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História dos primeiros colonos na Internet

26/09/2000

 

 

Historiadores empenhados em desvendar os detalhes do cotidiano dos primeiros colonos da antiga Capitania de São Paulo não precisam mais ir a Portugal pesquisar os gigantescos arquivos sobre o Brasil colonial. Basta visitar os arquivos públicos estaduais ou, em breve, a Internet.

   Cerca de 6.500 documentos sobre a vida social, política, militar e religiosa da capitania - que incorporava os territórios dos atuais Estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - entre 1644 e 1830 foram catalogados e copiados em microfilme e CD-ROM pelo Projeto Resgate de Documentação Histórica Barão do Rio Branco, que deve liberar o acesso a esse material on-line até o fim do ano.

   O lançamento da documentação digitalizada referente à capitania foi feito ontem na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), com a presença do ministro da Cultura, Francisco Weffort. O material foi resgatado do Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, onde está guardada quase toda a correspondência das capitanias para a Coroa portuguesa. Constam ofícios governamentais sobre a compra de terras, listas de produtos trazidos por navio, pedidos de patentes e cartas de boas-vindas.

Pacotes

   "Considero este um dos projetos mais importantes de celebração dos 500 anos do Brasil", disse Weffort. "Essa documentação vai multiplicar a pesquisa histórica no País, originando novos projetos e trabalhos." Iniciado em 1986, o Projeto Resgate já catalogou e digitalizou a documentação de nove capitanias e deve lançar pacotes semelhantes até o fim do ano para outras sete.

   Até o fim de 2001, todo o material do Ultramarino sobre a colônia brasileira deverá estar disponível na Biblioteca Nacional, no Museu Histórico Nacional e nos arquivos públicos e universidades. No total, serão copiados 250 mil documentos, a um custo de R$ 2 milhões. A maior parte do financiamento saiu da Fapesp, para a Capitania de São Paulo, e dos Ministérios da Cultura, Educação e Ciência e Tecnologia, para o projeto nacional.

   "É a primeira vez que essa informação estará integralmente disponível e ao alcance de qualquer pesquisador", ressalta a coordenadora-técnica nacional do projeto, Esther Caldas Bertoletti. "Será possível esclarecer vários pontos da nossa história, pois a documentação estará totalmente unificada."

   O próximo passo do projeto será o resgate de documentos coloniais na Espanha, Holanda, França e Itália. As metas para essa nova etapa serão definidas durante o Congresso Projeto Resgate e Agenda do Milênio, que vai até amanhã no Departamento de História da Universidade de São Paulo.

(Herton Escobar, ESP)

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