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Visita: o papa João Paulo II
facilitou
a entrada de turistas, diminuindo as filas ao redor do Vaticano |
O complexo de museus comemora 500 anos com
exposições especiais
e aquisição de novas obras
Festa na casa de Bento XVI. Os 18 museus do Vaticano estão
completando 500 anos de existência. Ao longo de 2006 haverá shows,
inaugurações de novas alas e exposições especiais. O local mais
festejado é a Capela Sistina, inaugurada no século XVI pelo papa Sisto
IV, que exibe deslumbrantes afrescos de cenas bíblicas pintados por
renascentistas como Botticelli, Perugino e Michelangelo. Destino de
milhões de turistas todos os anos (gente de todas as religiões e também
ateus), a Capela Sistina é a maior atração do conjunto dos museus que
reúnem cerca de 30 mil obras – entre telas, esculturas, tapeçarias,
afrescos, documentos e objetos históricos.
Dois grandes eventos das comemorações estão bastante próximos no
tempo: no dia 27 deste mês será apresentada ao público a conclusão da
restauração dos afrescos do século XV da Sala dos Mistérios, construída
por encomenda de Alexandre VI (1492-1502) – aquele que entrou para a
história da Igreja Católica e dos papados com o nome de Bórgia, o papa
mais devasso e mundano de todos os tempos. No dia 16 de maio, a mostra
Laocoonte é outro destaque da programação.
A escultura Laocoonte, adquirida no século XVI, foi a obra
que deu início ao acervo e, para ter uma idéia do interesse que ela
desperta, somente no ano passado foi vista pelos 3,8 milhões de pessoas
que visitaram o Vaticano – ou seja, ninguém foi lá e deixou de vê-la. A
estátua fará parte de uma exposição especial na qual ficará cercada de
peças que museus de todo o mundo enviarão ao Vaticano. Essa escultura
representa o sacerdote troiano Laocoonte tentando salvar seus dois
filhos da serpente do mar, castigados pelos deuses Atena e Poseidon,
segundo a mitologia grega. A escultura foi encontrada em Roma por um
grupo de lavradores na região do Coliseu, em 1506. Foi o papa Julio II
(1503-1513) quem a comprou.
Julio II foi um dos grandes mecenas de Michelangelo e Rafael, e o seu
gosto pela arte era tanto que em seu
pontificado Roma foi transformada na capital do Renascimento. Embora
dois dos principais fundamentos do catolicismo sejam
a humildade e o desprendimento dos bens materiais, o papa fazia
questão de mostrar o seu poder e o poder da Igreja exibindo no pátio do
Palácio Belvedere as obras que colecionava – e
nunca disfarçou que sentia orgulho de saber que aquilo tudo valia muito
dinheiro.
Depois de adquirir o Laocoonte, Julio II reuniu as suas
esculturas clássicas (parte de um acervo particular) e organizou a
primeira exposição pública do Vaticano. Mas não são apenas as esculturas
gregas e as obras dos mestres renascentistas que compõem o acervo dos
museus. Há peças da arte egípcia expostas no piso inferior do Palácio
Belvedere, como a estátua da rainha Tuia, mãe de Ramsés II, trazida a
Roma pelo imperador Calígula. Ainda nesse museu, encontram-se o
sarcófago da rainha Hetep-heret-es e o túmulo de Iri, o guardião da
pirâmide de Quéops.
O Museu Gregoriano Etrusco é outro destaque, pois abriga estatuetas
de terracota e estátuas de bronze como o Marte de Todi. O
Brasil está na festa do meio milênio e marca presença no Vaticano. No
Museu Missionário-Etnológico há cerca de quatro mil peças provenientes
de tribos indígenas brasileiras levadas para Roma pelos primeiros
evangelizadores que pisaram nossas terras. Como cada papa sempre deixa a
sua marca estética nos acervos e vai reunindo obras, há também trabalhos
de artistas bem mais atuais.
Servem de exemplo as peças assinadas por Henry Moore, Paul Klee,
Georges Braque e Picasso, adquiridas em 1973 por Paulo VI. E também João
Paulo II deixou em 2000 o seu nome ligado aos museus, menos pela
aquisição de obras, mais pelas mudanças arquitetônicas – ele inaugurou
um nova porta de entrada para os turistas, facilitando-lhes o ingresso e
evitando a formação de longas filas. Agora é a vez de Bento XVI, o
anfitrião dos festejos dos 500 anos. Vaidade e bom gosto ele tem. Em
Roma, não há quem duvide que ele aumentará o acervo e enriquecerá em
beleza e estética todos os museus do Vaticano.
(©
ISTO É Online)
POR DENTRO DOS MUSEUS
3,8 milhões de pessoas visitaram os
museus do Vaticano no ano passado |
30 mil peças compõem o acervo total
dos museus |
6 km fazem o percurso total das
salas, aposentos, corredores e galerias |
40 milhões de euros foi a
arrecadação com ingressos em 2005 |
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Afresco de Michelangelo na Capela Sistina simboliza
o milagre da Criação |
Os ideais da beleza clássica masculina estão
sintetizados
em Apolo de Belvedere, cópia romana de uma escultura grega
do séc. IV a.C. |
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O Marte de Todi, escultura em bronze
do séc. V a.C., é o grande destaque
do Museu Etrusco, que tem também raras terracotas |
A estátua de Antínoo tem 2,40m de altura e foi feita
em mármore branco, no séc. I. A peça é um dos destaques do Museu
Egípcio |
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A deposição, de Caravaggio,exibe o
claro-escuro do mestre do Barroco italiano |
Laocoonte foi a primeira peça adquirida no
séc. XVI por Julio II. Simboliza a punição imposta pelos deuses |
(©
ISTO É Online) |