Algumas das principais obras do pintor renascentista italiano Piero della Francesca, célebre por sua "pintura luminosa", "divina proporção" e "rigorosa perspectiva", poderão ser vistas em sua Toscana natal (centro da Itália) em três exposições excepcionais.

Do dia 31 de março ao 22 de julho, em sua cidade natal Sansepolcro, em Monterchi, Arezzo, não poderão ser vistas e admiradas apenas as poucas obras transportáveis do artista (do qual inúmeros trabalhos foram perdidos, restando seus quadros a óleo sobre madeira e tela e frescos) mas também outros pintores que seguiram sua lição.

Piero della Francesca nasceu em 1412 (e não em 1415 ou 1520 como se acreditava até hoje) em Borgo San Sepolcro, poucos quilômetros de Arezzo, sul da Toscana. Morreu na mesma cidade, em 1492, ano do descobrimento da América, mas também da morte de Lorenzo de Médicis, que pôs fim de alguma forma ao Renascimento toscano.

Sócio (e não aluno como se acreditava) de Domenico Veneziano, Piero pinta com ele e Bicci di Lorenzo em 1439 um fresco no coro da igreja de São Egidio em Florença com sucessos da vida da Virgem Maria, uma de suas tantas obras perdidas da qual sobrevivem poucos fragmentos.

A partir de 1451 seu talento começa a ser conhecido na Itália onde amadurecem os frutos do Renascimento, com o fresco que elogia a glória de Sigismondo Pandolfo Malatesta no templo Malatestiano de Rímini, e principalmente com a legenda de Vera Cruz, e o fresco de 1452 da igreja de São Francisco (recentemente restaurado e eixo das três exposições).

Apesar de suas pinturas perdidas serem inumeráveis - entre elas os frescos do Castillo Estense e da igreja de São Agustinho em Ferrara, assim como os do Palácio Vaticano - um pequeno tesouro de 22 obras estará presente na grande exposição de Arezzo, no Museu Nacional de Arte Medieval, também restaurado para essa ocasião.

Aqui serão reunidas obras em um empréstimo excepcional, a Virgem de Senigallia (palácio Ducal de Urbino), o díptico dos duques de Urbino (os Escritórios de Florença), a Virgem de Villamarina (Fundação Cini de Veneza) e outras obras-primas que chegaram de diversos lugares.

Também haverá quadros dos pintores que o influenciaram em sua obra ou seguiram seu caminho, como Domenico Veneziano, Pisanello, Jacopo Bellini, Luca Signorelli, Pietro Perugino, o holandês Rogier van der Weyden e outros.

A grande exposição está dividida em dez seções que documentam os primeiros passos do pintor, os estudos de matemática com Luca Pacioli, seu encontro com os neoplatônicos Nicola Cusano e Leon Battista Alberti, sua passagem pelas cortes dos Este em Ferrara, dos Malatesta e dos della Rovere em Urbino e do papa no Vaticano, e seus escritos sobre a perspectiva.

Há também uma grande profusão de códices ilustrados, desenhos, objetos preciosos, esculturas e bronzes que mostram o altíssimo nível alcançado na Itália em todas as ramas do saber, da arte e do artesanato.

"Nobreza de Piero-Piero della Francesca e as cortes italianas" propõe não apenas visitas aos três lugares das mostras (em Borgo Sansepolcro poderá ser vista sua casa-museu e duas obras-primas, a Ressurreição de 1463 e o Político da Misericórdia de 1445, e em Monterchi a Virgem do Parto de 1460) mas também uma viagem pela deliciosa gastronomia da Toscana, com o admirável espetáculo de suas paisagens, palácios e igrejas.

(© Ansa Latina)