vontade da maioria dos italianos", disse o ex-primeiro-ministro a simpatizantes na noite de quarta-feira.

Os eleitores devem comparecer às urnas no domingo e na segunda-feira em mais de 1.260 cidades e vão eleger também um novo governador para a ilha da Sicília.

O pleito oferece um teste precoce de popularidade para o novo primeiro-ministro do país, Romano Prodi, depois de a coalizão de centro-esquerda liderada por ele ter vencido as eleições parlamentares de 9 e 10 de abril, as mais disputadas do pós-guerra, com uma pequena margem de votos.

Berlusconi, que ainda contesta o resultado daquela votação, diz que, segundo pesquisas de opinião de que dispõe, se o pleito geral fosse realizado novamente agora, sua coalizão conquistaria 53 por cento dos votos.

O resultado das eleições municipais parece que não será surpresa na rica cidade de Milão, um reduto da centro-direita, ao mesmo tempo em que o popular prefeito de Roma, Walter Veltroni (da centro-esquerda), tem tudo para ser reeleito.

Na Sicília, o bloco de Prodi concorre com Rita Borsellino, irmã do juiz antimáfia assassinado em 1992, mas a candidata não deve vencer na ilha, onde os aliados de Berlusconi obtiveram vitórias expressivas no passado.

AMBIENTE ENVENENADO

Berlusconi espera tirar Turim e Nápoles das mãos da centro-esquerda. As duas cidades são controladas hoje por prefeitos aliados de Prodi.

A vitória em Turim, a cidade do norte italiano onde fica a sede da Fiat, daria forças às promessas do atual premiê de aproximar as regiões norte e sul do país e minaria o discurso de Berlusconi de que a parte mais rica e mais produtiva da Itália o apóia.

A centro-direita parece ter melhores chances de vitória na cidade de Nápoles (sul), onde o próprio Berlusconi concorre a uma vaga na Câmara dos Vereadores.

Nos locais em que nenhum candidato obtiver a maioria absoluta dos votos, um segundo turno está previsto para acontecer nos dias 11 e 12 de junho.

A maratona eleitoral --os italianos votarão novamente em junho em um plebiscito constitucional-- contribuiu para o clima de conflagração aberta verificado no cenário político do país. Os dois blocos rivais têm trocado acusações diariamente.

O novo chefe de Estado da Itália, Giorgio Napolitano, um ex-comunista cuja nomeação enfureceu Berlusconi, disse em uma entrevista a uma revista francesa que seu país nunca enfrentou "um tal clima de confrontação, um momento de tanto ódio".

(© Reuters)

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