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Cálice de Eufrônio (séc. 6 a.C.), peça do acervo do Met cuja
devolução é reivindicada pela Itália |
Por
Rachel Sanderson
ROMA (Reuters) - A Itália está
próxima de um acordo com o Metropolitan Museum of Art, de Nova York,
que encerraria uma longa saga envolvendo o roubo de antiguidades.
O ministro italiano da Cultura, Rocco
Buttiglione, disse na sexta-feira que as negociações com o diretor do
museu haviam dado "um passo adiante" para a devolução de uma antiga
jarra e prataria que os italianos dizem ter sido saqueadas.
"Um acordo com o Metropolitan é
razoavelmente provável", disse Buttiglione em entrevista coletiva. "A
direção do museu deve nos dar uma resposta até janeiro."
As negociações são observadas atentamente
pelo mercado internacional de arte, já que há acusações de que oito
museus, inclusive o de Belas-Artes de Boston e o Getty de Los Angeles,
possuem antiguidades roubadas.
Buttiglione revelou na sexta-feira as
três últimas obras saqueadas que regressaram dos Estados Unidos: uma
cabeça gigante do imperador romano Trajano, datada do século 15, e duas
pinturas de Andrea Appiani, do século 18. As peças foram apreendidas por
agentes alfandegários norte-americanos na casa de leilões Christie's, em
Nova York.
Até agora, o Getty é o mais pressionado
pela Itália. Sua ex-curadora Marion True está sendo julgada em Roma por
conspiração de cumplicidade na venda de antiguidades roubadas.
Buttiglione disse esperar que o
Metropolitan devolva à Itália duas das peças mais valiosas de sua
coleção: a prataria do sítio Morgantina (Sicília), do século 3. a.C., e
o cálice de Eufrônio, pintado com figuras mitológicas, do século 6.
a.C..
Philippe de Montebello, diretor do
Metropolitan, disse estar disposto a devolver as obras, caso se conclua
que foram realmente saqueadas. Ele havia solicitado provas da
proveniência italiana das peças e disse que a diretoria também deve
aprovar a decisão.
Para muitas das outras obras disputadas
com o Metropolitan, a Itália sugere um empréstimo superior a uma década.
"Reconhecemos que os Estados Unidos são pobres em termos de
antiguidades", disse Buttiglione.
Saqueadores de tumbas roubaram
antiguidades da Itália durante séculos, mas Buttiglione empreendeu uma
agressiva campanha pela devolução de peças levadas após 1939. A Itália
aprovou naquele ano uma lei declarando que artefatos antigos extraídos
de escavações pertencem ao Estado.
As antiguidades descobertas após 1939 só
podem deixar o país por empréstimo. A Itália havia recuperado 27 mil
artefatos roubados em 2005, um aumento de 50 por cento sobre o ano
anterior, o que incluiu três obras do Museu Getty, segundo Buttiglione.
(© UOL
Diversão & Arte/Reuters) |