Retornar ao índice ItaliaOggi

Notizie d'Italia

 

Tesouros do Vaticano

15/04/2006

Visita: o papa João Paulo II facilitou
a entrada de turistas, diminuindo as filas ao redor do Vaticano

O complexo de museus comemora 500 anos com exposições especiais
e aquisição de novas obras

Festa na casa de Bento XVI. Os 18 museus do Vaticano estão completando 500 anos de existência. Ao longo de 2006 haverá shows, inaugurações de novas alas e exposições especiais. O local mais festejado é a Capela Sistina, inaugurada no século XVI pelo papa Sisto IV, que exibe deslumbrantes afrescos de cenas bíblicas pintados por renascentistas como Botticelli, Perugino e Michelangelo. Destino de milhões de turistas todos os anos (gente de todas as religiões e também ateus), a Capela Sistina é a maior atração do conjunto dos museus que reúnem cerca de 30 mil obras – entre telas, esculturas, tapeçarias, afrescos, documentos e objetos históricos.

Dois grandes eventos das comemorações estão bastante próximos no tempo: no dia 27 deste mês será apresentada ao público a conclusão da restauração dos afrescos do século XV da Sala dos Mistérios, construída por encomenda de Alexandre VI (1492-1502) – aquele que entrou para a história da Igreja Católica e dos papados com o nome de Bórgia, o papa mais devasso e mundano de todos os tempos. No dia 16 de maio, a mostra Laocoonte é outro destaque da programação.

A escultura Laocoonte, adquirida no século XVI, foi a obra que deu início ao acervo e, para ter uma idéia do interesse que ela desperta, somente no ano passado foi vista pelos 3,8 milhões de pessoas que visitaram o Vaticano – ou seja, ninguém foi lá e deixou de vê-la. A estátua fará parte de uma exposição especial na qual ficará cercada de peças que museus de todo o mundo enviarão ao Vaticano. Essa escultura representa o sacerdote troiano Laocoonte tentando salvar seus dois filhos da serpente do mar, castigados pelos deuses Atena e Poseidon, segundo a mitologia grega. A escultura foi encontrada em Roma por um grupo de lavradores na região do Coliseu, em 1506. Foi o papa Julio II (1503-1513) quem a comprou.

Julio II foi um dos grandes mecenas de Michelangelo e Rafael, e o seu gosto pela arte era tanto que em seu pontificado Roma foi transformada na capital do Renascimento. Embora dois dos principais fundamentos do catolicismo sejam a humildade e o desprendimento dos bens materiais, o papa fazia questão de mostrar o seu poder e o poder da Igreja exibindo no pátio do Palácio Belvedere as obras que colecionava – e nunca disfarçou que sentia orgulho de saber que aquilo tudo valia muito dinheiro.

Depois de adquirir o Laocoonte, Julio II reuniu as suas esculturas clássicas (parte de um acervo particular) e organizou a primeira exposição pública do Vaticano. Mas não são apenas as esculturas gregas e as obras dos mestres renascentistas que compõem o acervo dos museus. Há peças da arte egípcia expostas no piso inferior do Palácio Belvedere, como a estátua da rainha Tuia, mãe de Ramsés II, trazida a Roma pelo imperador Calígula. Ainda nesse museu, encontram-se o sarcófago da rainha Hetep-heret-es e o túmulo de Iri, o guardião da pirâmide de Quéops.

O Museu Gregoriano Etrusco é outro destaque, pois abriga estatuetas de terracota e estátuas de bronze como o Marte de Todi. O Brasil está na festa do meio milênio e marca presença no Vaticano. No Museu Missionário-Etnológico há cerca de quatro mil peças provenientes de tribos indígenas brasileiras levadas para Roma pelos primeiros evangelizadores que pisaram nossas terras. Como cada papa sempre deixa a sua marca estética nos acervos e vai reunindo obras, há também trabalhos de artistas bem mais atuais.

Servem de exemplo as peças assinadas por Henry Moore, Paul Klee, Georges Braque e Picasso, adquiridas em 1973 por Paulo VI. E também João Paulo II deixou em 2000 o seu nome ligado aos museus, menos pela aquisição de obras, mais pelas mudanças arquitetônicas – ele inaugurou um nova porta de entrada para os turistas, facilitando-lhes o ingresso e evitando a formação de longas filas. Agora é a vez de Bento XVI, o anfitrião dos festejos dos 500 anos. Vaidade e bom gosto ele tem. Em Roma, não há quem duvide que ele aumentará o acervo e enriquecerá em beleza e estética todos os museus do Vaticano.

(© ISTO É Online)


POR DENTRO DOS MUSEUS

3,8 milhões de pessoas visitaram os museus do Vaticano no ano passado
30 mil peças compõem o acervo total dos museus
6 km fazem o percurso total das salas, aposentos, corredores e galerias
40 milhões de euros foi a arrecadação com ingressos em 2005
   
Afresco de Michelangelo na Capela Sistina simboliza o milagre da Criação Os ideais da beleza clássica masculina estão sintetizados
em Apolo de Belvedere, cópia romana de uma escultura grega do séc. IV a.C.
O Marte de Todi, escultura em bronze
do séc. V a.C., é o grande destaque
do Museu Etrusco, que tem também raras terracotas
A estátua de Antínoo tem 2,40m de altura e foi feita em mármore branco, no séc. I. A peça é um dos destaques do Museu Egípcio
A deposição, de Caravaggio,exibe o claro-escuro do mestre do Barroco italiano Laocoonte foi a primeira peça adquirida no séc. XVI por Julio II. Simboliza a punição imposta pelos deuses

(© ISTO É Online)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

 

Itália hoje

Procure notícias online sobre a Itália nos principais jornais do Brasil.

Clique Aqui --

Notícias online na Itália
Notizie d'Italia | Gastronomia | Migrazioni | Cidadania | Home ItaliaOggi

© 1999-2003 ItaliaOggi.com.br