A Roma pode estar perdendo o futebol
do zagueiro Antonio Carlos. O jogador, agredido domingo por seguidores da Lazio quando
deixava um restaurante, disse que sua esposa Sonia e sua filha Natalia estão assustadas
com o que viram e pretendem deixar o país. "Se o fato tivesse ocorrido em outro
país, com certeza iria embora. Mas eu amo a Itália, tenho um avô italiano. Por isso,
espero convencê-las a ficar".
Antonio Carlos aproveitou para pedir calma aos
seguidores da Roma. "Peço a eles que não busquem vingar-se por causa da agressão
que sofri, não devem descer a um nível tão baixo". Ontem, foi confirmado que um
dos agressores do zagueiro Carlos é da chefia de uma das mais extremistas torcidas da
Lazio. O clube azul, por seu lado, mostrou-se solidário com o brasileiro. Ontem, o
presidente Sergio Cragnotti revelou irritação com a agressão. "As pessoas que o
atacaram são delinqüentes e não torcedores. Devem ser perseguidas e castigadas".
O dirigente afirmou que muitas pessoas se travestem
de torcedores para fazer política. E que esse tipo de gente deve ser extirpada.
"Temos uma boa relação com a associação de torcedores da Lazio, mas jamais iremos
ceder.
Eles sabem que muitas atitudes abalam gravemente a
imagem do clube".
Não é de hoje que a xenofobia está inserida no
contexto do futebol europeu, em especial o italiano, no qual torcedores do Verona e da
Lazio, ultra-direitistas, não toleram jogadores de minorias, como negros e judeus.
Muitas vezes a discriminação passou da arquibancada
para dentro de campo.
Além das faixas e gritos racistas contra os
brasileiros Cafu e Aldair, da Roma, no clássico do domingo retrasado, outros exemplos de
intolerância são facilmente encontrados. No ano passado, o sérvioSinisa Mihajlovic foi
acusado pelo francês Patrick Vieira, do Arsenal, de tê-lo chamado de negro bastardo
após uma partida da Copa dos Campeões da Europa.