Retornar ao índice ItaliaOggi

Migrazioni ItaliaOggi

 

Italianos temem imigrantes, mas precisam deles

14/05/2001

 

 

PADOVA, Itália - Altivole, no nordeste da Itália, era uma cidade sem crime antes dos imigrantes começarem a chegar, há seis anos. Pelo menos isso é o que diz o prefeito Gino Dalese.

   "A população de Altivole é de cerca de 6.200 habitantes, incluídos 320 imigrantes legais. Mas estima-se que haja outros mil imigrantes ilegais", afirma Dalese, pertencente à uma coalizão de centro-direita da qual faz parte a xenófoba Liga Norte.

   "Há seis ou sete anos, não tínhamos crime. Agora nossos carros são arrombados e nossas casas, roubadas."Seus comentário coincidem com a visão de partidos como a Liga Norte e a Aliança Nacional, aliados do candidato de centro-direita Silvio Berlusconi, o favorito para conquistar nas eleições deste domingo o cargo de primeiro-ministro da Itália.

   A direita do país costuma relacionar a criminalidade com o influxo de imigrantes. Embora as estatísticas revelem queda nos índices de violência, uma pesquisa em janeiro apontou que a presença de trabalhadores estrangeiros é a terceira maior preocupação dos italianos.

   Altivole é um dos típicos vilarejos da região do Veneto onde pequenos e médios negócios familiares foram capazes de transformar um local empobrecido num dos pontos mais ricos da Europa. Com o surgimento de indústrias de alta tecnologia, a região deixou de exportar imigrantes para começar a recebê-los como mão-de-obra.

   "Se os imigrantes trabalham, tudo bem. Já estamos nos acostumando a isso. Mas a maioria deles parece estar na vadiagem", disse Renato, motorista de táxi em Padova, perto de Veneza.

   Umberto Bossi, líder da Liga Norte que causou desconforto em alguns de seus aliados ao propor a construção de uma muralha de 260 km na fronteira com a Eslovênia para barrar a entrada de imigrantes dos Bálcãs, é popular na região.

   Na última eleição geral, em 1996, a Liga conquistou cerca de 30 por cento dos votos no Veneto. Apesar de ter perdido um pouco de popularidade no pleito regional de abril de 2000, o bloco de centro-direita mantém o controle das quatro regiões mais ricas do norte italiano.

   Mas enquanto muitos temem a vinda de estrangeiros, jornais locais afirmam que o Veneto precisa desesperadamente de mão-de-obra para que o ritmo de crescimento industrial seja mantido.

   Embora o Veneto seja responsável por apenas 1 por cento da população a Itália, a região produz cerca de 15 por cento do total exportado. As taxas de desemprego na região são de 3,3 por cento, bem inferiores à média nacional de 9,9 por cento.

   Um relatório conjunto do Ministério da Indústria e da Câmara de Comércio publicado no mês passado disse que a região necessita de 30 mil novos trabalhadores por ano para manter o padrão atual.

   "É um paradoxo...das 8h às 17h os imigrantes são necessários e vistos com úteis pela Liga Norte", disse Stefano Cecconi, diretor de uma central sindical em Padova. "Mas depois que as fábricas fecham, eles têm que desaparecer."O líder direitista da Aliança Nacional Gianfranco Fini indaga por que imigrantes estrangeiros devem ser permitidos se em algumas partes do sul do país os níveis de desemprego chegam a 20 por cento.

   Sua lógica, porém, esbarra na tradição italiana: os filhos costumam querer ficar próximos à família, e os empregadores do norte têm extrema dificuldade em convencer os desempregados do sul a mudar de lugar.

   Um estudo da ONU publicado em 2000 calculou que a Itália teria de abrigar 9 milhões de imigrantes ao longo dos próximos 25 anos para conseguir manter uma força de trabalho que viabilize sua economia.

(Julia Hancock, Reuters)

Pesquise no Site ou Web

Google
Web ItaliaOggi

Publicidade
 
Notizie d'Italia | Gastronomia | Migrazioni | Cidadania | Home ItaliaOggi