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Pesquisa mostra que racismo na Itália é um fato concreto

13/12/2000

 

 

ROMA - Os italianos têm medo dos estrangeiros e mais de 80% estimam que há muitos imigrantes na Itália, segundo uma pesquisa realizada pelo Centro de Estudos Sociais (Censis), publicada na semana passada. Segundo o Censis, um dos centros mais prestigiados do país, que todo ano divulga um relatório, essa porcentagem reflete uma distância "entre a realidade e a maneira de ver as coisas".

   Itália, com efeito, é um dos países da União Européia (UE) que tem menos imigrantes. Com uma população de 57 milhões de habitantes, há registrados um milhão e meio de imigrantes e se calcula que o número de imigrantes clandestinos não supera meio milhão.

   O mesmo estudo indica que 88,1% dos italianos esperam que o governo limite os fluxos de imigrantes para a península. Para 74,9% dos italianos, existe um laço direto entre a presença de imigrantes e o aumento da criminalidade. No total, 80,4% dos italianos afirmam que há muitos estrangeiros.

   Mais de um italiano a cada dois (48,5%) estão convencidos de que os imigrantes aumentam os riscos de enfermidades contagiosas. Para o Censis, 32,2% dos imigrantes que residem na Itália reconhecem que foram vítimas de atos de racismo.

   A questão dos imigrantes é um dos cavalos de batalha da campanha eleitoral que se realiza na Itália, com vistas às legislativas do próximo ano, já que alguns partidos políticos, em particular de extrema-direita, utilizam a imigração e o medo que desperta para combater a política do governo de centro-esquerda de regulamentar os fluxos de entrada.

   Os movimentos de direita, como o dos separatistas da Liga Norte, exigem a "imigração zero", embora numerosos industriais dessa região, os quais apóiam o movimento, solicitassem há poucos meses a abertura das fronteiras a um maior número de imigrantes para trabalhar em suas fábricas, de maneira a poderem respeitar os compromissos de produção.

   Segundo o relatório anual do Instituto Nacional de Estatística, divulgado em novembro, a Itália precisa dos imigrantes para equilibrar sua queda demográfica (a taxa de natalidade é negativa) e responder às necessidades de mão-de-obra.

   Segundo cálculos oficiais, a população pode passar dos atuais 57 milhões a 41 milhões em 2050, e necessita da entrada de 300.000 imigrantes a cada ano. A Igreja Católica, e em particular alguns prelados, alimentam o medo da população, que tem uma opinião sobre a questão, conforme o Censis, na base do que ouve na televisão (66,2%).

   Uma grande polêmica ocorreu recentemente após as declarações do cardeal Giacomo Biffi, arcebispo de Bolonha, centro da Itália, que denunciou "o perigo muçulmano", que "ameaça a identidade nacional italiana".

   Segundo o Censis, 49% dos imigrantes provêm de países não-católicos, e as religiões que mais cresceram no último ano são as igrejas evangélicas, a dos mórmons e a das testemunhas de Jeová.

(Tribuna da Imprensa)

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