Até o próximo dia 25 ainda será possível
verificar as impressões que o fotógrafo italiano Roberto Cavanna
teve da tradicional festa que ocorre em Arles, na França, desde
1903: La Fête Du Costume. Em 26 imagens digitais, registradas em
2007, Cavanna revela no Rio de Janeiro suas impressões e seu olhar
sobre o evento que, a cada primeiro domingo de julho, leva os
moradores da cidade a saírem com vestimentas antigas, herdadas da
família, realizando um autêntico desfile de época pelas ruas da
cidade, com direito inclusive a escolha de rainhas.A exposição
Arles nos tempos de Van Gogh, no Centro Cultural da Justiça Federal
(avenida Rio Branco, 241, centro – telefone 32612565), tem entrada
gratuita e é a primeira exposição do italiano completamente
digitalizada. Essa é a segunda fez que Cavanna expõe no Brasil.
Anteriormente, apresentou trabalhos no Museu de Arte de São Paulo.
Cavanna, que tem entre os seus mais diletos fãs e amigo Millor
Fernandes, destaca que ficou impressionado com o fato de o evento de
Arles não ter perdido a força depois de 105 anos. Começou a partir
de uma iniciativa do prêmio Nobel de Literatura Frédéric Mistral e
tem a peculiaridade de acontecer em uma localidade onde o pintor Van
Gogh ter realizado um dos seus quadros mais famosos – Quarto em
Arles, de 1888.
Frédéric Mistral, preocupado pela permanência do habit
d'Arlésienne (traje de Arles) quis tornar oficial tal tradição e
fazer de maneira que o vestido de «dame» senhora) não ficasse só um
símbolo, mas também uma honra e um acontecimento. Todas as garotas
da cidade foram convidadas a colocar uma fita e um vestido, símbolo
da passagem a sua idade adulta (até quinze anos elas podiam colocar
só o traje tradicional).
Em 1903, 18 garotas responderam ao seu pedido. Em 1904 as garotas
que participaram do evento chegaram a 350 e a festa em julho no
Théâtre Antique de Arles se tornou uma tradição. As garotas que, de
fato, teriam colocados a fita e o vestido na última festa «Festo
Vierginenco» seriam apresentadas no Théâtre Antique.
A Cada três anos é apresentada diante do povo provençal a nova
rainha, que fica no trono durante três anos. A última Rainha foi
coroada em 2008. Nesta ocasião a nova Rainha faz um discurso
respondendo ao da Rainha que deixa as suas funções.
Cavanna
Italiano de nascimento e universal por existência. Dessa forma
Millor Fernandes exalta Cavanna, que nasceu em Roma em 1927.
Fotografa desde os treze anos e ele mesmo revelava e imprimia suas
fotografias. Em junho de 1944, após a entrada do exército aliado,
recebeu da Pontifícia Comissão de Assistência aos Prófugos, a tarefa
de documentar as condições de vida dos refugiados de guerra. Entre
as milhares de imagens que ele produziu, muitas apareceram na
imprensa italiana e estrangeira e foram expostas no Palazzo Venezia
em Roma.
Em outubro de 1978 o Museu Italo-Americano de San Francisco
(USA) apresentou uma ampla seleção retrospectiva daquela produção
de1944. Este “corpus” fotográfico circulou por mais de dez anos em
diferentes países por iniciativa dos Institutos Italianos de
Cultura. A rede de televisão da Itália dedicou a esta exposição um
programa sobre fotografias de época.
Sua atividade de fotógrafo se desenvolveu paralelamente a de
pesquisador científico. Após várias experiências de estilos e
técnicas em 35 mm realizou diferentes serviços de moda e portfólio
para atores e atrizes além de pesquisas pessoais no campo do retrato
psicológico, passando ao médio e grande formato.
Em 1964 se transferiu para os Estados Unidos e viveu quatro anos
em Nova Yorque se dedicando sobretudo ao retrato, às figuras e à
paisagem. De 1964 a 1970 viveu em São Francisco onde desenvolveu um
interesse mais específico pelo tema da condição feminina realizando
uma grande variedade de interpretações. Em 1972-73 viveu no México
realizando pesquisas científicas. Em 1975 viajou a trabalho para a
China e gravou através da fotografia suas impressões sobre o país.
Em 1977 convidado pela galeria-coopérativa “Vid Tyska Brunn” de
Estocolma (Suecia) montou uma ampla mostra pessoal em preto e branco
e a cores com o título: “Fotografia como imagem e como forma”.
No mesmo ano em Paris realizou um serviço fotográfico
documentando o parto sem violência. O resultado é uma série de
imagens em preto e branco, feita com pouquissima luz para não
interferir na serenidade do evento.
Em 1978, na Califórnia, trabalhou sobre um tema relacionado às
interpretações do mundo vegetal com slides a cores revelados e
impressos por ele mesmo em Cibachrome professional. Tais imagens
fizeram parte de uma mostra individual no Museu de Arte de São Paulo
(Brasil)
Em 1984 iníciou um novo projeto juntando os dois temas: o mundo
vegetal e a mulher, tema de uma exposição, em 1989, na Galeria
Giulia em Roma.
Nos anos seguintes Cavanna se concentrou num novo tema
relacionado sempre com a mulher e o ambiente: mãe-terra e terra-mãe.
Em outubro de 1995 apresentou, em ocasião do Mês da Fotografia em
Quito, na Galeria Art Fórum, 75 imagens com os corpos em tamanho
natural.
Em 1994, Roberto Cavanna foi convidado para fazer um curso de
fotografia sobre a mulhe,r no âmbito do 25º aniversário das
Rencontres Internationales de la Photographie em Arles, na França.
Em março de 1995 Cavanna foi convidado para fazer um seminário sobre
os aspectos científicos e éticos da fotografia na Universidade de
Roma Tre no curso de Aperfeiçoamento em Educação Estética da
faculdade de Pedagogia.
Roberto Cavanna está atualmente engajado em elaborar, arquivar,
classificar e imprimir em computador suas imagens mais
significativas para uma importante retrospectiva.