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Sonho do italiano Agu se transforma no 23º PIB do Brasil

Foto: Diocese de Osasco

O italiano Antoni Agu quis homenagear a sua cidade natal e deu o nome de Osasco à estação ferroviária que se transformaria no município que tem, hoje, o 23º PIB do Brasil
 

É possível que nem mesmo o espírito e a visão empreendedora do italiano Antonio Agu, que emigrou para o Brasil em 1872, poderiam imaginar o resultado de sua iniciativa 110 anos depois: a cidade de Osasco, nascida em terras que comprara para implantar negócios em 1887, hoje é quinto maior município do Estado de São Paulo (com 700 mil habitantes), e o 23º PIB do Brasil. Nesse dia 19, Osasco, que adotou o nome da terra natal de Agu, situada no Piemonte, na Província de Torino, comemora o aniversário de sua emancipação político-administrativa, que ocorreu em de fevereiro de 1962.

Na região onde hoje se situa a cidade e em seus arredores existiam vários sítios e chácaras. Próximo às margens do Tietê, no século XIX, havia uma aldeia de pescadores e grandes fazendas. Uma delas foi vendida a Antonio Agu, primeiro filho dos  agricultores Antonio Giuseppe de Pietro Agu e Domenica Vianco. Nascido às nove horas do dia 25 de outubro de 1845, foi batizado por seu tio, Dom Michele Vianco. Casado com Benvenutta Chiaretta, no ano em que nasceu sua única filha,Benvenutta Chiaretta, Primitiva Dominica Michela, Agu veio para o Brasil.

Antonio Agu trabalhou na construção do Engenho Central de Capivari e foi proprietário de vários negócios e terras, buscando dar materialidade ao sonho de transformar a sua vida longe de casa em um empreendimento bem sucedido. Em 1887, comprou uma gleba de terra no Km 16 da Estrada de Ferro Sorocabana. Por volta de 1890, resolveu ampliar sua olaria e convidou para sócio o Barão Dimitri Sensaud De Lavaud. A pequena fábrica, que produzia tijolos e telhas, passou a fazer também tubos e cerâmicas, dando origem à primeira indústria da cidade, a Companhia Cerâmica Industrial de Vila Osasco.

Após outras iniciativas, em 1895, Agu construiu a Estação Ferroviária, erguendo várias casas nos arredores para abrigar os operários que chegavam para atuar na obra. Os dirigentes da Estrada de Ferro quiseram batizar a estação com o nome do principal empreendedor da região, mas Antonio Agu pediu que a homenagem não fosse dada a ele e sim à sua cidade natal na Itália: Osasco.

(© Oriundi)


Um italiano idealista e aventureiro na construção do Brasil


 
O neto de Giovannetti, orgulhoso, lembra que os artigos do avô eram muito lidos na Itália. Foto: Cecília Bastos

Quando chegou ao Brasil, em janeiro de 1914, o engenheiro italiano Bruno Giovannetti jamais imaginou que além de abrir estradas, construir praças e igrejas, acabaria edificando também a história do País. Uma história que fez questão de contar com todos os detalhes para os italianos e também para os brasileiros através de artigos que escreveu para os principais jornais dos dois países. São milhares de páginas sobre as cidades de Marília, Assis, Presidente Prudente, Itu, entre outras do interior paulista. Registrou ainda o surgimento e crescimento de várias cidades do Paraná e Mato Grosso. Enfim, uma documentação inusitada que a Área de Língua e Literatura Italiana da USP pretende resgatar. E transformar em uma preciosa coleção.

Orgulhoso, o neto do engenheiro que tem o seu mesmo nome, o jornalista Bruno Giovannetti, acompanha de perto a elaboração e organização do projeto. "O objetivo é transformar todo o material exatamente como ele deixou em uma enciclopédia porque é muito grande o volume de artigos. Há ainda a intenção de se publicar uma pesquisa sobre o seu trabalho", explica o jornalista Giovannetti. "Os documentos revelam o Brasil do início do século, o trabalho dos imigrantes italianos. Fazem uma crítica sutil à economia, política e divulgam a arte e a cultura brasileira."

O neto de Giovannetti lembra que os artigos do engenheiro eram muito lidos na Itália. "As famílias italianas queriam saber como era o País para onde tinham vindo seus filhos, sobrinhos. Sabiam notícias deles através dos artigos do engenheiro. Ele falava sobre tudo. Descrevia as cidades com detalhes e fazia até mesmo uma coluna de necrologia. Enfim, é um material que até hoje é muito procurado pelos pesquisadores, pelos urbanistas."

A figura de Bruno Giovannetti já inspirou muitas teses acadêmicas de história, arquitetura e engenharia. Ele nasceu no dia 5 de dezembro de 1889 em Pieve Fosciana, na província de Lucca, no centro da Itália. Era um idealista e aventureiro. Daí, se embrenhar interior afora construindo estradas e projetando cidades. Ajudou a fazer a Estrada de Ferro Sorocabana desde Salto Grande até a barranca do rio Paraná. No Sertão do Paranapanema desenvolveu o levantamento de novos afluentes do rio Paraná e de 11 afluentes do rio Paranapanema e participou do planejamento de inúmeros edifícios públicos.

(© Oriundi)

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