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O antifascismo no mundo da diáspora italiana: elementos para uma análise comparativa a partir do caso brasileiro

03/10/2001

 

 

João Fábio Bertonha
Universidade Estadual de Campinas, Brasil

(Texto originalmente publicado no site AltreItalie - Riviste Internazionale di studi sulla popolazioni di origine italiana nel mondo. www.fga.it/altreitalie)

Bibliografia

Entre 1922 e 1945, um conflito em especial marcou a coletividade italiana de São Paulo: o havido entre fascistas e antifascistas. De fato, por um período de mais de 20 anos, italianos pró e contra Mussolini se digladiaram pela conquista dos italianos locais e recentes análises (Trento, 1988, 1989 e 1994) tem demonstrado como a coletividade italiana, apesar de não ter aderido em massa aos organismos fascistas como os fasci all'estero e os Dopolavoro, apresentou uma firme simpatia pelo regime fascista e uma tendência a recusar a mensagem do antifascismo. Discutir essa situação e, especialmente, as causas das dificuldades do antifascismo italiano em se afirmar no Brasil é o objetivo desse texto.
            Nesse ponto, é necessária uma observação. Esse artigo tem seu foco central de preocupações no fascismo e, especialmente, no antifascismo italiano em ação no Brasil e devemos concentrar o grosso de nossas análises e comentários, obviamente, no mesmo. Ainda assim, a referência contínua à bibliografia internacional sobre o antifascismo pretende não só confrontar o caso brasileiro com outros, como também fazer reflexões mais gerais sobre a questão do antifascismo no mundo da diáspora italiana, o que amplia, sem dúvida, o alcance e o significado desse texto.

Fascismo e antifascismo italianos no Brasil: um breve resumo

Desde os inícios de suas atividades, o Partido fascista (e depois, o governo fascista) procurou transferir seus ideais para seus concidadãos residentes no exterior. Nesse sentido foi feito todo um esforço no sentido de manter viva a italianidade entre os imigrantes e seus descendentes e de inculcar a ideologia fascista entre eles, de forma a manter os laços entre as comunidades italianas espalhadas pelo mundo e a Itália fascista
            São Paulo não fugiu à regra1. Desde 1923, começam os esforços fascistas para cativar os italianos e seus descendentes residentes no Estado. É principalmente a partir de 1928, porém, com a chegada dos cônsules
«fascistas» ao Brasil (Cervo 1992, pp. 89-112), que os esforços fascistas serão redobrados, com todos os meios sendo empregados na tarefa de cativar os imigrantes.
            E que meios seriam estes?2. Na realidade, o fascismo se serviu de duas vias principais para a busca do consenso no seio da comunidade italiana. De um lado, procurou-se fazer uma penetração direta nesta comunidade através da expansão da rede consular e da implantação, em São Paulo, de órgãos fascistas propriamente ditos: os «fasci all'estero», os «Dopolavoro», etc.
            Ao mesmo tempo em que implantava seus instrumentos de propaganda e doutrinação no Brasil, o fascismo italiano ia agindo por outras vias no esforço supremo de conquistar as mentes e as almas dos italianos residentes em São Paulo. Nesse sentido, o consulado italiano foi agindo, no decorrer de todos os anos 20 e 30 e mais especialmente após a chegada em São Paulo do cônsul Serafino Mazzolini (dedicado propagandista do regime) em 1928, com a intenção de controlar os órgãos que davam vida à assim chamada «colônia italiana». Escolas, jornais, associações (… ), esses órgãos foram caindo um após o outro sobre o controle do fascismo, que os transformava em novos instrumentos para a difusão dos valores do regime.
            Uma grande estrutura de propaganda foi, assim, organizada com o objetivo de difundir o fascismo em São Paulo. Uma avaliação mais segura do sucesso dessa campanha entre os italianos e brasileiros ainda está sendo desenvolvida, mas não resta dúvida que a ação do fascismo italiano em São Paulo foi bastante apreciável, merecendo uma atenção maior da historiografia que, até agora, dedicou-se apenas marginalmente ao tema3.
            Desde os inícios da penetração do fascismo em São Paulo, porém, este enfrentou a oposição de homens que não concordavam com aos atos do regime de Mussolini e que traziam esta luta para a terra paulista.
            Já em 1919, de fato, periódicos de esquerda ligados à colônia italiana (como o anarquista Alba Rossa e outros) começam a publicar textos contra o fascismo. A primeira manifestação sistemática de antifascismo italiano em São Paulo foi, porém, a fundação do jornal La Difesa em 1923, por iniciativa de Antonio Piccarolo, socialista moderado italiano radicado no Brasil desde 1908 e muito ativo na vida da coletividade4.
            Esse jornal abrigará várias correntes antifascistas (como os republicanos, os socialistas e os antifascistas ligados à Lega Italiana dei Diritti dell'Uomo – LIDU) no seu interior, o que levará a conflitos internos. Em 1925, os antifascistas italianos aglutinados em torno do La Difesa conseguem criar a primeira instituição antifascista real: a Unione Democratica, sendo La Difesa seu órgão oficial.
            No início de 1926, uma assembléia da Unione Democratica faz com que ela se incorpore à LIDU e, ainda nesse ano, Piccarolo abandona – pelo que consta, por razões pessoais – a direção do jornal e, apesar de continuar trabalhando nele, a transfere para o antifascista italiano Francesco Frola, recém chegado da Europa.
            Frola introduz mudanças no jornal, abrindo-o para outros antifascistas italianos como os anarquistas Oreste Ristori, Angelo Bandoni e Alessandro Cerchiai; os comunistas Goffredo Rosini e Ertulio Esposito e muitos outros. Devido a esta abertura (inimaginável nos tempos de Piccarolo) e a outros fatores (Bertonha, 1995), Frola entra em atrito com Piccarolo, disputando com ele o privilégio de se tornar o representante brasileiro da Concentrazione Antifascista (união de partidos políticos italianos antifascistas, com sede em Paris) e o controle do La Difesa. Piccarolo vencerá esse conflito em 1930, transferindo a direção do jornal para Nicola Cilla e Mario Mariani, antifascistas recém chegados à São Paulo e que conduzirão, junto com Piccarolo, os destinos do La Difesa até seu fim em 19345.
            A experiência do La Difesa conduzida centralmente pelos socialistas, de diferentes matizes, italianos6 – foi a mais importante dentro do antifascismo italian no Brasil. Mesmo durante a existência do La Difesa, porém, outros grupos e correntes mantinham seus jornais e organismos de luta antifascista, como o Bolletino del Gruppo Socialista Giacomo Matteotti; o Il Becco Giallo de Nino Daniele, o I quaderni della Libertà de Alessandro Cerchiai, o Italia Libera de Pasquale Petraccone e outros. Estes grupos mantinham um bom relacionamento com o La Difesa na gestão Frola mas colidiram violentamente com o jornal quando ele retornou às mãos da tríade
«Piccarolo, Cilla e Mariani» em 1930, gerando conflitos internos que ajudaram a minar o antifascismo.
            Com o fim do La Difesa e da Concentrazione em 1934, o mundo antifascista italiano de São Paulo começou a perder fôlego. Ainda assim, ele continuou a lutar, através de movimentos contra a guerra da Etiópia em 1935 e de novos jornais, para vencer a propaganda dos fascios (Bertonha, 1995).
            A brutal repressão contra a esquerda pelo governo brasileiro pós 1935 será um sério problema para o antifascismo italiano, que viu cortados os fortes e fundamentais laços que eles haviam conseguido construir com organismos antifascistas, sindicatos e mesmo partidos políticos brasileiros (com ênfase no Partido Socialista Brasileiro) entre 1932 e 1937 e amargou a expulsão ou prisão de boa parte de sua liderança como Frola, Ristori, Esposito, Rosini e outros. Todos esses fatores (que discutiremos mais a fundo em seguir), ajudam a levar o antifascismo italiano de São Paulo a um estado de quase que total apatia no final dos anos 307, o que só será parcialmente modificado na experiência de 19428.
Essa situação de fracasso do antifascismo merece, claro, uma boa explicação. Em princípio, o antifascismo perdeu porque o fascismo ganhou e, para entendermos como isso se deu, teríamos que abordar e discutir as complexas razões que parecem ter conduzido os ítalo-brasileiros a uma adesão concreta ao fascismo (no caso das elites e classes médias de origem italiana) ou, o que foi mais comum, a um sentimento difuso e generalizado de apoio e simpatia à Itália, à Mussolini e ao fascismo, o que é um pouco difícil.
            Tratar dessa questão como ela merece demandaria, de fato, uma discussão de diversas questões – como a posição em relação ao fascismo de setores das classes dirigentes brasileiras do período e o seu porquê – que teriam de ser levadas em conta, assim como certas sutilezas do processo (a diferença geracional, o problema da inserção social dos grupos de imigrantes, as variações entre os anos 20 e 30) precisariam ser abordadas para dar um tratamento adequado ao tema.
            A possibilidade de realizar isso num artigo de ambições limitadas é bem remota. Na realidade, contudo, entendemos que a relação vitória/derrota entre fascismo e antifascismo é mais complexa do que pode parecer à primeira vista.
            De fato, o antifascismo perdeu a batalha em grande parte porque foi derrotado pela propaganda fascista em disputas absolutamente vitais e que vamos abordar (como a atração do apoio do governo e da opinião pública brasileiras e a identificação da italianidade com fascismo ou antifascismo) e também, claro, pelo fato do fascismo ter consolidado seu poder na própria Itália.Por outro lado, porém, o fascismo também ganhou justamente por não encontrar um antifascismo forte e sedimentado na colônia italiana do Brasil. Discutir não só essas batalhas chave do fascismo com o antifascismo como também os problemas particulares que enfraqueceram o antifascismo e o impediram de lutar eficientemente contra o fascismo será o eixo central de nossa discussão, necessária para se entender as dificuldades do antifascismo italiano em se afirmar no Brasil.
           

O fracasso do antifascismo italiano no Brasil. Uma discussão9

A questão que permeia todo esse texto é, como já foi explicitado, a busca de informações para entender como e porque o antifascismo ítalo-brasileiro fracassou e finalmente entrou em colapso no decorrer dos anos 20 e 30.
            Responder a essa questão de forma apropriada é bastante difícil e uma das formas de sanar essa dificuldade é, em nossa opinião, o recurso à história comparativa, que deve facilitar – dada a possibilidade de contrastar o caso brasileiro com outros contextos e países onde se travaram lutas semelhantes – a tarefa de entender os sucessos e os fracassos do antifascismo italiano no Brasil do entre guerras.
            Antes de tudo, porém, uma definição conceitual é necessária. O que se deve entender por «fracasso» do antifascismo? Como é possível definir se o movimento antifascista fracassou ou não?
            No nosso entender, essa questão de sucesso e fracasso deve ser pensada de forma dupla. De um lado, deve-se observar a resultante da interação do antifascismo com o fascismo e de sua disputa pelos órgãos da vida da colônia e, especialmente, pela lealdade e apoio da coletividade italiana local10. De outro, deve-se analisar a capacidade ou a incapacidade do antifascismo de se manter como movimento ativo e de responder à propaganda fascista. Nesse sentido, podemos perceber como a discussão do fracasso antifascista gira em torno de dois níveis analíticos diversos: o resultado de sua interação e choque com o fascismo e o seu desenvolvimento interno e capacidade de auto manutenção, que também ajudam a explicar, aliás, o resultado de sua luta contra a propaganda fascista.
            É bastante curioso, de fato, passar os olhos pela bibliografia internacional relativa ao tema da reação das comunidades italianas do exterior ao fascismo. É possível perceber, realmente, como em alguns dos países transoceânicos como os Estados Unidos, o Canadá, a Austrália e o Peru11, as comunidades italianas mostravam mais receptividade ao fascismo, enquanto em vários países europeus (como França, Bélgica e Luxemburgo) e na Argentina/Uruguai, as propostas do antifascismo conseguiram, mesmo sem ofuscar totalmente o fascismo, maior atenção12.
            É importante observar que, sem dúvida, nem fascismo nem antifascismo conseguiram conquistar completamente as comunidades italianas emigradas e que o que houve realmente foi a presença de minorias politizadas de lado a lado disputando uma esmagadora maioria não politizada e que se inclinava apenas em termos genéricos e difusos entre o fascismo e o antifascismo. De fato, o que podemos identificar são locais onde a minoria fascista foi mais forte e a minoria antifascista mais fraca e um fascismo «difuso» (ou seja, de filiação mais emocional que ideológica e menos definida) esteve espalhado pelo grosso da comunidade italiana e outros onde a minoria antifascista teve mais força que o fascismo e conseguiu, se não espalhar um antifascismo «difuso» entre os italianos, ao menos quebrar o consenso em relação ao fascismo.
            Foge aos objetivos desses artigo discutir pontualmente as razões que explicam como, em cada contexto, se desenvolveu a relação fascismo X antifascismo. Algumas dessas questões terão que ser obrigatoriamente mencionadas (como a questão do fascismo como identificador étnico ou a popularidade do fascismo entre os governos e as opiniões públicas dos países ocidentais no entre guerras), mas nos parece que o grosso de nossas reflexões deve se centrar na questão da capacidade ou incapacidade do antifascismo de se manter e de se auto sustentar como movimento autónomo e permanecer combatendo o fascismo.
            De fato, tudo parece indicar que um dos fiéis da balança da luta fascismo X antifascismo era a existência de um movimento antifascista forte e capaz de contra atacar sistematicamente a propaganda fascista voltada aos emigrantes. Sendo assim, nada mais correto que centrar nossas preocupações nas razões que explicam a força ou a fraqueza do antifascismo em diversos contextos e, especialmente, no caso brasileiro.
            Nesse sentido, os resultados de pesquisa sobre o caso brasileiro são bastante esclarecedores. Cremos ser desnecessário, a esta altura, retomar a história do antifascismo italiano no Brasil e demonstrar sua fraqueza e finalmente seu colapso como força organizada no decorrer dos anos 30. Alguns dados comparativos podem, porém, nos ajudar a colocar em perspectiva a dificuldade dos antifascistas em criar e manter um movimento de oposição sistemática ao fascismo no Brasil daqueles anos.
            Em primeiro lugar, é evidente a fraqueza da imprensa antifascista. Realmente, os jornais antifascistas não só nasciam e morriam com imensa facilidade (com a exceção do La Difesa) como são numericamente inferiores aos jornais fascistas13. Isso causa um imenso contraste com, por exemplo, a França, onde, dos 230 periódicos italianos existentes no entre guerras, nada menos que 180 eram antifascistas (Dreyfus, 1985; Tosi, 1988). O caso belga, onde 20 dos 31 jornais italianos do período eram antifascistas (Morelli, 1981) também mostra a fraqueza comparativa da imprensa antifascista italiana no Brasil.
            A questão das associações também revela imensos contrastes do caso brasileiro com o de outros países. De fato, enquanto os antifascistas italianos de São Paulo não conseguiram salvar virtualmente nenhuma das associações italianas (com a exceção da Lega Lombarda) da conquista fascista e nem criar associações antifascistas duradouras, aqueles presentes na Bélgica ou na França (Couder, 1993) tiveram muito mais sucesso, enquanto os residentes na Suíça conseguiram até mesmo criar uma sólida rede de escolas, colônias de férias e outras associações para se contrapor às equivalentes fascistas (Bresadola, 1974; Fedele, 1979; Signori, 1979 e 1983). Isso para não falar do caso argentino, onde os antifascistas dominaram a maior parte das associações italianas até o fim da II Guerra Mundial e geraram um «clima» antifascista tão grande na coletividade que Ângelo Trento (Trento, 1992) não hesita em classificar a Argentina como o país de imigração italiana menos receptivo ao fascismo.
            Explicar essa situação de fraqueza interna do antifascismo é tarefa que requer bastante paciência para examinar pontualmente cada possível fator de força ou de fraqueza do antifascismo. Ainda assim, é um trabalho necessário e deve ser feito.
            O primeiro aspecto que poderíamos elencar como fator de enfraquecimento do antifascismo foram as dissenções internas. De fato, como vimos, não só grupos anarquistas, por exemplo, viviam em contínua disputa com os socialistas e republicanos da Concentrazione como mesmo entre os socialistas (o grupo antifascista mais importante no Brasil) o conflito, por questões pessoais e ideológicas, era intenso, como a disputa entre Frola e Piccarolo demonstra exemplarmente (Bertonha, 1994, cap. 5).
            Seria um erro subestimar o quanto essas divisões internas enfraqueceram o antifascismo ao desviar suas energias do combate principal contra o fascismo. Isso era, aliás, percebido claramente pela imensa maioria dos antifascistas14 e pela própria polícia italiana, satisfeita pelos antifascistas gastarem suas forças uns contra os outros ao invés de combater o consulado, o fascio e outros órgãos fascistas em São Paulo.
            Ainda assim, nos parece que a importância dessas divisões internas é superavaliada. As disputas entre os grupos antifascistas e as internas aos socialistas foram realmente fortes e prejudiciais, sem dúvida, ao esforço antifascista, mas não parecem ter sido suficientes para paralisar – por si só – a ação antifascista, que, mesmo com os grupos separados, continuou se desenvolvendo.
            De fato, um exame da ação dos diversos grupos antifascistas revela que, mesmo nos momentos em que as disputas estavam mais violentas, a atividade antifascista – publicação de livros e jornais, palestras, cerimônias – continuava ativa e que ao menos em parte as idéias antifascistas continuavam a circular. Uma maior união teria, sem dúvida, canalizado mais energia para o antifascismo, mas a sua falta não é suficiente para explicar sua fraqueza. Eram, de fato, fatores externos às organizações antifascistas que determinavam problemas aos antifascistas e não o simples fato de eles estarem divididos ou não. Temos, portanto, que ver o processo de forma global e não apenas internamente, de maneira que possamos ter uma visão mais clara do objeto que estamos estudando.
            Um outro fator que a historiografia internacional a respeito do tema (Fanesi, 1989 e 1994; Cresciani, 1979 e 1988; Liberati, 1984a e outros) indica como explicação para a fraqueza do antifascismo italiano em diferentes contextos – a não existência de uma liderança de refugiados políticos italianos (os «fuorusciti») apta a reestruturá-lo e ativá-lo – não se sustenta no caso brasileiro: ao lado de lideranças já a mais tempo no país (como Antonio Piccarolo, Oreste Ristori e outros) os «fuorusciti» (como Frola, Rosini e Mariani) foram presença constante na luta antifascista italiana no Brasil e sua falta não merece ser elencada como fator de debilidade do antifascismo.
            Uma outra questão mencionada internacionalmente como importante para explicar a força ou a fraqueza do antifascismo italiano em diversos lugares é a sua relação com as forças políticas locais. Se ela ocorre, podemos ver o antifascismo italiano com mais força. Se não, o antifascismo enfraquece.
            Esse aspecto da luta antifascista merece, ao que tudo indica, ser estudado com mais cuidado. De fato, uma rápida verificação da literatura disponível sobre locais onde o antifascismo italiano não teve tanta força, como a Austrália e o Canadá15, revela que a ausência de laços firmes com forças políticas locais teve peso chave para explicar essa fraqueza.
            Isso fica ainda mais claro quando examinamos os países onde o antifascismo italiano foi mais forte. De fato, todas as informações disponíveis sobre os casos belga, francês, luxemburguês suiço e argentino16 revelam as imensas ligações dos antifascistas italianos com as forças políticas locais (especialmente os socialistas) e o quanto de oxigênio essas ligações deram aos militantes italianos. Claro que essas ligações não evitavam, por exemplo, problemas dos antifascistas com a polícia17 e nem podiam, por si só, levantar o antifascismo italiano quando outros fatores inibiam seu crescimento18.
            Eram, porém, uma fonte inesgotável de energia aos antifascistas e sua presença/ausência realmente é uma das chaves para explicar a capacidade ou incapacidade do antifascismo italiano em se sustentar no exterior.
            Passando ao caso brasileiro, podemos realmente notar que boa parte do fracasso antifascista no Brasil parece ter se dado pela ausência de laços fortes e seguros dos antifascistas com as organizações de esquerda locais, o que não indica, porém, que os próprios antifascistas fossem os culpados dessa situação.
            Cresciani (1979), por exemplo, apresenta a ausência de contato dos antifascistas italianos da Austrália com as forças políticas locais como algo quase deliberado de um grupo relativamente isolado da sociedade australiana. No Brasil, a situação é um pouco mais complexa. De fato, podemos ver como, nos anos 20, o grupo chave do antifascismo – os socialistas -, sob domínio de Antonio Piccarolo e de suas idéias reformistas e anticomunistas hesitava, e muito, em se aliar a quaisquer grupos políticos que não compartilhassem suas idéias, o que o levava a restringir seus laços políticos com os socialistas reformistas brasileiros e o Partido Democrático. Não apenas, porém, esses socialistas reformistas brasileiros eram fracos demais para dar um apoio consistente aos seus colegas italianos, como tudo indica que, mesmo se o antifascismo tivesse aberto suas portas para alianças com outras forças políticas locais, não teria grande sucesso, pois a questão do combate ao fascismo ainda era considerada, nos anos 20, algo a ser resolvido entre italianos e que não interessava aos brasileiros19.
            Nos anos 30, a maior abertura de líderes como Frola a outras forças da esquerda nacional e a própria percepção desta esquerda da necessidade de combater o fascismo ampliou os laços entre os antifascistas brasileiros e italianos e deu, efetivamente, nova força ao antifascismo italiano que, se talvez não estivesse conseguindo se impor na coletividade italiana, passou a contar com uma rede de solidariedade brasileira que foi fundamental para a sua preservação (Bertonha, 1995). A repressão de Vargas em meados dos anos 30 eliminou essa rede e isso, sem dúvida, colaborou para o colapso do antifascismo no final da década de 30.
            Esse colapso não pode, porém, ser creditado às ações dos antifascistas italianos. Se, no caso do grupo de Piccarolo, há uma resistência contínua a alianças com quem não compartilhasse seu pensamento, os outros grupos agiram com vigor real na busca de apoios que os fortalecessem e tiveram sucesso nessa tarefa até a repressão eliminar a todos. Nem conflito interno, nem falta de liderança, nem política deliberada de evitar contatos com os nacionais: é no contexto de funda repressão à esquerda e de fraqueza da mesma no cenário político brasileiro do período que devemos procurar as causas do fracasso dos antifascistas em conseguir alianças mais sólidas e que lhes dessem maior força.
            Um outro aspecto do contexto do período a considerar quando tentamos entender as causas do fracasso antifascista e do sucesso fascista é a aparentemente ampla e declarada simpatia à Roma dentro da opinião pública e do governo brasileiros no período. Essa é uma simpatia em grande parte dirigida à Itália e ao povo italiano, tradicionais amigos e aliados do Brasil (Cervo, 1992), mas não só o fascismo conseguiu se apropriar dessa simpatia associando a imagem da Itália a sua como alguma simpatia é dirigida especificadamente à Mussolini e ao fascismo, visto como o iniciador de uma era de estabilidade e progresso para a Itália e como o criador de um remédio apto a resolver os problemas sociais do capitalismo sem cair no comunismo.
            Claro que um estudo mais pormenorizado dessa aparente simpatia deve ser feito para absorver as especificidades de período, classe, região, etc20. Há indícios, contudo, que ela foi real. De fato, se quiséssemos elencar exemplos de figuras governamentais, da imprensa, do clero e outras que manifestaram seu apreço pelo fascismo no Brasil dos anos 20 e 30, poderíamos ocupar várias páginas desse texto, mas não é o caso . Basta relembrar como, apesar dos enormes esforços dos antifascistas italianos – de todos os grupos – para demonstrar a falsidade da amizade fascista pelo Brasil, a falácia de suas conquistas sociais, a repressão e a miséria dos italianos, etc (Bertonha, 1992 e 1996), eles parecem não ter tido sucesso, o que é explicável pela desconfiança geral da esquerda e pela enorme disparidade de recursos para a propaganda, em termos de dinheiro e material (Seitenfus, 1990, pp. 39-40) entre fascistas e antifascistas italianos em ação no Brasil.
            Há mais, porém, a ser estudado quando pensamos na questão da dificuldade do antifascismo em promover sua causa na opinião pública brasileira. Sem dúvida, a disparidade de recursos financeiros e a falta de um sólido apoio de forças políticas locais contribuía para diminuir as possibilidades da mensagem antifascista ecoar com força na sociedade brasileira. Era também, porém, uma questão de cultura política. De fato, em países como – para ficarmos apenas na área geográfica mais próxima ao Brasil e para não mencionar o excepcional caso francês – a Argentina e o Uruguai, uma cultura mais direcionada à esquerda permaneceu forte (em boa parte, aliás, por causa da imigração italiana) e manteve um clima laico, de defesa da democracia e antifascista por quase todo o período entre guerras (Marocco, 1986 e 1993; Fanesi, 1991 e Franzina, 1995, pp. 369-371), o que teve implicações chave para os refugiados italianos.
            Realmente, se preservou, nesse contexto, um espaço político onde o antifascismo italiano pôde sobreviver e germinar mesmo quando o fascismo acumulava vitórias e se firmava no poder na Itália. Isso não significa dizer, claro, que não tenha havido vozes pró fascismo nesses países, mas o fato é que o espaço político que os antifascistas italianos da Argentina, por exemplo, dispunham (graças a partidos de esquerda mais sólidos como aliados e à uma cultura política menos voltada à direita, era muitas vezes superior ao disponível para os antifascistas italianos do Brasil, o que sem dúvida é de fundamental importância para explicar a força de um e a fraqueza de outro.
            Essa falta de espaço político se refletia numa questão chave: o apoio governamental. É visível na bibliografia internacional que o apoio ou a neutralidade dos governos estrangeiros era fundamental para o sucesso do fascismo e sua propaganda. E isso não apenas no campo institucional (prestigiando suas atividades, etc), mas também num sentido mais amplo: muitos italianos e descendentes de italianos nos países de imigração sentiram-se muito mais tranquilos para apoiar o fascismo quando sabiam que não teriam problemas com seus governos e nem a rejeição de suas sociedades.
            Ao lado da tolerância com a propaganda fascista pela maior parte do tempo, os governos dos países de imigração italiana habitualmente dificultavam enormemente a vida e as atividades dos antifascistas italianos. Se isso era verdade até em países onde o espaço político dos antifascistas era maior (como a Argentina ou a França), que dizer de lugares onde a desconfiança governamental frente aos antifascistas era muito maior, como o Canadá ou a Austrália21? O caso brasileiro, onde a repressão – entre altos e baixos – era uma continuidade, parece ter sido um caso limite da força da repressão e da falta de espaço político e institucional para os antifascistas italianos.
            Essa situação só poderia ter sido remediada se o antifascismo contasse com firme apoio da coletividade italiana. A vitória nessa batalha, porém, não só se relacionava com a batalha pela sociedade hospedeira, como não dependia só da ação dos antifascistas, mas também de fatores não totalmente controlados por eles, como as características de cada colônia e o tipo de emigração dirigida para ela.
            O primeiro fator é realmente curioso. Com a exceção da Suíça, onde os antifascistas italianos encontraram, ao iniciar seu exílio, estruturas políticas italianas – especialmente do PSI e do PRI – já presentes desde o final do século XIX (Signori, 1983; Cerutti, 1986; Fedele, 1979 e 1989; Hugli, 1982), a maioria dos antifascistas italianos que emigraram e procuraram refazer o antifascismo no exterior tiveram que reconstruir as seções dos partidos emigrados e as organizações antifascistas a partir do que havia no grosso das coletividades italianas: uma pequena minoria de italianos politizados de esquerda unidos em sindicatos ou associações e uma imensa maioria de imigrantes apolíticos ou apenas parcialmente atraídos pelas idéias de esquerda.
            No caso dos países platinos, a ação antifascista foi enormemente facilitada pela cultura política desses países (como já mencionado) e, especialmente, pelas permanência e difusão dessa mesma cultura (permeada pelo mazzinianismo e anticlericalismo) a tal nível no seio das coletividades italianas da Argentina e Uruguai que fez o projeto fascista de expansão via emigrantes fracassar em boa parte nesses lugares (Marocco, 1986 e 1993; Fanesi, 1991; Rossi, 1995 e Franzina, 1995, pp. 369-71).
            A respeito desse radicalismo mazziniano, aliás, Rudolf Vecoli (Vecoli, 1989, p. 89) vai se interrogar sobre as razões dele ter fincado raízes na Argentina e no Uruguai e não, por exemplo, nos Estados Unidos. É uma questão realmente chave, pois tudo indica que a sobrevivência desse radicalismo em alguns locais foi chave para a contenção do fascismo.
            De qualquer forma, nos locais onde a estrutura política de esquerda italiana não existia já pronta e onde a cultura política da coletividade italiana não favorecia os antifascistas, estes tiveram que criá-la para poder ter armas para melhor combater o fascismo. Eles só conseguiram fazê-lo, porém, nos locais onde o antifascismo era permitido e apoiado pelos cidadãos do país e onde, especialmente, uma forte emigração política italiana (especialmente comunista) forneceu os efetivos para gerar um movimento antifascista forte o suficiente para difundir a mensagem contra o fascismo e criar um «clima» e uma cultura antifascista entre a massa emigrante. Foi esse o caso da Bélgica, Luxemburgo e, especialmente, da França22.
            Nos países, porém, onde a cultura política prévia da emigração nào era favorável ao antifascismo e onde não houve uma emigração antifascista maciça, a base do antifascismo era muito reduzida para poder superar a imensa propaganda fascista e o resultado foi um movimento antifascista mais enfraquecido e uma coletividade italiana mais voltada ao fascismo.
            Passando ao caso específico da coletividade italiana de São Paulo, podemos perceber como o contexto de apoio à nação italiana e à ideologia fascista em partes expressivas da sociedade brasileira parece ter se reproduzido no interior do grande campo de batalha entre fascistas e antifascistas, a colônia italiana. Entre a elite e as classes médias de origem italiana de São Paulo, de fato, a propaganda fascista, que ressaltava tanto o valor ideológico do fascismo como as glórias da nacionalidade italiana, parece ter encontrado um campo fértil: por sua inserção social e pelo contexto político brasileiro do período, a elite e as classes médias de origem italiana de São Paulo tendiam a aceitar a ideologia fascista enquanto os italianos natos pertencentes a esses grupos eram permeáveis a propaganda nacionalista do fascismo. A junção dessas duas fontes de atração – a nacionalista e a ideológica – confluiu numa forte adesão ao fascismo entre as elites e as classes médias de origem italiana em São Paulo. As desesperadas tentativas dos antifascistas de reverter esse quadro atraindo essa elite foram inúteis (Bertonha, 1992, 1994a, 1994b e 1996), o que representou um sério golpe para estes.
            Restava aos antifascistas buscar os sindicatos e o operariado de origem italiana que, além de numerosíssimo, pareciam ser a única resposta para a sua angustiante necessidade de base popular. Como já ressaltado, contudo, o apoio dos sindicatos ao antifascismo cresceu nos anos 30, mas em nenhum momento parece ter existido uma adesão maciça e concentrada do proletariado de origem italiana ao antifascismo (Bertonha, 1994a e 1994b).
            Essa situação se deveu, a princípio, a uma certa difusão e sucesso do fascismo entre os operários (Trento, 1989 e 1994), mas também ao contexto das lutas sociais e políticas brasileiras do período, onde o grupo base dos antifascistas italianos , os socialistas e seus aliados minoritários republicanos e membros da LIDU, tinha enorme dificuldade – agravada pela necessidade de moderação e neutralidade frente às lutas operárias para fugir da repressão – para fazer passar sua mensagem socialista e, no caso de Piccarolo, fortemente reformista a um operariado sem uma tradição de esquerda tão forte quanto gostaríamos de acreditar (Trento, 1994) e, especialmente, sem uma tradição história de adesão ao tipo de socialismo proclamado por aqueles homens.
Dessa forma, enquanto as tradições políticas e culturais e o contexto social atraiam as classes médias e as elites de origem italiana para o fascismo, essas mesmas tradições e esse mesmo contexto afastavam os operários do antifascismo, negando a ele uma base popular maior, a qual se restringiu à Maçonaria durante boa parte de sua luta (Bertonha, 1994a e 1994b).
            Mais importante que esses apoios mais firmes ao fascismo ou ao antifascismo, porém, é a questão de um sentimento geral e difuso de apoio à Mussolini e ao fascismo que parece ter existido entre as grandes multidões de italianos e descendentes que viviam em São Paulo. Esse sentimento, que não indica automaticamente uma posição ideológica, é tradicionalmente aplicado, especialmente ao caso americano (Cannistraro, 1976, 1979 e 1979a e outros), como uma resposta de orgulho étnico ou de um «nacionalismo defensivo» pela qual os italianos do exterior articulavam a sua própria identidade e inserção social com o uso do enorme prestígio internacional desfrutado pela Itália e pelo fascismo no período entre-guerras.
Falta ainda precisar os limites temporais desse renovado prestígio italiano e fascista (que não parece ser o mesmo nos anos 20 e 30) e especificar as óbvias diferenças desse «nacionalismo defensivo» nos países latinos e anglo saxões. Também seria importante definir se esse «novo prestígio» italiano no entre-guerras se deveu apenas aos sucessos italianos na arena diplomática ou também ao interesse mundial pela fórmula fascista.
            Ainda assim, o «nacionalismo defensivo» parece ter existido e ter sido real no caso brasileiro. Há autores (Cannistraro, 1979, p. 127), porém, que afirmam que a base da propaganda fascista para o exterior era a destinada a criar um «clima nacionalista» entre italianos e descendentes e que um dos grandes erros dos antifascistas foi ter respondido a essa propaganda nacionalista com argumentos ideológicos.
            No caso brasileiro, é possível perceber que isso não é verdade (possivelmente, porque o governo brasileiro restringia menos a propaganda ideológica fascista que o americano) e que a propaganda dirigida aos ítalos locais não esqueceu, ainda que enfatizasse o aspecto nacionalista, a ideologia, como muitos exemplos podem demonstrar23.Também os antifascistas italianos do Brasil perceberam essa dupla face da propaganda fascista no Brasil e reagiram à altura, procurando demonstrar aos italianos locais as falhas e deficiências da ideologia fascista e desenvolvendo todo um trabalho para que esses italianos não se rendessem ao orgulho nacionalista e apoiassem o fascismo por isso.
            A base desse esforço antifascista consistia em convencer os italianos que as equações básicas divulgada pela propaganda fascista – «Fascismo= Itália» e «Antifascistas= traidores» – eram errôneas e que, pelo contrário, para ser italiano era necessário ser antifascista. O esforço antifascista nesse sentido foi intenso (Bertonha, 1992 e 1996) e. nos sinais de fracasso que detectamos nesse aspecto da ação antifascista (e que podemos explicar pelo real desejo de imigrantes e descendentes de reafirmar seu orgulho étnico através do uso do novo prestígio da Itália e do fascismo) , está uma das chaves para explicar a vitória fascista sobre o antifascismo.
            Dessa forma, enquanto em países como a França (onde o clima político era majoritariamente à esquerda), o antifascismo foi o canal de integração dos italianos à sua nova sociedade24, em países como os Estados Unidos e o Brasil, foi o fascismo que teria fornecido às comunidades italianas o elemento que elas necessitavam para recuperar a auto estima e se integrar ao seu novo mundo25.
            Isso apenas confirma, na realidade, como a questão da aceitação ou não do fascismo ou do antifascismo pelas coletividades italianas do exterior era uma questão interna às coletividades italianas e que dependia de características próprias de cada uma delas (sua cultura política, a presença maciça de imigrantes recentes politizados e outros fatores determinando força ou fraqueza do antifascismo; as características – idade, relações de trabalho e classe, nível de assimilaçào cultural – de cada coletividade, etc) mas como esses fatores internos estavam conectados de forma definitiva com as suas próprias sociedades hospedeiras, o que deve ser sempre ressaltado.
            O caso brasileiro é exemplar nesse aspecto. Não só a elite e as classes médias de origem italiana de São Paulo responderam muito favoravelmente, dadas sua posição de classe e a um relacionamento mais harmônico com a idéia do nacionalismo italiano, ao fascismo como o grosso da coletividade foi atingida por um sentimento fascista «difuso» gerado pela imensa simpatia dirigida ao fascismo em largos setores da sociedade brasileira, a qual fazia da adesão informal ao mesmo um excelente meio de superar velhos preconceitos (certamente não tão grandes como nos países anglo saxões, mas ainda assim presentes) contra os italianos26 e de integração à sociedade brasileira. Esse sentimento marcou a coletividade italiana do Brasil no entre guerras e foi um dos traços chave da vida dessa coletividade no período.
            O antifascismo poderia ter revertido essa situação, mas só o poderia ter feito se as condições da colônia fossem outras e se o movimento conseguisse se manter estruturado e ativo durante todo o tempo. O fato dele não conseguir fazê-lo, pelas razões expostas no decorrer desse texto, decidiu o destino da coletividade italiana do Brasil que, se não foi certamente a quinta coluna de invasão do Eixo que tanto preocupou alguns políticos e militares brasileiros nos anos 40, ajudou a difundir a idéia fascista no interior da sociedade brasileira, alimentando e cultivando uma simpatia sempre existente e que teve efeitos políticos nada desprezíveis na história política do Brasil ao dar força a uma direita nacional que ajudaria a conduzir os destinos do país por muitos anos além do ventênio fascista.

 

Notas

1

Cumpre ressaltar que São Paulo não foi o único estado brasileiro afetado pela propaganda fascista. Todos os lugares onde havia comunidades italianas e especialmente o sul do país também foram atingidos. Para a situação no Rio Grande do Sul, vide Berenice Corsetti (Corsetti, 1986). e os textos de Loraine Slomp Giron (Giron, 1986 e 1994).

2

Um verdadeiro manancial de informações sobre a ação fascista no Brasil pode ser localizado em Ângelo Trento (1989, pp. 267-404).

3

Os melhores textos disponíveis no momento sobre a questão são os de Ângelo Trento: Trento (1988, 1989 e 1994).

4

Sobre Piccarolo, vide Andreucci (1975, vol. 4, p. 121-123); Hecker (1988) e Bertonha (1994 e 1994c).

5

Sobre Mariani e Cilla, vide Bertonha (1994, pp. 96-99), o processo de expulsão de Mario Mariani (Arquivo Nacional AN – IJJ 7, 1930) e as fichas de Mariani e Cilla no Arquivo do Estado de São Paulo/Delegacia de Ordem Política e Social (AESP/DOPS), Prontuários 516 e 70701.

6

Foram, de fato, os socialistas o grupo antifascista italiano mais importante em atuação no Brasil entre as duas guerras mundiais. Essa constatação, que não implica em desconsiderar as colaborações dos anarquistas, comunistas, republicanos e outros, vale tanto para os anos 20 como para os 30. Para o período 1923-1934, vide Bertonha (1994).

7

No fim dos anos 30 e início dos 40, de fato, a própria Delegacia de Ordem Política e Social de São Paulo registrava o colapso do antifascismo italiano e sua redução a poucas reuniões – inofensivas, segundo o próprio DOPS – nos salões da Lega Lombarda, Ver AESP/DOPS, Prontuários 999 ( «Bixio Picciotti»), 10569 («Lega Lombarda»), 78310 («Nicola Alessi») e 2433 («Francesco Merola»).

8

Para a experiência de reconstrução do antifascismo italiano em São paulo em 1942, ver Bertonha (1997).

9

Vários dos argumentos discutidos aqui serão aprofundados em um futuro trabalho sobre a ação do fascismo italiano nas coletividades italianas do exterior e especialmente sobre a brasileira. Um livro com historia do antifascismo italiano no Brasil (cujo capítulo final é este artigo) e um outro sobre a ação fascista no Brasil estão em fase final de redação pelo autor.

10

No que concordamos com Adriana Dadà , que defende a proposta que temos que articular a derrota de um com a vitória do outro num todo coerente e conectado com as forças sociais e políticas em jogo em cada país se queremos entender realmente o que ocorria nas comunidades italianas do exterior naqueles anos. Ver Dadà (1979).

11

Para o caso americano, vide, entre outros, Cannistraro (1975, 1976, 1979, 1985 e 1995). Para o caso canadense, ver Harney (1984) e Liberati (1982, 1983, 1984, 1984a) e, para o australiano, Cresciani (1973, 1979, 1979a, 1979b, 1982, 1984, 1988 e 1996) e Montagnana (1987). Ciccarelli (1988 e 1990) aborda o caso do Peru. Obviamente, não se pretende aqui esgotar a imensa bibliografia sobre o tema nesses países.

12

Para o caso belga, consultar os textos de Anne Morelli (Morelli, 1981, 1983, 1987 e 1990). Para a Argentina, ver Fanesi (1989, 1991 e 1994); Gentile (1986); Leiva (1983) e Nascimbene (1987 e 1990), enquanto o Uruguai foi estudado por Gianni Marocco (Marocco, 1986 e 1993) e Juan Oddone (Oddone, 1990). A bibliografia sobre a França é muito numerosa. Ver, por exemplo, os trabalhos de Guillen (1981, 1982, 1984 e 1988); Milza (1967, 1981, 1983, 1987, 1988, 1989) e Noiriel (1983 e 1986).

13

Pela listagem presente em Trento (1989, pp. 489-510), de fato, há registros de 32 jornais antifascistas e 72 fascistas ou filo-fascistas no Brasil entre 1922 e 1945.

14

Vide Fondazione Pietro Nenni/Archivio Pietro Nenni, b. 5, f. 303, carta de Antonio Cimatti (São Paulo, 25/2/1930) à Pietro Nenni; AESP/DOPS, Prontuário 1014 («Ertulio Esposito») , carta de militante antifascista de Curitiba/PR (26/1/1931) ao mesmo.

15

Vide Cresciani (1979, 1979a e 1988) e Liberati (1984a).

16

Para a Argentina e o Luxemburgo, vide Leiva (1983) e Fayot (1983). O caso belga foi estudado por Morelli (1987 e 1987a) e Pinzani (1966) e o francês por Guillen (1978); Fedele (1976) e Di Lembo (1982). Informações sobre a Suiça podem ser encontradas em Cerutti (1983 e 1986); Visani (1957) e Zucaro (1970b).

17

Ver Lonne (1984), Fayot (1983) e Guillen (1978).

18

Como foi o ocorido na Inglaterra e na Alemanha. Ver Lonne (1984) e Keserich (1975).

19

É curioso realmente notar como essa percepção do fascismo como problema italiano esteve presente, nos anos 20, até em países onde o firme apoio da esquerda aos antifascistas refugiados (por solidariedade ideológica e humanitária) foi uma constante, como a França (Di Lembo, 1982). Aparentemente, só em lugares como a Suiça – onde a ameaça fascista estava muito próxima – é que o fascismo era realmente uma questão política chave desde o início do regime. Ver Cerutti (1983 e 1986).

20

Como o feito por Luigi Bruti Liberati (Liberati, 1982) com relação ao Canadá.

21

Ver os trabalhos de Luigi Bruti Liberati e Gianfausto Cresciani, citados e, para o caso do Canadá, ver também Betcherman (1978)

22

Santi Fedele (Fedele, 1992) e Pierre Milza (Milza, 1983; 1989 e 1994) vão recordar que os fascistas não eram tão fracos e nem os antifascistas tão fortes assim no contexto francês. Ainda assim, parece evidente, à luz da historiografia francesa (Damiani, 1986 e 1986a; Guillen, 1988; Videlier, 1986) , que o antifascismo teve mais sucesso em espalhar um sentimento «difuso» de apoio às suas idéias que o fascismo, no que a situação é virtualmente a oposta, como veremos a seguir, da ocorrida em paises como os Estados Unidos e o Brasil.

23

Ver, para exemplo dessa dupla face da propaganda fascista, os discursos do cônsul Serafino Mazzolini em São Paulo em 1928. Ver Mazzolini (1928).

24

Vide Damiani (1994); Guillen (1982 e 1988) e Noiriel (1986). Caredda (1994) e Rapone (1986) vão por alguns limites no papel dos antifascistas italianos nessa integração, o que não parece mudar, porém, o quadro geral.

25

Vide, entre muitos outros textos sobre o tema no contexto americano, os textos de Philip Cannistraro, citados e excelentes críticas e delimitações do conceito de «nacionalismo defensivo» e o seu uso em Venturini (1984, 1985 e 1985a). Ver, para o caso brasileiro, Font (1990, pp. 140-43). Ver também Franzina (1995). O trabalho de Ottanelli e Gabaccia (1997), demonstra, de qualquer forma, como o antifascismo era um canal mais adequado para facilitar a integração dos italianos nas suas novas sociedades que o fascismo, que só promoveu esta integraão de forma indireta.

26

Ver Ribeiro (1985). Curiosamente, esses preconceitos contra os italianos parecem ter convivido sempre com uma certa simpatia pela Itália e pela cultura italiana, como mencionado anteriormente.

 

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