Espanha, França e Itália estão se organizando para patrulhar juntas o
Mar Mediterrâneo com o objetivo de desbaratar o tráfico humano e o crime
organizado, declarou, na última quinta-feira (1), o chefe de Governo
espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, em coletiva de imprensa após a
reunião bilateral com o premier italiano, Silvio Berlusconi, em Roma.
"Estamos fazendo o necessário para criar entre Itália, Espanha e
França uma rede do mar para que nossos ministérios do Interior e da
Defesa possam cooperar para descobrir e reprimir o tráfico de pessoas e
de drogas por organizações criminosas", ressaltou Zapatero.
Em novembro, o comissário da União Européia (UE) para a Justiça e a
Segurança, o italiano Franco Frattini, disse que a comissão pretende
criar uma força de segurança mediterrânea para combater a imigração
ilegal do norte de África. Em 2006, a UE terá condições de trabalhar na
criação de uma guarda mediterrânea, da qual participarão vários países
do bloco, acrescentou Frattini.
A Itália e a Espanha enfrentam constantemente a chegada massiva de
imigrantes ilegais em seu litoral e "este fenômeno está destinado a
aumentar", afirmou Berlusconi. Segundo ele, esse problema é prioritário
para a Europa.
Roma e Madri também querem um "acordo equilibrado" sobre o orçamento
da UE e esperam propostas da presidência de turno britânica, concordaram
Zapatero e Berlusconi.
"Queremos um acordo sobre as perspectivas financeiras da UE e
queremos que esse acordo seja equilibrado e razoável", disse Zapatero.
"Esperamos novas propostas da presidência britânica para o dia 5 de
dezembro e, na espera, temos que permanecer prudentes e não adiantar
posições".
O premier italiano disse também que retirar as tropas do Iraque seria
condenar o país a uma "situação de caos e guerra civil". Ele disse que
prevê uma retirada progressiva das tropas, mas que "é importante que as
forças permaneçam no país para permitir a manutenção da ordem pública e
para que possa ser formado um Estado democrático e unido".
Berlusconi lembrou que "a Itália não participou da operação militar"
no Iraque, e sim fez uma intervenção em "missões de paz a partir de uma
resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas".
O premier ressaltou também que os 3 mil militares italianos no Iraque
"não só realizam operações de ordem pública mas também um eficaz serviço
civil".
Berlusconi apoiou uma proposta de Zapatero para que a UE destine 3%
dos fundos ao controle de fronteiras e a ajuda a países de origem e
trânsito de imigração.