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Antonio Negri integra grupo de pensadores da UFBA

13/01/2009

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O escritor e filósofo italiano Antonio Negri é o novo integrante do grupo internacional de pensadores que vai debater sobre a UFBA e seu projeto Universidade Nova, em 2009. Negri foi convidado pelo reitor Naomar de Almeida Filho, para integrar o grupo ao lado de pensadores como Ângela Davis, Renato Janine Ribeiro, Boaventura Santos, Michel Maffesoli e Alain Coulon. Negri aceitou o convite dizendo-se “honrado”.

Autor de “Império”, poderoso manifesto anti-globalização, Toni Negri visitou a UFBA no final de dezemnbro passado, aproveitando sua passagem de férias por Salvador. O reitor também interrompeu suas férias no período para receber o visitante, homem de postura simples considerado um dos principais filósofos políticos marxistas italianos. Iconoclasta e desdenhoso em relação ao pós-modernismo, Negri tem forte militância política anos 60 e 70.

Preso várias vezes na Itália sob suspeita de ser o ideólogo das Brigadas Vermelhas, conseguiu provar inocência sobre quase todas as acusações. Mesmo assim foi condenado a longa pena em um controverso processo de subversão contra o Estado italiano. Atualmente Toni Negri vive em Veneza e divide seu tempo entre Roma e Paris, onde faz seminários no Colégio Internacional de Filosofia e na Universidade Paris I. Além de “Império”, escreveu “Multidão”, na seqüência de críticas ao processo de globalização.

Crítico do pós-modernismo

Antonio Negri, também conhecido como Toni Negri,  nasceu Padova, no primeiro dia dede agosto de 1933). Tradutor dos escritos de Filosofia do Direito de Hegel, especialista em Descartes, Kant, Espinosa, Leopardi, Marx e Dilthey, tornou-se conhecido no meio universitário sobretudo por seu trabalho sobre Espinosa, mas sua atividade acadêmica sempre foi intimamente ligada à atividade política. 

Negri ganhou notoriedade internacional nos primeiros anos do século XXI, após o lançamento do livro Império - que se tornou um manifesto do movimento anti-globalização - e sua sequência, Multidão, ambos escritos em co-autoria com seu ex-aluno Michael Hardt.

Graduou-se em Filosofia na Universidade de Pádua, onde foi aluno brilhante e, inserindo-se no ambiente goliardesco, dirigiu o jornal dos estudantes da universidade il Bo [1]. Em 1955 apresentou sua tese de graduação "Lo storicismo tedesco da Dilthey a Weber" ("O historicismo alemão de Dilthey a Weber").

Em 1956, foi-lhe concedida uma bolsa de estudos do Istituto Italiano per gli Studi Storici (Instituto Italiano de Estudos Históricos). Posteriormente, foi nomeado assistente do diretor da faculdade e, em 1967, obteve a cátedra de Teoria do Estado, sempre na Universidade de Pádua, onde também dirigiu o Instituto de Ciências Políticas.

Iniciou sua militância política nos anos 1950 como ativista da Gioventú Italiana di Azione Cattolica (GIAC) ("Juventude Italiana de Ação Católica"), organização ligada à Ação Católica. Foi membro da Internacional Socialista, de 1956 a 1963.

No início dos anos 1960, Negri compôs o comitê editorial dos Quaderni Rossi ("Cadernos Vermelhos"), jornal que representava o renascimento intelectual do Marxismo na Itália, fora da esfera de controle do Partido Comunista Italiano.

Foi também um dos fundadores do Potere Operaio ("Poder Operário"), em 1969, e do movimento denominado operaismo. O Potere Operaio se desfez em 1973, dando lugar à Autonomia Operaia, também liderado por Negri.

Escreveu vários trabalhos com muitos outros "autonomistas" famosos, tais como Raniero Panzieri, Mario Tronti, Sergio Bologna e Franco Berardi, ligados a movimentos dos trabalhadores italianos, estudantes e feministas dos anos 1960 e 1970.

Durante seu exílio na França, foi professor das Universidades de Paris VII (Denis Diderot) e VIII (Vincennes–Saint-Denis). Também lecionou na École normale supérieure, na Universidade Européia de Filosofia e no Collège international de philosophie, onde também eram docentes Jacques Derrida, Michel Foucault e Gilles Deleuze.

Prisão e exílio

Em 7 de abril de 1979 foi preso sob várias acusações, dentre as quais, a de ser o ideólogo das Brigadas Vermelhas (Brigate Rosse) e mandante moral do homicídio de Aldo Moro, líder da Democracia Cristã italiana, ocorrido em 1978. Negri foi preso juntamente com outros membros da Autonomia Operaia (O. Scalzone, E. Vesce, A. Del Re, L. Ferrari Bravo, F. Piperno e outros).

Durante os meses que passou na prisão, conseguiu provar sua inocência com relação a quase todas as acusações, inclusive as de envolvimento em 17 homicídios e associação com as ("Brigadas Vermelhas"), grupo responsabilizado pelo seqüestro e morte de Aldo Moro. Mesmo assim, foi condenado a uma longa pena de detenção em um controverso processo de "associação subversiva contra o Estado".

Refugiou-se França, retornando voluntariamente à Itália em 1997, para cumprir o restante de sua pena, até 2003.

Atualmente Antonio Negri vive em Veneza e divide seu tempo entre Roma, Veneza e Paris, onde ministra seminários no Collège International de Philosophie e na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne).

Entre os temas centrais da obra de Negri estão Marxismo, globalização democrática, anti-capitalismo, pós-modernismo, neoliberalismo, democracia, o comum e a multidão. Sua produção intelectual prolífica, iconoclasta e cosmopolita constitui uma análise altamente original do capitalismo tardio.

Negri é exteremamente desdenhoso em relação ao pós-modernismo, cujo único valor, segundo sua avaliação, é que serviu como sintoma da transição histórica cuja dinâmica ele e Hardt procuram explicar em "Império". Negri reconhece a influência de Michel Foucault, de David Harvey (A condição pós-moderna, de 1989), de Fredric Jameson ( Pós-modernismo ou a lógica cultural do capitalismo tardio de 1991), de Gilles Deleuze & Felix Guattari ( Capitalismo e Esquizofrenia).

Saiba+ sobre Antonio Negri

(© Oriundi)

 

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