Com 150 reproduções de peças (algumas
inéditas), a OCA recebe a maior exposição já realizada no mundo
sobre Leonardo da Vinci
Enigmático, discreto,
misterioso são alguns dos adjetivos mais comuns quando alguém se
refere ao sorriso da 'Mona Lisa'.
A partir de 5ª feira (1º), você também vai
poder dar a sua opinião sobre esse detalhe do quadro, ao ficar
frente a frente com a fiel reprodução exposta na megamostra
'Leonardo da Vinci - A Exibição de um gênio', que leva à Oca cerca
de 150 obras do renascentista.
'Esta é a mais completa exposição já feita
sobre Leonardo da Vinci no mundo', diz Stephanie Mayorkis, diretora
da área de exposições e teatro da CIE Brasil, que traz o evento a
São Paulo em parceria com as produtoras RYP Australia Major Projects
e Anthropos Foundation, da Itália.
Segundo Stephanie, as demais mostras já
realizadas sobre o gênio italiano, como as de Roma e de Moscou, eram
fragmentadas em temas: apresentavam o Leonardo da Vinci (1452-1519)
pintor ou o Da Vinci pai do vôo ou o Da Vinci estudioso da anatomia,
por exemplo.
Pela primeira vez, portanto, essas facetas
poderão ser vistas em conjunto com seu legado como escultor,
cientista, arquiteto e inventor. 'Nunca antes houve chance como
esta, de contemplar ao mesmo tempo todas as áreas em que ele
trabalhou', diz Stephanie.
(©
Agência Estado)
Vaticano toma medidas para
controlar multidões de visitantes
Elisabetta Povoledo
Os visitantes do Vaticano estão recebendo alertas de que nada é
eterno - pelo menos no que diz respeito aos museus da Santa Sé. O
preço do ingresso subiu um euro e agora custa 13 euros, ou cerca de
US$ 17,15 com o euro valendo US$ 1,32, e foram reduzidos os horários
de visitação para visitantes avulsos, não inscritos via operadoras
de visitas organizadas. Até muito recentemente, as portas abriam às
8:45 da manhã. Sob as novas regras, que entraram em vigor no mês
passado, excursões reservadas e aprovadas pelo Vaticano ainda
começam cedo assim, mas os visitantes individuais devem esperar até
às 10 da manhã.
As autoridades do Vaticano dizem que a redução do horário faz parte
de um plano para controlar a aglomeração de visitantes, com a
implantação de um sistema de reservas obrigatórias que valerá a
partir do ano que vem para todos os visitantes, quer eles estejam em
uma excursão em grupo ou não. As agências operadoras de excursões já
estão recebendo prioridade agora, dizem, porque são mais fáceis de
ser controladas. E algumas fontes na indústria do turismo italiano
afirmam que se for adicionado o tempo que se espera nas filas - que
no verão europeu pode até passar das duas horas - e o fato de que os
ingressos são vendidos apenas até as 12:30 em temporada normal e até
15:30 na alta temporada, os visitantes avulsos mal poderão ter tempo
para ver tudo em um dia.
E naturalmente há muito para se ver - a Capela Sistina de
Michelangelo, por exemplo, e os quartos que Rafael pintou para o
papa Júlio II. Estes tesouros da arte ocidental são, para muitos
turistas, a principal razão para se visitar Roma.
Acontece que o número de visitantes ao Vaticano praticamente dobrou
nos últimos 10 anos, alcançando o recorde de 4,2 milhões em 2006,
resultando em aglomeração numa estrutura originalmente concebida
para acomodar uma corte papal renascentista, e não para até 20.000
visitantes ao mesmo tempo, se acotovelando nas salas e corredores.
Entre enormes grupos de excursão e selvagens turmas em passeios
escolares, uma visita aos museus do Vaticano pode acabar se
transformando "numa experiência mais traumática que artística para
os turistas", diz Paola, uma das diversas guias que foram
entrevistadas e que pediram que seus nomes completos não fossem
citados, com medo de ofender o Vaticano.
As mudanças ocorrem em meio a outras medidas tomadas para controlar
aglomerações em muitos sítios do patrimônio cultural italiano.
Antes que um sistema de reservas antecipadas passasse a funcionar na
Galeria Uffizi, em Florença, as filas na entrada rivalizavam com as
do Vaticano. Foi estabelecido em 900 o número de visitantes que pode
entrar e permanecer nas Uffizi simultaneamente, e com isso cerca de
1,5 milhão de pessoas visitaram as galerias no ano passado. E quando
um grande projeto de restauração for finalizado, em quatro ou cinco
anos, o número de pessoas admitidas simultaneamente deverá aumentar
de maneira significativa.
"Nós estamos tentando fazer com que a estrutura fique mais
funcional", diz Cristina Acidini, que supervisiona os museus
oficiais de Florença. O Coliseu também tem um serviço de reservas,
mas como todos os visitantes têm que passar pelas cabines de
segurança, com os 3,.9 milhões de visitantes em um ano as filas são
inevitáveis. "Ainda assim é um processo bem rápido", afirma Rossella
Rea, arqueóloga responsável pelo monumento.
Mas a entrada pode ser mais rápida, tanto que um novo portão de
entrada já está sendo criado, na extremidade oriental do Coliseu. Se
houver fundos suficientes, uma seção do corredor principal
atualmente fechada estará restaurada ainda este ano, e assim os
visitantes terão mais espaço para se espalhar pelo monumento. É
claro que o anfiteatro romano é grande (já abrigou 80.000 nos tempos
da Roma antiga), mas os grupos de excursões ainda se embolam por lá.
"Não é que seja um monumento delicado em ponto de deterioração por
conta das visitas", diz Rea. "Trata-se mais de uma questão de se
orientar melhor o tráfego de visitantes lá por dentro."
Com tudo isso, no Vaticano há críticas, no sentido de que as horas
mais reduzidas para visitação alongarão as linhas, que em certos
dias superam os dois quilômetros em torno dos muros da cidade do
Vaticano em direção à colunata da Praça de São Pedro. Agora, as
pessoas estarão nas filas, mas "não terão a certeza de que irão
entrar antes que os museus fechem", diz uma guia americana que pediu
para não ser identificada.
Ainda assim, algo deve ser feito em relação às aglomerações, diz
Francesco Buranelli, diretor dos museus do Vaticano. "A fila
serpenteante está lá sob os olhos de todos; é de cair o queixo,
embora ande de forma consideravelmente rápida", ele diz, não
obstante as medidas de segurança reforçadas na entrada após 11 de
setembro de 2001.
Os novos horários, afirma o diretor, constituem a primeira etapa que
introduz o sistema obrigatório de reservas que entrará em vigor no
mês de janeiro e que, segundo os oficiais do museu, permitirá a
distribuição dos visitantes ao longo do dia. Por enquanto, a medida
que beneficia as operadoras de excursões, que trazem mais de um
terço do total de visitantes, é vista como "uma opção conveniente
para ajudar aos museus nesta transição", diz Buranelli. (Os
administradores dos museus dizem que não pretendem limitar o número
dos visitantes que permanecem nos museus simultaneamente.)
A explicação de Buranelli é pouco convincente para Fabio, outro
guia, que prevê "um ano difícil pela frente", com faturamento menor
e mais queixas de seus clientes. "Espero que possa pelo menos
convencê-los a visitar outros museus", constata o guia.
Ele e outros querem saber por que as autoridades dos museus não
optaram por um horário mais extenso. Eles citam o sucesso dos museus
estatais da Itália, que permanecem abertos até 7 da noite, atingindo
aproximadamente um terço das visitas à tarde e à noite, de acordo
com as estatísticas oficiais do Ministério da Cultura. No
Metropolitan Museum of Art em Nova York, cerca de 600.000 entre os
4,3 milhões de visitantes no ano passado optaram pelas visitas em
noites de sexta-feira e de sábado, tanto para ver o acervo como para
comparecer a eventos especiais.
Mas Buranelli diz que encomendou estudos indicando que a maioria dos
visitantes concentra suas visitas entre 10 da manhã e 1 da tarde e
que, com mais de seis quilômetros de corredores para proteger e
muitos guardas e zeladores na folha de pagamento, os custos para se
manter os museus abertos à noite não seriam compensados pelas vendas
de ingressos. "Para os turistas, a cultura é uma atividade diurna",
acredita.
Algumas guias sugerem maliciosamente que o Vaticano já tem um lucro
considerável com excursões especiais particulares de duas horas de
duração que ocorrem após o fechamento do museu, e que com o novo
sistema a arrecadação será ainda maior. Os preços atuais começam a
partir de 2.500 euros para grupos de 1 a 30 pessoas, 3.500 euros
para 31 a 60 pessoas, e 5.000 euros para grupos de 61 a 100 pessoas,
mais o preço dos ingressos individuais. Também reclamam que o novo
sistema privilegia os guias particulares do próprio Vaticano, que já
têm o acesso garantido.
Já houve um tempo em que os museus do Vaticano eram praticamente as
únicas instituições culturais na península italiana abertas após o
almoço. Há mais ou menos uns doze anos, a maioria dos museus
estatais e áreas arqueológicas ficava aberta somente até 2 da tarde,
e as lojas do museu vendiam somente postais e catálogos, quando
tanto. "Havia um sentimento enraizado, fruto residual das filosofias
católica e marxista, que levava a crer que fazer dinheiro a partir
da cultura ou era impossível ou então um pecado", diz Daniel Berger,
consultor do Ministério da Cultura italiano.
Veio então Alberto Ronchey, que foi ministro da Cultura de 1992 a
1994 e que ajudou a passar uma reforma do setor de museu do estado
em 1993 que alongou as horas de funcionamento e permitiu a empresas
particulares a operação de serviços como venda de ingressos,
livrarias e restaurantes.
"A cooperação entre os setores particular e público melhorou a
situação enormemente, tanto de um ponto de vista qualitativo quanto
de um ponto de vista quantitativo", diz Albino Ruberti,
diretor-gerente da Zetema, que presta serviços ao museu cívico de
Roma.
Apesar da transgressão efetivada pela lei de Ronchey e do
comparecimento crescente aos museus, especialistas dizem que o pleno
potencial econômico cheio do turismo cultural na Itália ainda não
foi explorado por inteiro. O ministro da Cultura Francesco Rutelli
disse em uma entrevista recente que já formou um comitê para
examinar a legislação que estabelecia normas para o funcionamento
dos museus, e prometeu "uma reforma radical" até o próximo verão
italiano.
Ao contrário de muitas outras instituições culturais, os museus do
Vaticano já entenderam há algum tempo a importância do
merchandising. Foram dos primeiros museus a contar com guias em
áudio, e um restaurante funciona por entre os muros desde 1975. Já
há 20 anos acontece a venda de livros guias turísticos e de ensaios
sobre seu acervo, o que provocou ramificações recentes de uma nova
linha de produtos, como a sofisticada Coleção da Biblioteca do
Vaticano, que inclui artigos como reproduções dos documentos
originais dos arquivos do Vaticano e fac-símiles de selos papais.
Mas quando o assunto diz respeito às horas de abertura, alguns
críticos dizem que os normalmente arejados museus do Vaticano
parecem estar regredindo.
"Há sempre reclamações quando se parte para mudanças", diz
Buranelli. Só que, a longo prazo, a única coisa que importa, ele
diz, é "resolver o problema da aglomeração".
Tradução: Marcelo Godoy
(©
UOL Mídia Global)
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