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Cavanna, italiano de nascimento, revela seu olhar sob La Fête Du Costum

13/01/2009

Foto: Divulgação

Exposição de Roberto Cavanna, um dos mais importantes fotógrafos da atualidade, pode ser visitada no Rio de Janeiro até o dia 25
 

Até o próximo dia 25 ainda será  possível  verificar as impressões que o fotógrafo italiano Roberto Cavanna teve da tradicional festa que ocorre em Arles, na França, desde 1903: La Fête Du Costume. Em 26 imagens digitais, registradas em 2007, Cavanna revela  no Rio de Janeiro suas impressões e seu olhar sobre o evento que, a cada primeiro domingo de julho, leva os moradores da cidade a saírem com vestimentas antigas, herdadas da família, realizando um autêntico desfile de época pelas ruas da cidade, com direito inclusive a escolha de rainhas.

A exposição Arles nos tempos de Van Gogh, no Centro Cultural da Justiça Federal (avenida Rio Branco, 241, centro – telefone 32612565), tem entrada gratuita e é a primeira exposição do italiano completamente digitalizada. Essa é a segunda fez que Cavanna expõe no Brasil. Anteriormente, apresentou trabalhos no Museu de Arte de São Paulo.

Cavanna, que tem entre os seus mais diletos fãs  e amigo Millor Fernandes, destaca que ficou impressionado com o fato de o evento de Arles não ter perdido a força depois de 105 anos. Começou a partir de uma iniciativa do prêmio Nobel de Literatura Frédéric Mistral e tem a peculiaridade de acontecer em uma localidade onde o pintor Van Gogh ter realizado um dos seus quadros mais famosos – Quarto em Arles, de 1888.

 Frédéric Mistral, preocupado pela permanência do  habit d'Arlésienne (traje de Arles)  quis tornar oficial tal tradição e fazer de maneira que o vestido de «dame» senhora) não ficasse só um símbolo, mas também uma honra e um acontecimento. Todas as garotas da cidade foram convidadas a colocar uma fita e um vestido, símbolo da passagem a sua idade adulta (até quinze anos elas podiam colocar só o traje tradicional).

Em 1903, 18 garotas responderam ao seu pedido. Em 1904 as garotas que participaram do evento chegaram a 350 e a festa em julho no Théâtre Antique de Arles se tornou uma tradição. As garotas que, de fato, teriam colocados a fita e o vestido na última festa «Festo Vierginenco» seriam apresentadas no Théâtre Antique.

A Cada três anos é apresentada diante do povo provençal a nova rainha,  que fica no trono durante três anos. A última Rainha foi coroada em 2008. Nesta ocasião a nova Rainha faz um discurso respondendo ao da Rainha que deixa as suas funções.

Cavanna

Italiano de nascimento e universal por existência. Dessa forma Millor Fernandes exalta Cavanna, que nasceu em Roma em 1927. Fotografa desde os treze anos e ele mesmo revelava e imprimia suas fotografias. Em junho de 1944, após a entrada do exército aliado, recebeu da Pontifícia Comissão de Assistência aos Prófugos, a tarefa de documentar as condições de vida dos refugiados de guerra. Entre as milhares de imagens que ele produziu, muitas apareceram na imprensa italiana e estrangeira e foram expostas no Palazzo Venezia em Roma.

  Em outubro de 1978 o Museu Italo-Americano de San Francisco (USA) apresentou uma ampla seleção retrospectiva daquela produção de1944. Este “corpus” fotográfico circulou por mais de dez anos em diferentes países por iniciativa dos Institutos Italianos de Cultura.  A rede de televisão da Itália dedicou a esta exposição um programa sobre fotografias de época. 

Sua atividade de fotógrafo se desenvolveu paralelamente a de pesquisador científico. Após várias experiências de estilos e técnicas em 35 mm realizou diferentes serviços de moda e portfólio para atores e atrizes além de pesquisas pessoais no campo do retrato psicológico, passando ao médio e grande formato.

Em 1964 se transferiu para os Estados Unidos e viveu quatro anos em Nova Yorque se dedicando sobretudo ao retrato, às figuras e à paisagem. De 1964 a 1970 viveu em São Francisco onde desenvolveu um interesse mais específico pelo tema da condição feminina realizando uma grande variedade de interpretações. Em 1972-73 viveu no México realizando pesquisas científicas.  Em 1975 viajou a trabalho para a China e gravou através da fotografia suas impressões sobre o país. Em 1977 convidado pela galeria-coopérativa “Vid Tyska Brunn” de Estocolma (Suecia) montou uma ampla mostra pessoal em preto e branco e a cores com o título: “Fotografia como imagem e como forma”.

No mesmo ano em Paris realizou um serviço fotográfico documentando o parto sem violência. O resultado é uma série de imagens em preto e branco, feita com pouquissima luz para  não interferir na serenidade do evento.

Em 1978, na Califórnia, trabalhou sobre um tema relacionado às interpretações do mundo vegetal com slides a cores revelados e impressos por ele mesmo em Cibachrome professional. Tais imagens fizeram parte de uma mostra individual no Museu de Arte de São Paulo (Brasil)

Em 1984 iníciou um novo projeto juntando os dois temas: o mundo vegetal e a mulher, tema de uma exposição, em 1989, na Galeria Giulia  em Roma.

Nos anos seguintes Cavanna se concentrou num novo tema relacionado sempre com a mulher e o ambiente: mãe-terra e terra-mãe. Em outubro de 1995 apresentou, em ocasião do Mês da Fotografia em Quito, na Galeria Art Fórum, 75 imagens com os corpos em tamanho natural.

Em 1994, Roberto Cavanna foi convidado para fazer um curso de fotografia sobre a mulhe,r no âmbito do 25º aniversário das Rencontres Internationales de la Photographie em Arles, na França.  Em março de 1995 Cavanna foi convidado para fazer um seminário sobre os aspectos científicos e éticos da fotografia na Universidade de Roma Tre no curso de Aperfeiçoamento em Educação Estética da faculdade de Pedagogia.

Roberto Cavanna está atualmente engajado em elaborar, arquivar, classificar e imprimir em computador suas imagens mais significativas para uma importante retrospectiva.

(© Oriundi)

 

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