Historiadores empenhados em desvendar os detalhes do
cotidiano dos primeiros colonos da antiga Capitania de São Paulo não
precisam mais ir a Portugal pesquisar os gigantescos arquivos sobre o
Brasil colonial. Basta visitar os arquivos públicos estaduais ou, em
breve, a Internet.
Cerca de 6.500 documentos sobre a vida social, política, militar e
religiosa da capitania - que incorporava os territórios dos atuais Estados de São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul - entre 1644 e 1830 foram catalogados e
copiados em microfilme e CD-ROM pelo Projeto Resgate de Documentação Histórica Barão
do Rio Branco, que deve liberar o acesso a esse material on-line até o fim do ano.
O lançamento da documentação digitalizada referente à capitania foi
feito ontem na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp),
com a presença do ministro da Cultura, Francisco Weffort. O material foi resgatado do
Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, onde está guardada quase toda a
correspondência das capitanias para a Coroa portuguesa. Constam ofícios governamentais
sobre a compra de terras, listas de produtos trazidos por navio, pedidos de patentes e
cartas de boas-vindas.
Pacotes
"Considero este um dos projetos mais importantes de celebração dos
500 anos do Brasil", disse Weffort. "Essa documentação vai multiplicar a
pesquisa histórica no País, originando novos projetos e trabalhos." Iniciado em
1986, o Projeto Resgate já catalogou e digitalizou a documentação de nove capitanias e
deve lançar pacotes semelhantes até o fim do ano para outras sete.
Até o fim de 2001, todo o material do Ultramarino sobre a colônia
brasileira deverá estar disponível na Biblioteca Nacional, no Museu Histórico Nacional
e nos arquivos públicos e universidades. No total, serão copiados 250 mil documentos, a
um custo de R$ 2 milhões. A maior parte do financiamento saiu da Fapesp, para a Capitania
de São Paulo, e dos Ministérios da Cultura, Educação e Ciência e Tecnologia, para o
projeto nacional.
"É a primeira vez que essa informação estará integralmente
disponível e ao alcance de qualquer pesquisador", ressalta a coordenadora-técnica
nacional do projeto, Esther Caldas Bertoletti. "Será possível esclarecer vários
pontos da nossa história, pois a documentação estará totalmente unificada."
O próximo passo do projeto será o resgate de documentos
coloniais na Espanha, Holanda, França e Itália. As metas para essa nova
etapa serão definidas durante o Congresso Projeto Resgate e Agenda do
Milênio, que vai até amanhã no Departamento de História da Universidade
de São Paulo.
(Herton
Escobar, ESP)
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