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Modelos que posam nus para artistas protestam na Itália

Gigi Chessa, Ragazza nuda con pesce rosso, 1928
 

Modelos que posam nus para artistas das universidades e escolas italianas deram início nesta semana a uma série de protestos por melhores condições de trabalho.

Com a palavra de ordem "permanecer nus, mas não invisíveis", os modelos estão reivindicando salário mensal, contrato anual e estabilidade no emprego, direitos restritos hoje a apenas 50 profissionais da categoria em todo o país.

"Lutamos pelo reconhecimento profissional, que hoje está sendo negado", disse à BBC Brasil Rossella Lamina, porta-voz da Federação Nacional RdB-CUB, que representa os modelos. "Vamos seguir com novas e criativas formas de mobilização até que nossas reivindicações sejam atendidas."

Segundo Rossella, a pauta com os pedidos da categoria será entregue ao ministro da Universidade e Pesquisa, Fabio Mussi, num encontro que deverá ocorrer na próxima semana.

Ela diz que mais de 60 professores de arte de várias cidades italianas assinaram um documento apoiando o protesto dos modelos.

Free lances

Em Roma, a primeira manifestação foi realizada na quinta-feira em frente da Universidade La Sapienza. Modelos vindos de Florença, Turim, Macerata, Salerno e Gênova protestaram fazendo poses inspiradas em estátuas e quadros famosos.

Durante séculos, os modelos artísticos foram considerados fundamentais para pintores e escultores na Itália.

Nos últimos anos, no entanto, eles ficaram fora de moda. De funcionários do Estado, a maioria se transformou em trabalhador free lance.

Em muitos países, a função de modelo artístico é tratada como trabalho eventual para jovens estudantes, para quem precisa de dinheiro, é desinibido e não tem vergonha em posar nu.

Mas, na Itália, eles exigem tratamento de profissionais, com direito de se aposentar fazendo a mesma coisa.

Frio e fuga

Os modelos artísticos italianos costumam viver de projetos, recebendo 25 euros por hora - em torno de R$ 64,75. Aqueles que têm sorte conseguem salários de 900 euros mensais.

"Nosso trabalho não é reconhecido. Muitas vezes, posamos por oito horas diárias e somos tratados como material didático", disse Antonella Migliorini, de 42 anos, que trabalha como modelo artística desde os 17.

"Desempenhamos uma profissão difícil e com longa tradição, que requer fantasia e grande resistência física. As universidades e escolas de arte não dão o reconhecimento que merecemos. Se interessam por nós quando chegam as câmeras de TVs, mas nós não somos estrelas de filmes pornográficos."

"Trabalhamos em salas de aulas enormes, gélidas e sujas", afirma. "Muitos fogem depois de meia hora de trabalho."

(© O Globo)

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