(© Oriundi)

Associação em Portugal quer mudar imagem de brasileiras

Lisboa - O advogado Gustavo Behr, que assume nesta sexta-feira a presidência da Casa do Brasil - entidade que representa os imigrantes brasileiros em Portugal -, promete para os próximos dois anos lutar pelos direitos dos imigrantes e mudar a imagem estereotipada da mulher brasileira em Portugal.

Os mais de mil sócios da Casa do Brasil de Lisboa (CBL) participam nesta sexta das eleições, e a única lista candidata é a liderada por Gustavo Behr, que vive há 19 anos em Portugal.

Em declarações à Agência Lusa, o futuro presidente da CBL disse que durante o seu mandato vai continuar a lutar pelos direitos e pela plena integração em Portugal de todos os imigrantes.

A luta pela legalização dos imigrantes que se encontram em situação irregular é a grande batalha de Gustavo Behr, que pretende também dar destaque às questões da mulher brasileira, que em Portugal tem uma imagem estereotipada, ligada ao turismo sexual.

Estabelecer parcerias com outras associações de estrangeiros, participar nos organismos nacionais e europeus ligados à imigração e fortalecer a representação dos brasileiros em Portugal são outros objetivos que Gustavo Behr quer concretizar nos próximos dois anos.

O futuro presidente da instituição adiantou que pretende igualmente fomentar a divulgação da cultura brasileira em Portugal e organizar debates políticos e sociais ligados ao Brasil.

Casa do Brasil

Criada em janeiro de 1992, a CBL tinha como objetivo iniciar divulgar o Brasil em Portugal e apoiar os brasileiros que naquela ocasião começam a chegar a Portugal.

"Muita coisa mudou desde a sua fundação em relação aos brasileiros. Na época, eram em número reduzido, e o quadro dos problemas era diferente. Não havia a questão da ilegalidade", disse Heliana Biba, que deixa nesta sexta a presidência da instituição e que está na CBL desde a sua origem.

Atualmente, a CBL apoia e defende os direitos não só dos brasileiros, mas também de todos os estrangeiros que vivem em Portugal, disse.

Apesar de participarem do ato eleitoral os cerca de mil sócios, a CBL tem mais de 5 mil brasileiros residentes na região de Lisboa. Os brasileiros são atualmente a maior comunidade estrangeira residente em Portugal, onde vivem cerca de 90 mil em situação regular.

Segundo o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, vivem legalmente em Portugal cerca de 75 mil brasileiros. A estes juntam-se os cerca de 15 mil que obtiveram um visto de trabalho ao abrigo do "Acordo Lula", que permite a legalização de brasileiros que tenham entrado em Portugal até 2003 e que paguem determinados impostos.

Recentemente, o cônsul do Brasil em Lisboa, Júlio Zelner Gonçalves, calculou que possam viver em Portugal entre 200 a 250 mil imigrantes oriundos do Brasil.

Para chegar a este número, o cônsul juntou os 90 mil que vivem em situação regular, os 60 mil ilegais que estima existirem, os brasileiros com visto de turista e os que já adquiriram a nacionalidade portuguesa.

De acordo com Zelner Gonçalves, a ilegalidade e a exploração no trabalho são os principais problemas dos brasileiros que vivem em Portugal. Segundo o Consulado do Brasil em Lisboa, a maioria dos brasileiros residentes em Portugal está concentrada na região de Lisboa e trabalha nos ramos da construção civil, restaurantes e no comércio.

(© Agência Lusa)

Brasileiros são os mais barrados pela imigração britânica

da BBC, em Londres

Pelo segundo ano consecutivo, em 2005 os brasileiros lideraram a lista de pessoas impedidas de entrar no Reino Unido, de acordo com dados do Ministério do Interior britânico.

Nesse ano, 5.195 brasileiros que chegaram a portos e aeroportos da Reino Unido tiveram sua entrada barrada e foram obrigados a embarcar de volta para o Brasil.

O número é levemente superior ao registrado em 2004, quando o Brasil chegou ao topo da lista de imigrantes proibidos de pisar em solo britânico, com 5.180 brasileiros barrados.

Por outro lado, o Brasil também figura entre as primeiras posições na relação de países com o maior número de pessoas admitidas no Reino Unido.

Em 2005, o país foi o quarto com a maior quantidade de cidadãos autorizados a entrar no país europeu - 160 mil, ficando atrás apenas de Estados Unidos, Canadá e Rússia.

O número de brasileiros admitidos no país também aumentou em 19 mil em relação a 2004.

Carteiras de identidade

O Brasil subiu para o topo da lista dos países com mais cidadãos barrados na Reino Unido após a entrada de dez novos países na União Européia, em 2004, já que antes da mudança, a Polônia liderava o ranking.

Além disso, as duras medidas adotadas pelos Estados Unidos para diminuir a entrada de imigrantes ilegais no país após os ataques de 11 de setembro de 2001 fez com que muitos brasileiros trocassem seu destino pelo Reino Unido.

Porém, o país europeu se aproxima cada vez mais dos Estados Unidos quando o assunto é o controle da entrada de imigrantes ilegais.

Nesta sexta-feira, o governo britânico deve anunciar novas medidas que darão mais poderes ao Serviço de Imigração e prevêem carteiras de identidade para cidadãos que não fazem parte da União Européia.

O chamado Borders Bill (Projeto de Fronteiras) é o quinto projeto sobre imigração adotado nos últimos oito anos.

De acordo com o governo, o sistema de carteiras de identidade, que exige dados biométricos, como impressões digitais e fotografias digitais, facilitaria a distinção entre imigrantes legais e ilegais.

Punições

O ministro de Imigração, Liam Byrne, disse que este ano pretende aumentar as punições para comércios que desrespeitarem as leis e empregarem imigrantes ilegais.

"O trabalho ilegal vai ficar muito mais difícil com o Sistema de Identidade Nacional. Por meio de um único número de referência, qualquer empregador seria capaz de checar se a pessoa tem permissão para trabalhar no Reino Unido", disse Byrne.

A carteira de identidade deve ser um duro golpe para os imigrantes brasileiros ilegais que viajaram ao Reino Unido para trabalhar e juntar dinheiro para voltar para o Brasil.

Não existem dados confiáveis sobre o número de brasileiros vivendo no Reino Unido, já que a maioria se esconde até do consulado brasileiro por não ter documentos para permanecer no país.

No entanto, de acordo com estimativas do Itamaraty, baseadas em levantamentos de igrejas evangélicas que atuam no Reino Unido, mais de cem mil brasileiros morariam no país, metade deles em Londres.

(© BBC Brasil)