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Chefe da máfia siciliana transferido para a prisão de Terni

13/04/2006

Bernardo Provenzano levado à prisão de Terni


   Bernardo Provenzano, o chefe da máfia siciliana preso ontem, foi transferido durante a noite da prisão Ucciardone, em Palermo, para a prisão da cidade de Terni. O mafioso está sendo vigiado 24 horas por câmeras, e se encontra agora em uma área reservada da prisão, submetido a um regime de isolamento contínuo.

    Os investigadores encontraram algumas cartas ontem, no esconderijo de Provenzano, e seu conteúdo foi analisado durante toda a noite pelo procurador adjunto Giuseppe Pignatone e pelas procuradoras Michele Prestipino e Marzia Sabella.

    Trata-se de mensagens vindas de diversas regiões da Sicília por parte dos chefes da máfia local, que fazem várias referências aos diversos assuntos que interessam à organização mafiosa.

    As cartas contêm várias referências a pessoas que até agora não haviam sido cogitadas para investigação por parte do judiciário.

    O diretor do Serviço Central Operacional (SCO) da Direção Central Anticrime (DAC, na sigla em italiano), Gilberto Calderozzi, afirmou em uma transmissão feita de Milão para o programa "Tutte le mattine", da rede Canal 5, que "Bernardo Provenzano não demonstrou querer falar", e que tem se comportado de forma bastante digna desde sua prisão.

    O correspondente do jornal La Stampa, Francesco La Licata, presente à transmissão junto com o diretor do SCO, disse que "a máfia deve ter contemplado a possibilidade da prisão, e que já deve ter idéias para o sucessor".

    Em particular, fala-se de Salvatore Lo Piccolo, caso a "Cosa Nostra" queira continuar com a política de mediações promovida por Provenzano, e do jovem Matteo Messina Denaro, se em vez disso a organização quiser voltar a utilizar a força.

    Três supostos criminosos foram presos na manhã de hoje pela polícia em Corleone. Eles fariam parte da rede de "carteiros" encarregados de entregar a correspondência de Provenzano.

    Os acusados são Calogero e Giuseppe Lo Bue, pai e filho, e o pastor Bernardo Riina.

    Giuseppe Lo Bue, de 36 anos, é representante de aspiradores e colega de trabalho de Angelo Provenzano, o filho do chefe da assim chamada "Cosa Nostra", a máfia siciliana.

    Angelo Provenzano vive em Corleone com a mãe, Saveria Benedetta Palazzolo.

    As investigações continuam na pequena casa onde Provenzano foi preso ontem. (ANSA)

(© ANSA)


Itália anuncia a prisão do chefão da Cosa Nostra

O homem mais procurado da Itália, o principal chefe da 'Cosa Nostra', a máfia siciliana, Bernardo Provenzano, foi preso na cidade de Corleone, perto de Palermo, na Sicília, informaram fontes judiciais nesta terça-feira.

O misterioso "capo máximo", fugitivo desde 1963, foi preso por policiais italianos, confirmaram o procurador adjunto Giuseppe Pignatone e dois juízes do departamento antimáfia. Provenzano, de 72 anos, considerado o rei das atividades da máfia italiana, é acusado de ter planejado, em 1992, os assassinatos dos dois juízes símbolos da operação 'Mãos Limpas', Giovanni Falcone e Paolo Borsellino. O rosto e a voz não eram conhecidos para as autoridades italianas, que o perseguiam há mais de 40 anos.

O "chefão", que deixou de ser um fantasma para o mundo depois que as autoridades traçaram, no ano passado, seu primeiro retrato-falado, não opôs resistência à prisão.

O mafioso siciliano se tornou o poderoso chefão da 'Cosa Nostra' em janeiro de 1993, depois da prisão de Toto Riina, o antigo líder da máfia conhecido como "A Besta".

A data da prisão não foi divulgada, mas a agência Ansa anunciou que ele já foi submetido a exames de DNA que comprovaram a identidade. Provenzano foi transferido para um local secreto.

Pignatone e os outros juízes qualificaram a prisão de uma "vitória muito importante".

"Isto significa que o atual chefe da Cosa Nostra vai enfrentar a justiça e também se encerra um período de busca que durou muito tempo", afirmaram os juízes citados pela Ansa.

Provenzano viveu escondido por mais da metade de sua vida.

Condenado seis vezes à prisão perpétua, a última fotografia disponível que a polícia tinha dele datava de 1959, mas, com a passagem do tempo, ficou muito difícil identificá-lo.

Apesar de a prisão de praticamente todos os seus cúmplices, as autoridades italianas acreditam que Provenzano ainda administrava as atividades da organização criminosa e que havia transformado a Cosa Nostra em algo muito mais secreto e difícil de combater.

Apelidado de 'O Trator' por causa da força que tinha para acabar com as vidas alheias, a gravação de sua voz, em 2005, provavelmente contribuiu para sua prisão e permitiu que a polícia não fizesse uma nova confusão, como aconteceu há dois anos, quando um bombeiro de Roma parecido com o mafioso foi detido.

Acostumado a andar sigilosamente há 42 anos por quase toda a Sicília, ele comandou a sangrenta guerra contra o Estado nos anos 90.

Invisível e camaleônico, o herdeiro de Toto Riina, chefe supremo da organização nos anos 80, não terá tempo para cumprir as várias condenações por causa da idade avançada.

Protegido pelo princípio da 'omertà' (a lei do silêncio: ninguém viu ou escutou nada), dom Bernardo era o principal fugitivo da história do Ocidente e provavelmente o último chefão de uma estirpe arrasada pela chegada de uma nova máfia, a recém-batizada Cosa Nuova.

(© UOL Notícias)

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