Retornar ao índice ItaliaOggi

 
 

Notizie d'Italia

 

Brasil quer força-tarefa para investigar italianos

26.jan.03/France Presse

Caminhão deixa fábrica da Parmalat em Collechio, nas proximidades de Parma, no norte da Itália
 

Ministério Público pretende trocar informações do Brasil e da Itália sobre Parmalat, Telecom Italia, Tecnosistemi e Cirio

Negócios e remessas de empresas que faliram e suposta corrupção de políticos e servidores públicos estão na mira


JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Procuradoria Geral da República vai coordenar uma força-tarefa para investigar suposta rede de lavagem de dinheiro e corrupção capitaneada por executivos italianos no Brasil.

As ilegalidades, desconfiam os procuradores, teriam acontecido ao longo de duas décadas, mas atingiram o auge entre 1997 e 2004.

O esquema envolveria grandes empresas italianas que tinham filiais no Brasil. Na lista, estão Parmalat, Telecom Italia, Tecnosistemi (ex-fornecedora da Telecom Italia) e Cirio (ex-controladora da Bombril).

Essas quatro empresas também são investigadas pelo Ministério Público na Itália.

Assim como no Brasil, os inquéritos têm diferentes objetivos e correm em separado -o que dificulta o cruzamento dos dados, na avaliação dos procuradores locais.

No Brasil, as investigações são tocadas nas instâncias cível e criminal. Estão espalhadas pelo Ministério Público de São Paulo e do Rio de Janeiro e pelo Ministério Público Federal em Brasília, São Paulo e Rio.

Os promotores estaduais cuidam dos processos de falência e estão interessados em descobrir se houve desvio de recursos que serviriam ao pagamento de milhares de credores.

Os procuradores federais, por sua vez, querem saber de possíveis crimes contra o sistema financeiro, de desvio e mau uso de dinheiro dos contribuintes e de prevaricação por parte de servidores públicos.

De acordo com o que a Folha apurou, a intenção do Ministério Público é formar um time para esquadrinhar documentos, evidências, relatórios e testemunhos colhidos por colegas italianos.

A desconfiança dos procuradores italianos é que as filiais brasileiras da Parmalat, da Tecnosistemi e da Cirio serviram à lavagem de dinheiro das matrizes.

No Brasil, suspeitam as promotores italianos, o esquema teria funcionado por meio de operações no mercado financeiro, como emissão de ações e negócios fictícios. Já o Ministério Público daqui investiga se houve corrupção de servidores públicos brasileiros e propinas pagas a partidos e políticos para acobertar as operações.

Além das informações que pretende obter da Itália, o Ministério Público Federal contará com a ajuda dos promotores estaduais que investigam a Parmalat, a Tecnosistemi e a Cirio.

Esses inquéritos foram os primeiros a apontar indícios de que um grupo de executivos italianos teria feito negócios suspeitos à frente de filiais brasileiras dessas empresas.

A desconfiança é que o grupo era capitaneado pelo italiano Gianni Grisendi, ex-presidente da Parmalat, da Telecom Italia e da Bombril. Ele também era sócio minoritário da Tecnosistemi.

Outros nomes na lista de investigados na Itália são Calisto Tanzi e Mario Mutti, que eram sócios na Parmalat. Mutti tornou-se, depois, dono da Tecnosistemi. Tanzi e Mutti são acusados na Itália de terem lavado dinheiro e promovido a falência fraudulenta da Parmalat e da Tecnosistemi. Tanzi admitiu culpa diante dos tribunais italianos.

(© Folha de S. Paulo)


Telecom Italia nega acusação de irregularidades

DA REPORTAGEM LOCAL

A Telecom Italia, por meio de sua assessoria, diz que não têm fundamento as acusações de que tenha participado de esquema de lavagem de dinheiro no Brasil.

Sobre as investigações que correm na Itália, a operadora afirma não querer comentar o assunto enquanto as apurações dos procuradores estiverem em andamento.

O advogado dos ex-controladores da Parmalat na Itália, Fabio Belloni, confirmou que existem ações contra a empresa em Milão, Roma e Parma. "Mas não há nada, que eu saiba, sobre lavagem de dinheiro no Brasil", afirmou Belloni, que defende Calisto Tanzi.

O advogado de Gianni Grisendi, Luiz Fernando Pacheco, afirmou que não há nenhuma acusação contra seu cliente no Ministério Público Estadual.

Segundo ele, Grisendi está sendo investigado apenas pela quebra da Parmalat, no Brasil e na Itália, e não foi acusado de nenhum outro crime nos casos da Bombril, da Telecom Italia ou da Tecnosistemi. "A sinalização da procuradoria italiana é a de que Grisendi será inocentado lá", afirmou.

O advogado disse que Grisendi foi procurador e acionista da Tecnosistemi "por apenas um mês" e classificou de fantasiosos os depoimentos feitos ao Ministério Público Federal que sustentam que seu cliente tenha lavado dinheiro italiano no Brasil. "Disseram até que o dinheiro entrava por contêineres. Isso só causa perplexidade e risada", afirmou.

Procurada, a Bombril não respondeu ao e-mail da reportagem até o fechamento desta edição. Os advogados que defendem a Tecnosistemi e Mario Mutti não foram localizados.

(© Folha de S. Paulo)

Publicidade

Pesquise no Site ou Web

Google
Web ItaliaOggi

Notizie d'Italia | Gastronomia | Migrazioni | Cidadania | Home ItaliaOggi