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Antonio Carlos pode partir. Pela família

08/05/2001

AFP

 

Pressionado pela mulher, Sonia, e a filha, Natália, o zagueiro da Roma - que domingo foi agredido por torcedores da Lazio - pode abandonar a Itália, mesmo amando o país

   A Roma pode estar perdendo o futebol do zagueiro Antonio Carlos. O jogador, agredido domingo por seguidores da Lazio quando deixava um restaurante, disse que sua esposa Sonia e sua filha Natalia estão assustadas com o que viram e pretendem deixar o país. "Se o fato tivesse ocorrido em outro país, com certeza iria embora. Mas eu amo a Itália, tenho um avô italiano. Por isso, espero convencê-las a ficar".

   Antonio Carlos aproveitou para pedir calma aos seguidores da Roma. "Peço a eles que não busquem vingar-se por causa da agressão que sofri, não devem descer a um nível tão baixo". Ontem, foi confirmado que um dos agressores do zagueiro Carlos é da chefia de uma das mais extremistas torcidas da Lazio. O clube azul, por seu lado, mostrou-se solidário com o brasileiro. Ontem, o presidente Sergio Cragnotti revelou irritação com a agressão. "As pessoas que o atacaram são delinqüentes e não torcedores. Devem ser perseguidas e castigadas".

   O dirigente afirmou que muitas pessoas se travestem de torcedores para fazer política. E que esse tipo de gente deve ser extirpada. "Temos uma boa relação com a associação de torcedores da Lazio, mas jamais iremos ceder.

   Eles sabem que muitas atitudes abalam gravemente a imagem do clube".

   Não é de hoje que a xenofobia está inserida no contexto do futebol europeu, em especial o italiano, no qual torcedores do Verona e da Lazio, ultra-direitistas, não toleram jogadores de minorias, como negros e judeus.

   Muitas vezes a discriminação passou da arquibancada para dentro de campo.

   Além das faixas e gritos racistas contra os brasileiros Cafu e Aldair, da Roma, no clássico do domingo retrasado, outros exemplos de intolerância são facilmente encontrados. No ano passado, o sérvioSinisa Mihajlovic foi acusado pelo francês Patrick Vieira, do Arsenal, de tê-lo chamado de negro bastardo após uma partida da Copa dos Campeões da Europa.

   Experiência nada agradável também viveu o holandês Winter, vítima de manifestações de racismo quando defendeu a Lazio entre 1992 e 1996.

(Marcelo Rozenberg, estadao.com.br)

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