Angela Detanico e Rafael Lain podem ser dois dos artistas convidados a
integrar a exposição internacional de Veneza, que ocorrerá em junho.
Além da dupla, mais um artista brasileiro será escolhido para
representar o Brasil na mostra de arte que é considerada a mais
importante do mundo.
Os gaúchos Angela Detanico e Rafael Lain, que dividem seu trabalho entre
São Paulo e Paris, participaram da 27ª Bienal de Arte de São Paulo com
um projeto de arte e design gráfico que estará na publicação "Como Viver
Junto", a ser lançada pela Fundação Bienal. Além disso, realizaram uma
performance no encerramento da exposição. Em março, a dupla
terá trabalhos expostos na Galeria Vermelho, em São Paulo.
O curador do pavilhão brasileiro da Bienal de Veneza, Jacopo Crivelli
Visconti, não confirma oficialmente o convite à dupla. Em conversa por
telefone com o UOL, ele afirmou estar no meio do processo de
curadoria e aguardando respostas de diversos artistas. Jacopo, que é
gerente de exposições da Fundação Bienal, também coordenou, em 2006, a
participação brasileira na 10ª Mostra Internacional de Arquitetura da
Bienal de Veneza.
(©
UOL Diversão & Arte)
Angela Detanico e Rafael Lain
Angela Detanico nasceu em Caxias do Sul em 1974. Rafael
Lain nasceu em Caxias do Sul em 1973. Trabalham e vivem entre São Paulo,
Brasil e Paris, França.
Começam a trabalhar juntos no escritório de design "Burritos do Brasil".
O trabalho que desenvolvem hoje, muito menos ligado à publicidade e
muito mais experimental, nunca perdeu sua ligação com o design.
Participaram da 26ª Bienal de São Paulo com o trabalho "World Align" em
que representavam o mapa-mundi através de linhas. Tal como se faz
cotidianamente com textos num editor de texto qualquer no computador,
eles deslocavam as linhas ora para a direita, ora para a esquerda,
faziam com que convergissem no centro. Não sem ironia proclamam que o
alinhamento à direita ou à esquerda hoje está esvaziado de conteúdos
ideológicos.
Em texto para catálogo de exposição, em 2004, a crítica e hoje curadora
da Bienal Lisette Lagnado escreveu sobre a dupla: "Eles criam fontes
tipográficas e inventam alfabetos. Eles enxergam o espaço por meio de
pontos e linhas. Eles esquadrinham as cidades horizontal e
verticalmente. Eles alteram os ritmos, as proporções. Eles comprimem e
expandem as ondas sonoras. Nada fixo, sequer uma matriz. Pixel por
pixel, eles dilatam a paisagem até as margens do monitor. Eles subvertem
os objetivos bélicos do videogame. Eles tem o poder de realinhar o mapa
geopolítico em um minuto. Chegaram os hackers que atuam na legalidade da
arte."
(Da Redação, com colaboração de T. Rivitti)
(©
UOL Diversão & Arte)
Angela Detanico fala da performance
no encerramento da 27ª Bienal
de SP
Matéria publicada em 15.12.2006
Folha Imagem
A instalação
Pavillion, de Rirkrit Tiravanija,
será palco da performance da dupla
brasileira
Os artistas brasileiros Angela
Detanico e Rafael Lain, que
participam da 27ª Bienal
Internacional de São Paulo, vão
fazer uma performance de música
eletrônica no domingo (17), último
dia da exposição, às 18h. Detanico e
Lain, artistas radicados em Paris,
vão tocar suas composições do
interior da obra "Palm Pavillion",
do artista Rirkrit Tiravanija,
localizada no segundo andar do
Pavilhão da Bienal.
A dupla participa desta Bienal com
um projeto de arte e design gráfico
que estará na publicação "Como Viver
Junto", a ser lançada pela Fundação
Bienal na segunda quinzena de
janeiro de 2007.
Veja abaixo a entrevista que Angela
Detanico concedeu ao UOL.
UOL - Há alguma relação entre o
trabalho de vocês e a obra de
Tiravanija?
Angela Detanico: O trabalho
de Tiravanija propõe uma espécie de
plataforma dentro da Bienal, um
espaço a ser ocupado, vivido,
investido. Este pequeno pavilhão
dentro do pavilhão dá uma escala e
um quadro onde podemos operar; por
outro lado, nossa apresentação ativa
este ponto de encontro. O que
acontece é uma complementaridade.
UOL - O que vocês vão apresentar?
Angela Detanico: Uma versão
sonora de "Separação", trabalho que
desenvolvemos para o livro da
Bienal, só que ao invés de separar
as letras nas páginas, vamos separar
as freqüências nas caixas de som.
UOL - Qual é a participação de
vocês na Bienal?
Angela Detanico: Fizemos um
projeto para o livro "Como Viver
Junto", para o qual foram convidados
outros cinco artistas. O trabalho,
que se chama "Separação", é um texto
que só se completa quando o livro
estiver fechado.
UOL - Parte da obra de vocês liga
design gráfico e arte. Como isso
aparece no livro "Como Viver Junto"?
Angela Detanico: Usamos os
elementos do design gráfico como
material para realizar trabalhos
artísticos. Nós desenvolvemos
tipografias e sistemas gráficos que
depois são aplicados na produção das
peças, sejam elas textos, imagens
fixas ou animadas.
UOL - Qual o interesse de vocês
nas relações entre estas linguagens?
Angela Detanico: Nosso
trabalho se situa "entre" as
linguagens. Não é nem foto, nem
texto, nem vídeo, nem música. São
sempre transposições de códigos de
um para outro meio.
UOL - Como este trabalho chegou à
música?
Angela Detanico: Trabalhamos
com computadores, que são ambientes
onde diferentes linguagens escrita,
visual e sonora coexistem. O
trabalho com som veio naturalmente.
Nossos primeiros projetos artísticos
misturavam som e imagem, com um
trabalho em conjunto com a banda
Objeto Amarelo, em 2001.
UOL - Como está o projeto de
música?
Angela Detanico: Temos
trabalhado bastante em colaboração,
o que é um dos aspectos mais
interessantes de se fazer música,
porque os trabalhos se sobrepõem.
Além do Carlos Issa, do Objeto
Amarelo, recentemente tocamos com
Chiara Banfi e colaboramos com
Dennis McNulty para um projeto de
dança com Takeshi Yazaki e Megumi
Matsumoto. Atualmente, estamos
trabalhando com o compositor
François Sahran, sobre um texto
inédito do poeta Jacques Roubaud.
UOL - O que estão desenvolvendo
atualmente?
Angela Detanico: Estamos
preparando uma exposição individual
para a Galeria Vermelho, em São
Paulo, para o fim de fevereiro de
2007.
(©
UOL Diversão & Arte) |