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Museu do Pão em Ilópolis ganha prêmios de arquitetura

20/01/2009

Foto: ArcoWeb

A passarela forma um passeio arquitetônico e interliga os pavilhões
 

Conjunto também chama a atenção de crítico espanhol por unir desenho contemporâneo a moinho de 1930 restaurado

Em Ilópolis, cidade de 4.000 habitantes no vale do Taquari, museu é dedicado ao pão

MARIO GIOIA
ENVIADO ESPECIAL A ILÓPOLIS (RS)

Uma arquitetura projetada para a experiência dos sentidos. Assim o espanhol Josep Maria Montaner, um dos principais críticos de arquitetura do mundo, sintetiza as qualidades do Museu do Pão.

Localizado em Ilópolis, cidade pouco conhecida do interior gaúcho, o prédio de pequenas proporções, em concreto e vidro, é ligado a um moinho de madeira inaugurado em 1930 e que estava em situação de abandono, mas que foi recuperado -o conjunto foi entregue no ano passado. As linhas contemporâneas do novo edifício, junto com a antiga construção, renovada, deram um novo perfil à área central da cidade de 4.000 habitantes, com fortes traços de colonização italiana e situada no vale do Taquari, a 189 km de Porto Alegre.

Não só Montaner, no jornal espanhol "La Vanguardia", faz elogios ao projeto do escritório paulistano Brasil Arquitetura.

Em âmbito nacional, o museu começa a ganhar reconhecimento, exemplificado em dois prêmios importantes dados no final do ano passado: o Prêmio Rino Levi, conferido pela seção São Paulo do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil), e o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, promovido pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), na categoria preservação de bens móveis e imóveis.

"As premiações por aqui e os textos publicados no exterior nos surpreenderam. Desenvolvemos bem o projeto, que é simples, mas o reconhecimento veio mais rapidamente do que era pensado", conta o arquiteto Marcelo Ferraz, que assina o projeto junto de Francisco Fanucci e Anselmo Turazzi.

Ferraz conheceu a região em 2003 e se impressionou com os moinhos espalhados por Ilópolis e pelas cidades vizinhas de Arvorezinha, Anta Gorda e Putinga. "Quando foram feitos, eram construções que representavam a técnica mais avançada. E, mesmo em situação de abandono, a população tinha grande ligação com eles. Por isso, escolhemos um projeto contemporâneo para marcar essa recuperação", afirma ele.

Em 2005, um dos moinhos, o Colognese, começou a ser recuperado. "Estava completamente degradado e à venda. Foi salvo da destruição por pouco", diz o arquiteto, que conseguiu que a Fundação Nestlé bancasse a reforma de R$ 600 mil.

Estudantes da cidade receberam capacitação para atuar na obra, em uma parceria da Associação dos Amigos dos Moinhos do Alto Vale do Taquari com o Instituto Ítalo Latino-Americano, vinculado ao Ministério da Cultura italiano.

Museu vivo

Ferraz acredita que o êxito do projeto está no envolvimento da população local com o museu. "Imaginamos um museu vivo, não pode se ater somente à exposição. Então, criamos uma oficina de panificação, que é o coração do museu." O conjunto reúne um módulo de concreto e vidro, que é "descolado" do chão, integrando um espaço com objetos e instrumentos usados nos moinhos, painéis sobre a história dos prédios e um pequeno auditório. "A italianada estranhou no começo. Era uma estrutura muito nova para a cidade. Mas agora já virou ponto turístico", conta Ismael Rosset, funcionário da instituição. A oficina se localiza em uma nova estrutura retangular, ligada ao antigo moinho, onde deve ser inaugurado em março um café e uma loja. Os equipamentos de moagem funcionam normalmente e são ativados a pedido dos visitantes.

(© Folha de S. Paulo)

 


Na serra gaúcha, moinhos dos anos 1920 voltam a funcionar e inspiram um novo circuito cultural

Por Julio Bezerra

Ele está entre nós há 12 mil anos. É sinônimo de vida e trabalho, comida para o corpo e para a alma, parte importante da religião de muitos povos. Dizem que é o alimento mais antigo e popular da humanidade. Afinal, quem não gosta de um pãozinho?

Foram os italianos que expandiram a panificação no Brasil, no início do século XX. No Vale do Taquari, Rio Grande do Sul, construíram moinhos engenhosos para a produção do trigo, ingrediente básico não só do pão, como da sagrada massa diária.

“A história dos moinhos no Brasil é longa, doida e plena de mistérios”, avisa Manuel Touguinha. Ele coordena o projeto juntamente com a Associação dos Amigos dos Moinhos do Alto do Vale do Taquari, que é a principal responsável pela valorização desse patrimônio na região. Tudo começou em 1998, quando recebeu a visita de uma amiga, a professora e ambientalista Judith Cortezão. Andando pela pequena Ilópolis, na serra gaúcha, ela se deparou com moinhos abandonados e ficou fascinada. Nascia ali a idéia de criar uma entidade para recuperar aquela história. (Veja roteiro organizado para visitação em www.amturvales.com.br)

Depois de muito trabalho, a Associação começa a tirar resultados do forno. No ano passado foi inaugurado um conjunto arquitetônico formado pelo antigo Moinho Colonial Colognese, devidamente restaurado, junto ao qual foram construídos um Museu do Pão e uma escola de panificação. Projetado pelos arquitetos Marcelo Ferraz e Francisco Fanucchi, o conjunto impressiona por unir preservação histórica e ousadia nos traços e nos materiais utilizados. O Museu abriga exposições sobre o alimento, contando, por meio de painéis, sua história milenar. Tem sala de projeção (a única da cidade) e uma videoteca de 200 títulos do mundo inteiro – todos, de alguma maneira, relacionados com o pão.

A expectativa agora é que mais moinhos sejam revitalizados, criando um circuito de visitação no vale: o Caminho dos Moinhos. Quatro deles já estão funcionando. Dois ainda precisam de restauro, mas produzem farinha. E a Associação anuncia a finalização de um projeto para o Castaman, moinho onde querem instalar um braço do Museu do Pão, construir uma pousada e uma bodega e restaurar a casa dos proprietários – outra jóia arquitetônica. “Se tudo correr bem, passaremos o ano de 2009 em obras. Com mais esse moinho, o Caminho se estabelece forte e irreversivelmente”, espera Marcelo Ferraz.

Eles já têm motivos para comemorar. Depois de décadas de abandono, os moinhos voltam a fazer parte do dia-a-dia das comunidades. Conquista que rendeu até reconhecimento nacional: o Conjunto Arquitetônico Museu do Pão levou o Prêmio Rodrigo Mello Franco, do Iphan, em 2008, na categoria “Preservação de Bens Móveis e Imóveis”.

Artigo publicado na Revista de Historia da Biblioteca Nacional, Edição n.40 – Janeiro de 2009

Veja mais sobre os encantos do Caminho dos Moinhos no site www.caminhodosmoinhos.com.br

(© Ilópolis-RS)

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