O escritor e filósofo italiano Antonio Negri é o
novo integrante do grupo internacional de pensadores que vai debater
sobre a UFBA e seu projeto Universidade Nova, em 2009. Negri foi
convidado pelo reitor Naomar de Almeida Filho, para integrar o grupo
ao lado de pensadores como Ângela Davis, Renato Janine Ribeiro,
Boaventura Santos, Michel Maffesoli e Alain Coulon. Negri aceitou o
convite dizendo-se “honrado”.Autor de “Império”, poderoso
manifesto anti-globalização, Toni Negri visitou a UFBA no final de
dezemnbro passado, aproveitando sua passagem de férias por Salvador.
O reitor também interrompeu suas férias no período para receber o
visitante, homem de postura simples considerado um dos principais
filósofos políticos marxistas italianos. Iconoclasta e desdenhoso em
relação ao pós-modernismo, Negri tem forte militância política anos
60 e 70.
Preso várias vezes na Itália sob suspeita de ser o ideólogo das
Brigadas Vermelhas, conseguiu provar inocência sobre quase todas as
acusações. Mesmo assim foi condenado a longa pena em um controverso
processo de subversão contra o Estado italiano. Atualmente Toni
Negri vive em Veneza e divide seu tempo entre Roma e Paris, onde faz
seminários no Colégio Internacional de Filosofia e na Universidade
Paris I. Além de “Império”, escreveu “Multidão”, na seqüência de
críticas ao processo de globalização.
Crítico do pós-modernismo
Antonio Negri, também conhecido como Toni Negri, nasceu Padova,
no primeiro dia dede agosto de 1933). Tradutor dos escritos de
Filosofia do Direito de Hegel, especialista em Descartes, Kant,
Espinosa, Leopardi, Marx e Dilthey, tornou-se conhecido no meio
universitário sobretudo por seu trabalho sobre Espinosa, mas sua
atividade acadêmica sempre foi intimamente ligada à atividade
política.
Negri ganhou notoriedade internacional nos primeiros anos do
século XXI, após o lançamento do livro Império - que se tornou um
manifesto do movimento anti-globalização - e sua sequência,
Multidão, ambos escritos em co-autoria com seu ex-aluno Michael
Hardt.
Graduou-se em Filosofia na Universidade de Pádua, onde foi aluno
brilhante e, inserindo-se no ambiente goliardesco, dirigiu o jornal
dos estudantes da universidade il Bo [1]. Em 1955 apresentou sua
tese de graduação "Lo storicismo tedesco da Dilthey a Weber" ("O
historicismo alemão de Dilthey a Weber").
Em 1956, foi-lhe concedida uma bolsa de estudos do Istituto
Italiano per gli Studi Storici (Instituto Italiano de Estudos
Históricos). Posteriormente, foi nomeado assistente do diretor da
faculdade e, em 1967, obteve a cátedra de Teoria do Estado, sempre
na Universidade de Pádua, onde também dirigiu o Instituto de
Ciências Políticas.
Iniciou sua militância política nos anos 1950 como ativista da
Gioventú Italiana di Azione Cattolica (GIAC) ("Juventude Italiana de
Ação Católica"), organização ligada à Ação Católica. Foi membro da
Internacional Socialista, de 1956 a 1963.
No início dos anos 1960, Negri compôs o comitê editorial dos
Quaderni Rossi ("Cadernos Vermelhos"), jornal que representava o
renascimento intelectual do Marxismo na Itália, fora da esfera de
controle do Partido Comunista Italiano.
Foi também um dos fundadores do Potere Operaio ("Poder
Operário"), em 1969, e do movimento denominado operaismo. O Potere
Operaio se desfez em 1973, dando lugar à Autonomia Operaia, também
liderado por Negri.
Escreveu vários trabalhos com muitos outros "autonomistas"
famosos, tais como Raniero Panzieri, Mario Tronti, Sergio Bologna e
Franco Berardi, ligados a movimentos dos trabalhadores italianos,
estudantes e feministas dos anos 1960 e 1970.
Durante seu exílio na França, foi professor das Universidades de
Paris VII (Denis Diderot) e VIII (Vincennes–Saint-Denis). Também
lecionou na École normale supérieure, na Universidade Européia de
Filosofia e no Collège international de philosophie, onde também
eram docentes Jacques Derrida, Michel Foucault e Gilles Deleuze.
Prisão e exílio
Em 7 de abril de 1979 foi preso sob várias acusações, dentre as
quais, a de ser o ideólogo das Brigadas Vermelhas (Brigate Rosse) e
mandante moral do homicídio de Aldo Moro, líder da Democracia Cristã
italiana, ocorrido em 1978. Negri foi preso juntamente com outros
membros da Autonomia Operaia (O. Scalzone, E. Vesce, A. Del Re, L.
Ferrari Bravo, F. Piperno e outros).
Durante os meses que passou na prisão, conseguiu provar sua
inocência com relação a quase todas as acusações, inclusive as de
envolvimento em 17 homicídios e associação com as ("Brigadas
Vermelhas"), grupo responsabilizado pelo seqüestro e morte de Aldo
Moro. Mesmo assim, foi condenado a uma longa pena de detenção em um
controverso processo de "associação subversiva contra o Estado".
Refugiou-se França, retornando voluntariamente à Itália em 1997,
para cumprir o restante de sua pena, até 2003.
Atualmente Antonio Negri vive em Veneza e divide seu tempo entre
Roma, Veneza e Paris, onde ministra seminários no Collège
International de Philosophie e na Universidade de Paris I
(Panthéon-Sorbonne).
Entre os temas centrais da obra de Negri estão Marxismo,
globalização democrática, anti-capitalismo, pós-modernismo,
neoliberalismo, democracia, o comum e a multidão. Sua produção
intelectual prolífica, iconoclasta e cosmopolita constitui uma
análise altamente original do capitalismo tardio.
Negri é exteremamente desdenhoso em relação ao pós-modernismo,
cujo único valor, segundo sua avaliação, é que serviu como sintoma
da transição histórica cuja dinâmica ele e Hardt procuram explicar
em "Império". Negri reconhece a influência de Michel Foucault, de
David Harvey (A condição pós-moderna, de 1989), de Fredric Jameson (
Pós-modernismo ou a lógica cultural do capitalismo tardio de 1991),
de Gilles Deleuze & Felix Guattari ( Capitalismo e Esquizofrenia).
Saiba+ sobre Antonio Negri