A pesquisa de documentos visando a cidadania italiana para os descendentes de
imigrantes residentes no Estado de São Paulo vai se tornar mais fácil. Um
projeto desenvolvido pelo Arquivo Público, com financiamento do BNDES, prevê a
disponibilização na internet de registro de entrada, passaportes, certidões de
nascimento, contratos de terras, fotos e outros documentos de imigrantes
europeus que se estabeleceram no Estado durante o século 19 e começo do século
20.
A primeira leva de materiais já estará disponível a partir de novembro
próximo e se relaciona aos imigrantes que povoaram três núcleos coloniais na
região de Campinas, entre 1886 e 1922. Em 2010, conforme afirmou Carlos
Bacellar, coordenador do Arquivo, serão inseridas outras regiões como Ribeirão
Preto, Mogi das Cruzes e Marília.
Uma página específica para o projeto está sendo desenvolvida e as consultas
poderão ser realizadas a partir do nome do imigrante.
Projeto Núcleos Coloniais de Campinas
Presença do imigrante na memória nacional: preservação e divulgação do
conjunto documental dos Núcleos Coloniais da Região de Campinas (1886-1922) é um
novo projeto do Arquivo Público do Estado, realizado com o objetivo de estimular
estudos sobre a questão da imigração em São Paulo e contribuir para o
entendimento dos deslocamentos populacionais.
O projeto, que conta com o apoio financeiro do BNDES, inclui a higienização,
restauração, microfilmagem e divulgação de aproximadamente 40 mil páginas de
documentação. Também está prevista a criação de um banco de dados, para
disponibilização na internet, com os nomes dos imigrantes citados neste conjunto
documental. Posteriormente, os nomes de imigrantes de outros Núcleos Coloniais
serão inclusos. Esta iniciativa deve auxiliar os muitos visitantes que vêm ao
Arquivo para consultar documentos sobre imigração a fim de obter cidadania de
outro país ou para completar a sua genealogia.
O conjunto documental Núcleos Coloniais da região de Campinas é composto por
mapas, levantamento de vias fluviais, relação de despesas e prestação de contas
relativas à administração dos núcleos, recibos, contratos, controle de
distribuição de insumos, editais, atestados de bons antecedentes, relações de
lotes vagos, designação de lotes provisórios, marcações, requerimentos,
correspondências, entre outros.
Fazem parte deste conjunto os registros de entrada de imigrantes nas
hospedarias de São Paulo e São Bernardo do Campo, e também documentação da
Comissão de Discriminação de Terras, responsável pela medição e legalização de
propriedade dos lotes dados ou vendidos aos imigrantes.
HISTÓRIA
Os Núcleos Coloniais foram estabelecidos no final do século XIX e início do
século XX no escopo da política de incentivo à imigração de europeus para o
Brasil. A implantação destes Núcleos ocorreu em diversos locais do estado, como
Campinas, São Bernardo do Campo, Guaratinguetá, Ibitinga, Iguape, Mogi das
Cruzes e Ribeirão Preto, entre outros. Foram estabelecidos em terras do estado e
loteados entre os imigrantes. A principal atividade era a agricultura para a
produção de alimentos, que eram vendidos para os mercados locais. Ao contrário
de outras regiões do país, os núcleos coloniais paulistas não tinham o objetivo
de povoar a região, e sim de obter mão-de-obra complementar às grandes fazendas.