Il Cavaliere divulga carta pedindo perdão a sua mulher
por flertar com uma deputada
Enric González
em Roma
Silvio Berlusconi divide a Itália. A metade do país o adora. A outra
metade o detesta e defende incondicionalmente sua esposa. As duas
Itálias assistiram na quarta-feira, entre estupefatas e apaixonadas, a
uma briga conjugal pública e terrível. Verónica Lario, a mulher de
Berlusconi, exigiu de seu marido "desculpas públicas" pela primeira
página do jornal "La Repubblica", o menos 'berlusconiano' dos diários,
por tê-la ofendido flertando com uma deputada do Forza Italia. Il
Cavaliere demorou algumas horas, mas reagiu. E pediu perdão de forma
pública, em uma carta aberta na qual reconhece que o casamento atravessa
"um período problemático".
Verónica Lario, nome artístico de Miriam Bartolini, é a segunda mulher
de Berlusconi e, até onde se sabe, o único elemento discreto na vida
desregrada do ex-primeiro-ministro italiano. Não costuma participar de
atos oficiais, não costuma aparecer na imprensa - embora sejam
conhecidas suas tendências progressistas -, não o acompanha nos fins de
semana na Sardenha e não costuma queixar-se. Calou-se inclusive quando
seu marido, em uma entrevista coletiva, brincou sobre um suposto namoro
entre a própria Verónica e Massimo Cacciari, prefeito de Veneza e
filósofo de esquerda. Por isso criou comoção a capa publicada nesta
quarta-feira (31/1) por "La Repubblica", tradicionalmente hostil a
Berlusconi: "Verónica Lario: 'Meu marido me deve desculpas públicas'"
era a manchete.
Os antecedentes eram bem conhecidos do público. Berlusconi chegou ao
jantar dos Telegatti [prêmios televisivos concedidos no último sábado] à
1h da manhã em um estado próximo da euforia. Às 2h, prodigalizava piadas
e propostas de casamento. Às 3h ofereceu-se como letrista ao cantor
Zucchero. Às 4h proclamou que Gianfranco Fini seria seu sucessor como
líder da centro-direita. Isto foi cuidadosamente desmentido por seus
porta-vozes na manhã seguinte. O enésimo show de Berlusconi ocupou amplo
espaço na imprensa.
Não tanto quanto a carta de Verónica. Poucas cartas à redação merecem
tanto alarde tipográfico. Neste caso, justificado. "Com dificuldade
supero a reserva que caracterizou meu modo de ser durante os 27 anos
transcorridos junto de um homem público, primeiro empresário e depois
político ilustre, como o meu marido. Considerei que meu papel deve se
circunscrever principalmente à esfera privada, com o objetivo de dar
serenidade e equilíbrio a minha família. Enfrentei com respeito e
discrição as inevitáveis discussões e os momentos dolorosos que fazem
parte de uma longa relação conjugal. Agora escrevo para expressar minha
reação diante das afirmações feitas por meu marido durante o jantar de
gala que se seguiu à entrega dos Telegatti, no qual, dirigindo-se a
algumas das senhoras presentes, entregou-se a considerações para mim
inaceitáveis: '... se eu não estivesse casado me casaria com você
imediatamente', 'com você iria a qualquer lugar'."
"São afirmações", continua a carta, "que considero lesivas a minha
dignidade, afirmações que pela idade, o papel político e social e o
contexto familiar (dois filhos de um primeiro casamento e três do
segundo) da pessoa da qual procedem não podem ser consideradas simples
comentários jocosos. De meu marido e do homem público, exijo, portanto,
desculpas públicas, não havendo-as recebido em privado. (...) Na relação
com meu marido escolhi não deixar espaço para o conflito conjugal, mesmo
quando seu comportamento criou condições para isso. (...) Sempre levei
em conta as conseqüências que minhas possíveis reações poderiam gerar na
dimensão extrafamiliar de meu marido e em meus filhos. Esta linha de
conduta encontra um único limite, o da dignidade de uma mulher que deve
constituir um exemplo para seus filhos. (...) Diante de minhas filhas,
hoje adultas, o exemplo de uma mulher capaz de defender sua dignidade
diante dos homens assume uma importância particular. (...) Creio que a
defesa de minha dignidade ajudará meu filho a situar entre seus valores
fundamentais o respeito às mulheres, de forma que possa manter com elas
relações saudáveis e equilibradas."
Na metade da manhã os telefones celulares soltavam fumaça. Uma mensagem
circulava por todo o país: "Verónica é grande". Também lançava fumaça a
página da Forza Italia na Internet. Diversas admiradoras de Berlusconi
acusaram "La Repubblica" de ter inventado a carta. Depois, quando não
era mais possível duvidar, chamaram Verónica de tudo. Nos corredores da
Câmara dos Deputados, onde se discutia exatamente o projeto de lei sobre
casais de fato, não se falava em outra coisa. O prefeito de Veneza,
Massimo Cacciari, de reconhecida amizade com Verónica, comentou que a
"belíssima carta" não deveria ter sido publicada, mas acrescentou que
era "evidente" que o casamento dos Berlusconi estava "roto".
O epicentro da tormenta matrimonial se encontrava exatamente na Forza
Italia. Porque a frase de Berlusconi que mais incomodou Verónica, "me
casaria com você imediatamente", foi dirigida a Mara Carfagna, antiga
"velina" (moças que enfeitam quase todos os programas da televisão
italiana) e atual deputada do Forza Italia. Algumas deputadas do partido
assumiram o lado da esposa e aproveitaram para se queixar da abundância
de antigas "veline" no grupo parlamentar. A crise matrimonial ameaçava
se transformar em crise política.
Era preciso intervir, e Berlusconi o fez. Na primeira hora da tarde,
enviou sua própria carta às agências de notícias: "Querida Verónica,
aqui estão minhas desculpas. Era reticente em privado porque sou
brincalhão, mas também orgulhoso. Desafiado em público, a tentação de
ceder é forte. E não resisto a ela. Estamos juntos há uma vida. Temos
três filhos maravilhosos que você preparou para a vida com a atenção e o
rigor amoroso próprios da esplêndida pessoa que é e sempre foi, desde o
dia em que nos conhecemos e nos apaixonamos. Fizemos juntos mais coisas
do que estamos dispostos a reconhecer em um período de problemas e
turbulências. Esta fase terminará, e terminará docemente, como todas as
histórias autênticas. Meus dias são uma loucura, você sabe. O trabalho,
a política, os problemas, os deslocamentos, os exames públicos que não
terminam nunca, uma vida sob pressão constante. (...) Tudo isso abre
espaço para as pequenas irresponsabilidades de um caráter jocoso,
auto-irônico e muitas vezes irreverente. Mas sua dignidade não tem nada
a ver, protejo-a como um bem precioso inclusive quando de minha boca
saem frases irrefletidas. (...) Não, acredite-me, não fiz propostas de
casamento. Desculpe-me, portanto, e lhe suplico que aceite este
testemunho público de um orgulho privado que cede diante de sua cólera
com um ato de amor. Um dentre tantos. Um grande beijo, Silvio."
Verónica Lario não quis comentar a carta de seu marido.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
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El País
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Gli italiani bocciano la lettera di Veronica. Sondaggio Ipr: "Ha convinto di più le donne"
Il 55 per cento degli intervistati non approva l'uscita pubblica della signora BerlusconiE solo per una minoranza dietro la decisione c'è un chiaro intento
I maggiori consensi riscontrati tra il
pubblico femminile e fra gli elettori del centro sinistra
di ALESSIA MANFREDI
ROMA - A caldo, gli
italiani bocciano la lettera aperta di Veronica
Lario, in cui la moglie di Silvio Berlusconi ha
chiesto - ed ottenuto - pubbliche scuse dal
marito per il suo comportamento giudicato
offensivo. Secondo i dati di un sondaggio
commissionato da Repubblica.it alla
Ipr Marketing, e condotto telefonicamente su
1000 persone, il 55 per cento degli intervistati
pensa che la signora Berlusconi abbia fatto male
a chiedere pubblicamente le scuse del marito
dalle pagine di un giornale. Solo per il 33 per
cento è stata una buona idea, mentre il 12 per
cento non ha espresso alcuna opinione.
In generale, la signora Berlusconi raccoglie un
maggiore consenso tra il pubblico femminile e
tra gli elettori del centro sinistra. E solo per
una minoranza dietro la decisione di pubblicare
la lettera c'è un intento politico.
Per il 55 delle signore intervistate, Veronica
Lario ha fatto male a rendere pubblica la
lettera, percentuale identica a quella espressa
dagli uomini. Ma il 37 per cento del pubblico
femminile approva l'iniziativa, contro il 29 per
cento degli uomini. Un maggiore divario c'è fra
chi non ha voluto esprimere un'opinione: l'8 per
cento delle donne, contro il 16 per cento degli
uomini.
Dal punto di vista degli schieramenti politici,
tra chi giudica in modo negativo la lettera, il
62 per cento dichiara che oggi voterebbe per il
centro destra, contro il 47 per cento che
esprime un'intenzione di voto per il centro
sinistra. La situazione si rovescia
specularmente tra chi pensa che quella della
lettera sia stata una buona iniziativa: il 45
per cento voterebbe per il centro sinistra,
mentre il 31 per cento per il centro destra.
Sulle reali intenzione della lettera prevale
l'idea che si sia trattato di uno sfogo privato.
Lo pensa il 50 per cento degli interpellati,
contro il 33 per cento che ci legge dietro un
intento politico. Il 17 per cento del campione
non ha invece espresso opinione. Sostanziale
parità anche nel giudizio di uomini e donne: si
tratta di uno sfogo privato per il 51 per cento
dei maschi e per il 50 per cento delle signore,
mentre il 35 per cento del campione maschile
attribuisce un intento politico all'iniziativa,
contro il 31 per cento delle donne.
Chi vede un intento politico nella lettera di
Veronica Lario voterebbe in maggioranza per il
centro sinistra: il 44 per cento, contro il 25
per cento che darebbe la sua preferenza al
centro destra. All'opposto, il 62 per cento di
chi considera le parole della signora Berlusconi
come uno sfogo privato voterebbe per il centro
destra, mentre il 47 per cento, per il centro
sinistra.
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