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Deputado foi eleito com plataforma pelo
casamento gay |
Assimina Vlahou
em Roma
Um dos primeiros itens na pauta dos deputados recém-eleitos
na Itália é a criação de banheiros exclusivos para transexuais
no prédio da Câmara.
Na semana que vem, o novo Parlamento italiano elege
o Presidente da República que vai substituir Carlo Azeglio Ciampi, cujo
mandato termina no dia 18.
É um passo decisivo para a formação do novo
governo, que será chefiado por Romano Prodi.
Às vésperas dessas votações, porém, um problema
logístico ganhou a atenção da mídia e movimentou as salas do antigo
Palácio de Montecitorio, atual sede da Câmara.
Luxuria
O prédio projetado por Gianlorenzo Bernini em 1650,
a pedido do papa Inocencio X, passou por várias reformas ao longo dos
séculos, mas não dispõe de um banheiro para o deputado Vladimir Luxuria.
Eleito pelo partido Refundação Comunista, Vladimiro
Guadagno, de 41 anos, é mais conhecido como Vladimir Luxuria.
Ator, ativista político e organizador de
manifestações de grupos homossexuais, ele é o primeiro transexual a
fazer parte do Parlamento italiano.
"Normalmente, usamos o banheiro das mulheres porque
os homens ficam sem jeito", declarou à imprensa.
O próprio deputado se define como "transgênero",
uma pessoa que não é reconhecidamente nem do sexo masculino e nem do
feminino e que não se identifica com a definição de transexual, porque
não mudou de sexo com uma operação cirúrgica.
O deputado Lucio Barani, do Partido Socialista
italiano, afirma que as coisas devem ser mais claras: "transgêneros", em
sua opinião, não devem usar banheiro de homem, nem de mulher, mas ter o
seu próprio.
Protesto
Para protestar contra o uso do banheiro feminino
por parte de Luxuria, Barani enviou uma reclamação formal ao presidente
da Câmara dos Deputados, Fausto Bertinotti, ex-presidente do partido
Refundação Comunista.
Na carta, que definiu como sendo uma "questão
parlamentar urgente", Lucio Barani pede solução rápida ao problema.
"Visto que decidiu-se abrir a representação
parlamentar aos transgêneros, é preciso criar uma toalete específica,
eliminando uma barreira arquitetônica e um grave mal-estar psicológico",
argumenta na carta, divulgada pelo jornal Corriere della Sera.
Indignado pela reação ao problema, Vladimir Luxuria
disse não merecer o privilégio de ter um banheiro só para ele, o que
seria também uma forma de segregação.
"Há momentos difíceis e até constrangedores na vida
de um trans, como o uso de banheiros públicos", declarou o deputado.
Para ele, drag queens, transgêneros e transexuais devem usar os
banheiros das mulheres.
"Mas baixar o nível da política a este ponto é um
jeito de perder tempo e não se interessar pelos problemas das pessoas",
protestou.
A solução do caso depende do presidente da casa,
Fausto Bertinotti. É ele quem deve decidir se encaminha ou não o
problema ao setor administrativo.
Visite o site oficial de Vladimir Luxuria
(©
BBC
Brasil) |