Retornar ao índice ItaliaOggi

Migrazioni ItaliaOggi

 

Cardeal italiano prega discriminação

15/09/2000

 

 

ROMA - Pelo bem da Itália, para preservar sua identidade nacional, o cardeal-arcebispo de Bolonha, Giacomo Biffi, revelou ter solicitado ao atual governo de centro-esquerda drásticas medidas para recusar vistos de entrada no país aos imigrantes muçulmanos. Aplaudido por cerca de 300 sacerdotes católicos da sua cidade e da região da Emilia Romagna, numa cerimônia pública realizada num palácio de Vila Revedin, nas colinas bolonhesas, o cardeal Biffi justificou sua proposta, que foi imediatamente criticada por italianos mais tolerantes e aplaudida por expoentes da Liga Norte, o partido separatista e mais racista da Itália.

"Se vocês querem realmente o bem da Itália e poupar tantos sofrimentos, não podem deixar entrar todos os imigrantes. Devem privilegiar o afluxo dos católicos. (...) Os critérios para admitir os imigrantes não podem ser só econômicos. Devem se preocupar seriamente em salvar a identidade da nação. A Itália não é um território desabitado, sem história e sem tradições, que deve ser povoado indiscriminadamente", disse o cardeal Biffi, nascido em Milão há 72 anos, arcebispo de Bolonha desde 1984, muito prestigiado por João Paulo II, membro de três importantes comissões pontifícias - para a evangelização dos povos, para o clero e para a educação católica.

O cardeal Biffi revelou também que seu conselho favorável à exigência do "passaporte religioso" para imigrantes foi transmitido por ele a um "inteligente ministro do governo nacional", que o teria ouvido com atenção e interesse.

Decidido a enriquecer e tornar mais convincente a explicação da exigência do "passaporte religioso", o cardeal Biffi lembrou que "nem todas as culturas dos recém-chegados são favoráveis à convivência". E os muçulmanos se incluiriam entre os incompatíveis com pessoas e fiéis de outras religiões. Recordando que há muitos anos vem prevenindo e pedindo iniciativas para evitar a islamização da Europa, o cardeal-arcebispo de Bolonha, falando ao clero de Bolonha e da Emilia Romagna, fez outras revelações sobre o diálogo que teve com o "inteligente ministro" do governo de centro-esquerda que ouviu a sua recomendação. "Admiro-me de vocês não terem ainda parado para pensar e refletir sobre os riscos que a Europa corre de transformar suas sextas-feiras em dias de feriado; de aceitar e oficializar a prática da poligamia; de discriminar a mulher; de reconhecer como legítimo o "integrismo" dos muçulmanos, para os quais a política e a religião são a mesma coisa."

Intelectuais e jornalistas leigos temem que o discurso do cardeal Biffi faça parte do projeto de transformação da Itália num estado teocrático que está ganhando adeptos neste fim de século. Os números dos "passaportes religiosos" dos imigrantes que vivem e trabalham legalmente na Itália não dariam razão aos argumentos alarmistas do cardeal Giacomo Biffi. Hoje, os imigrantes muçulmanos são 457 mil; os católicos, 342 mil; outros cristãos, 276 mil; de diversas religiões orientais, 81 mil. (Araújo Netto, AJB)

Cardeal italiano critica imigração muçulmana

ROMA - Os comentários de um importante cardeal, que defendem restrições à imigração muçulmana por parte do governo da Itália a fim de preservar a identidade católica do país, detonou na quinta-feira uma acirrada polêmica.

Ministros e até mesmo alguns padres condenaram como perigosas e reacionárias as palavras do cardeal, Giacomo Biffi, contra os muçulmanos.

Os comentários foram feitos em uma carta enviada à Arquidiocese de Bolonha.

Apenas a Liga do Norte, separatista, e a Aliança Nacional, de extrema-direita, deram apoio a Biffi, um conservador mencionado algumas vezes como possível sucessor do papa João Paulo II.

"Li sobre as palavras do cardeal Biffi sem acreditar", disse Livia Turco, ministra dos Assuntos Sociais. Turco, cujo órgão determina em parte as políticas de imigração, é uma católica praticante.

"Um Estado secular e democrático não pode nunca aceitar a discriminação feita com base na religião, na etnia ou na cultura."Para Paolo Ferrero, importante membro do Partido da Refundação Comunista, "esse é um posicionamento racista, que rende homenagem ao pior tipo de xenofobia de direita da Europa."Apesar de serem uma minoria, o número de muçulmanos ultrapassou o de judeus na Itália, fazendo deles o segundo maior grupo religioso do país depois dos católicos. Há cerca de 500 mil imigrantes muçulmanos registrados.

Críticas às declarações de Biffi também foram feitas por economistas, segundo os quais a mão-de-obra imigrante é fundamental para o desenvolvimento econômico da Itália.

(Reuters)

Pesquise no Site ou Web

Google
Web ItaliaOggi

Publicidade
 
Notizie d'Italia | Gastronomia | Migrazioni | Cidadania | Home ItaliaOggi