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Novos ministros são
empossados |
Um mês após vencer as eleições gerais, o líder da União, Romano
Prodi, apresentou hoje seu novo Governo, formado por 25 ministros,
sendo seis mulheres, representantes dos 16 partidos que formam a
coalizão de centro-esquerda vitoriosa.
Prodi e os novos ministros tomarão posse hoje diante do novo
presidente da República, Giorgio Napolitano.
Mais tarde, farão o primeiro Conselho de Ministros no Palácio Chigi,
sede romana do Governo, até ontem ocupada pelo líder dos
conservadores, Silvio Berlusconi. Il Cavalieri se despediu com um
"arrivederci" (até logo), certo de que as próximas eleições lhe
devolverão o poder.
O novo Governo é a expressão dos principais partidos que formam a
União, afirmou Prodi, de 66 anos. Ele acredita que a equipe é
"homogênea e séria, e para toda a legislatura" (de cinco anos).
A maioria das pastas (nove) será entregue aos Democráticos de Esquerda
(DS, herdeiro do velho partido comunista PCI). A Margarida, segundo
grupo mais importante da União, formada por democrata-cristãos,
liberais, republicanos, socialistas, entre outros, controlará sete
ministérios.
O presidente dos DS e ex-chefe do Governo, Massimo D'Alema, foi
nomeado vice-presidente e ministro de Exteriores. O líder da
Margarida, Francesco Rutelli, também foi nomeado vice-presidente e
ministro de Cultura.
Os demais ministérios foram divididos entre o democrata-cristão Udeur;
o Itália dos Valores, partido fundado pelo ex-promotor símbolo da luta
contra a corrupção Antonio Di Pietro; o partido Refundação Comunista
(PRC), o Partido dos Comunistas Italianos (PDCI), os Verdes e o Rosa
no Punho, coalizão formada por socialistas e radicais.
O Ministério do Interior ficou para o ex-presidente do Governo, o
socialista Giuliano Amato. Já a pasta de Economia caberá ao economista
Tommaso Padoa Schioppa, que foi membro do comitê executivo do Banco
Central Europeu.
Em comparação com o Executivo de Berlusconi, que só tinha duas
mulheres em suas fileiras, o Governo Prodi avançou. Terá seis mulheres
com status de ministra, mas só uma comandará uma pasta. Livia Turco,
dos Democráticos de Esquerda, passará a dirigir o Ministério da Saúde.
A radical Emma Bonino, que visava o Ministério da Defesa, está entre
as mulheres no poder, mas sem pasta. Os comunistas do Refundação se
opuseram ferrenhamente à nomeação dela para o ministério porque Bonino
apoiou a intervenção no Iraque.
Observadores políticos indicaram hoje que o novo Executivo está
"desequilibrado" para a esquerda. Isso porque os partidos da esquerda,
especialmente os mais radicais (PRC e PDCI), tiveram resultados
melhores nas urnas que os moderados centristas.
Outro aspecto considerado por Prodi ao distribuir os ministérios foi,
de acordo com Piero Ostellino, do Corrieri della Sera, a necessidade
de recompensar o DS com um número "talvez excessivo" de ministros, por
não ter entregado a eles nem a Presidência da Câmara dos Deputados nem
a do Senado.
A Câmara é presidida por Fausto Bertinotti, da Refundação Comunista. O
Senado, pelo democrata-cristão Franco Marini, da Margarida.
O novo Executivo devolve a Prodi o Governo, que já ocupou entre 1996 e
1998. O Governo se apresentará ao Parlamento para pedir o voto de
confiança na quinta-feira.
Prodi também apresentará seu programa ao Senado, onde a União tem
apenas dois senadores a mais que os conservadores de Berlusconi. Caso
consiga o "sim" da Câmara alta, na segunda-feira pedirá a confiança da
Câmara, onde a centro-esquerda tem maioria absoluta.
Prodi disse hoje que não teme o Senado e que acredita na fidelidade
dos senadores de sua coalizão.
Uma vez obtida a confiança do Parlamento, Prodi colocará seu programa
em andamento. Ele pretende reforçar o papel da Itália na UE e
regenerar a economia. A primeira tarefa será o combate à evasão
fiscal, que chega a 200 bilhões de euros.
Prodi também anunciou uma reforma da Justiça, para torná-la mais ágil,
e uma retirada "rápida", mas combinada com Bagdá, das tropas italianas
no Iraque.
(©
Último
Segundo)
Os principais nomes do novo governo italiano
Presidente dos Democratas de
Esquerda, ex-membro do Partido Comunista italiano, Maximo d'Alema é o
novo vice-primeiro-ministro e chefe da diplomacia. Há semanas, retirou a
candidatura à liderança da Câmara dos Deputados para impedir fracturas
na coligação de esquerda e o seu nome circulou para a Presidência da
República.
O ex-jornalista, de 57 anos, já foi presidente do Conselho. A sua
passagem pela chefia do governo ficou marcada pela polémica decisão de
enviar tropas para o Kosovo. Agora terá de tratar o dossiê da retirada
do Iraque. Parte da coligação pede retirada imediata, mas o programa de
governo fala de progressiva.
O novo ministro do Interior é um próximo aliado de Romano Prodi.
Giuliano Amato, 68 anos, é um antigo membro do defunto Partido
Socialista italiano. Foi ministro do Tesouro e o último chefe do governo
de esquerda antes da chegada ao poder de Silvio Berlusconi. É conhecido
também como "Doutor Subtil" pela discrição e moderação e por ser um
fervoroso europeísta, que participou na redacção da Constituição
Europeia.
Quase desconhecido a nível político, Tommaso Padoa-Schioppa tem uma
grande reputação de técnico económico. O novo superministro de Economia
e Finanças terá a tarefa de tranquilizar Bruxelas e os mercados
financeiros sobre a capacidade de Itália a controlar as suas contas e a
dinamizar a economia. A seu favor tem a experiência no seio da Comissão
Europeia, Banco de Itália e Banco Central Europeu. Currículo que levou a
que, no final de 2005, o seu nome fosse apontado para a chefia do Banco
de Itália após escândalos.
A deputada italiana e eurodeputada Emma Bonino terá a seu cargo os
Assuntos Europeus. Deu sinais de ficar enraivecida depois de saber que
não ficava com a desejada pasta da Defesa. O seu campo de acção é,
sobretudo, europeu e internacional. De 1994 e 1999 foi comissária
europeia para o Consumo, Pescas e ECHO, o organismo europeu de ajuda
humanitária. No ano passado chefiou a missão de observadores europeus
nas eleições afegãs.
(©
EuroNews) |