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Mulheres são destaque na Bienal de Veneza

À esquerda, projeto da instalação da artista chinesa Yin Xiuzhen que será exibida na Bienal de Arte de Veneza. À direita, o complexo do Arsenale de Veneza que abrigará a nova edição da mais antiga Bienal de Arte do mundo
 

A presença feminina é marcante entre os artistas selecionados de países como China, Inglaterra, França, Portugal, Israel, Alemanha e Polônia na 52ª edição da Bienal de Veneza.

O Arsenale será o local da representação da China, que apresentará trabalhos de 4 artistas chinesas: Shen Yuan (1959), Yin Xiuzhen (1963), Kan Xuan (1972) e Cao Fei (1978). O curador Hou Hanru, com o tema "Everyday Miracles", pretende demonstrar como a arte pode ser uma ponte de negociação entre as artistas e seus contextos sociais.

A Inglaterra escolheu a artista Tracey Emin (1963) para uma individual. É a quarta inglesa a representar seu país, desde 1950, quando Barbara Hepworth foi escolhida (as outras foram Bridget Riley, em 1968, e Rachel Whiteread, em 1997). Emin, que foi indicada para o maior prêmio de arte britânica, o Turner Prize, em 1999, trabalha com instalação, vídeo, foto. Seu suposto cotidiano é exposto em trabalhos como "Bed", no qual transforma sua própria cama em obra de arte, para falar das imperfeições do mundo contemporâneo.

A francesa Sophie Calle (1953), foi a escolha do curador Daniel Buren, para representar seu país. As histórias e narrativas, construídas através da fotografia, textos e vídeos, são seu principal foco de trabalho. Em 1979, o trabalho "Les Dormeurs", é o resultado do convite a 28 pessoas para dormirem na sua cama. "L'Hotel" (1984), é um livro sobre sua experiência como camareira de um hotel, em que as camas desfeitas e os objetos deixados por seus hóspedes são fotografados pela artista.

Portugal apresenta Angela Ferreira (1958), que nasceu em Maputo, Moçambique, e foi escolhida por Jürgen Bock. Em seus trabalhos há uma mistura de textos, fotografia, vídeos e escultura, que evidenciam questionamentos sobre o modo como a história de arte está sendo escrita. A artista já esteve no Brasil, na exposição coletiva "Navegar é Preciso", realizada no Centro Cultural Vergueiro em 1998, e na edição do Videobrasil de 2003, ambas em São Paulo.

A jovem artista Yehudit Sasportas (1969) foi a escolha de Suzanne Landau, curadora do Museu de Israel. Ela trabalha com uma junção de pintura, desenho, escultura e arquitetura que transformam a percepção do espectador em relação ao ambiente que a artista trabalha. Já a escultora Isa Genzken (1948) foi selecionada por Nicolaus Schafhausen para o Pavilhão da Alemanha. De acordo com o texto da Saatchi Gallery, de Londres, o trabalho da artista "explora as relações entre arte, arquitetura, design e experiência pessoal, com assemblages que criam espaços de reflexão." (Ricardo Oliveros)

(© UOL Diversão & Arte)


52ª edição da Bienal de Arte de Veneza destaca a África

RICARDO OLIVEROS
Colaboração para o UOL

A arte contemporânea africana é o destaque da 52ª edição da Bienal de Arte de Veneza, a mais antiga bienal e considerada uma das mais importantes mostras de arte do mundo. A mostra, que acontece de 10 de junho a 21 de novembro de 2007, tem curadoria do americano Robert Storr. Este ano, 86 países participam da Bienal. A representação do Brasil terá os artistas José Damasceno, Angela Detanico & Rafael Lain, conforme anunciado por Jacopo Crivelli, curador da Fundação Bienal de São Paulo. Outros países como França, México, Inglaterra, Estados Unidos, Japão e Alemanha também já anunciaram seus representantes na mostra.

O título da Bienal, de acordo com a imprensa especializada italiana, deve ser "Think with the Senses / Feel with the Mind: Art in the Present Tense" ["Pense com os Sentidos / Sinta com o Pensamento: Arte no Tempo Presente"]. Entre os artistas, estão Jasper Johns, John Cage, Gerhard Richter, Gerart Ryman, Elisabeth Murray e Steve McQueen. A lista completa dos artistas deve ser divulgada no início de março.

Panorama da arte africana

O continente africano terá uma mostra de arte contemporânea, nomeada de "Check List", e apresentada na Galeria de Arte do Arsenale, espaço principal da Bienal. O projeto curatorial da "Check List" é de autoria de Fernando Alvim e Simon Njami. Alvim e Njami selecionaram obras do acervo da Fundação Sindika Dokolo, de Luanda, Angola, que possui cerca de 500 peças de 140 artistas de 28 regiões africanas. O projeto curatorial foi eleito em processo de seleção semelhante ao que aconteceu na última Bienal de São Paulo. Os projetos foram julgados por especialistas da área como Meskerem Assegued, Ekow Eshun, Lyle Ashton Harris, Kellie Jones e Bisi Silva.

Videoartistas terão mostras individuais

A videoarte terá lugar de destaque na Bienal de Veneza, com individuais de Aernout Mik e Willie Doherty, que já estiveram presentes na Bienal de São Paulo, além de Marko Mäetamm, representante da Estônia.

O holandês Aernout Mik apresenta projeto sobre os mecanismos de poder e violência usados em nome da segurança. A obra faz parte de uma leitura crítica de textos de artistas, filósofos, sociólogos, cientistas sociais, co-editados pela filósofa Rosi Braidotti, o curador e escritor Charles Esche e a curadora do pavilhão holandês, Maria Hlavajova. O artista já esteve no Brasil na 26ª Bienal de São Paulo, em 2004, apresentando uma videoinstalação em que um supermercado é completamente destruído pelos clientes.

Willie Doherty (1959) é o artista selecionado pelo curador Hugh Mulholland para representar a Irlanda do Norte. Doherty e Mulholland estão trabalhando em conjunto para apresentar uma peça inédita em Veneza. Doherty participou da 25ª Bienal Internacional de São Paulo, em 2002, com "Re-Run", e foi indicado duas vezes ao Turner Prize, em 1994 e 2003.

Marko Mäetamm apresentará o inédito "Loser´s Paradise", com curadoria de Mika Hannula, que fala através do vídeo, escultura e pinturas da confusão contemporânea entre as esferas pública e privada.

Artista japonês ministra workshop para o público

O Giardini di Castello é o local da instalação do artista japonês Masao Okabe (1942), que tem curadoria de Chihiro Minato. Ele utilizará 1400 frottages (técnica de pintura baseada na obtenção de imagens por fricção de um lápis ou carvão) da plataforma de embarque do porto de Ujina, na cidade de Hiroshima, cidade pela bomba atômica na Segunda Guerra Mundial.

O artista levou nove anos para fazer o trabalho, pois, segundo o curador, a área de embarque original foi reconstruída sobre a base antiga, e o artista, através de arquivos, refez o projeto original da área com seus desenhos. Durante a Bienal, Okabe fará um workshop da técnica, em que o público poderá fazer o mesmo com os edifícios históricos de Veneza.

México e Bulgária estréiam em Veneza

A estréia do México na Bienal de Veneza terá o artista multimídia Rafael Lozano-Hemmer (1967), escolhido pelos curadores Príamo Lozada e Barbara Perea. Rafael já apresentou uma obra no Brasil, durante o evento Emoção Art.Ficial, no Itaú Cultural, em 2002. "Hay cosas que pasan más veces que todo el tiempo" é o título da instalação que será apresentada no Palazzo van Axel, em Veneza.

A Bulgária terá as obras de sua representação expostas no Palazzo Zorzi, edifício da UNESCO, sob curadoria Boris Danailov e Essela Nozharova. Os artistas selecionados são Pravdoliub Ivanov (1964), que trabalha com instalação; Stefan Nikolaev (1970), que produz esculturas, vídeos e fotografias; e Ivan Moudov (1975), que promete ser grande surpresa: em 2006, o artista desenvolveu uma obra que consistia numa campanha publicitária que anunciava a abertura de um museu, imaginário, de arte contemporânea em Sofia, envolvendo imprensa, artistas e público no 'trote'.

(© UOL Diversão & Arte)

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