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Vaticano defende decisão de excluir Daniela Mercury de show


 

Daniela Mercury, em apresentação em Lisboa

Por Philip Pullella

   CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O Vaticano defendeu nesta sexta-feira sua decisão de excluir a cantora Daniela Mercury de seu show de Natal, alegando que ela ameaçara defender, durante a apresentação, o uso de preservativos como forma de combater a Aids.

   "O Vaticano decidiu excluir Daniela Mercury do elenco não por causa das convicções dela sobre contraceptivos, embora eles não estejam de acordo com os da Igreja Católica", disse o padre Giuseppe Bellucci, que organizou o show.

   "Ela foi excluída porque havia anunciado que, durante o concerto, promoveria abertamente o uso de preservativos para combater a praga da Aids", disse ele numa entrevista coletiva para apresentar o show beneficente, que será realizado no sábado.

   Daniela Mercury, que é embaixadora do Unicef e do programa anti-Aids da ONU, havia sido convidada para cantar várias músicas no espetáculo, que entre outros artistas contará com a presença das cantoras sul-africana Miriam Makeba e da irlandesa Dolores O'Riordan.

   "As convicções de uma pessoa são uma coisa, mas fazer declarações como essa é outra", disse Bellucci.

   "Temos que lembrar que os artistas, os promotores e todos os outros são convidados da Cidade do Vaticano, e temos que seguir as regras do anfitrião", disse ele.

   O show é uma forma tradicional de arrecadar fundos para obras de caridade. O papa não comparece, mas dezenas de cardeais e autoridades do Vaticano assistem à apresentação. O concerto é transmitido pela TV italiana na véspera de Natal.

   Daniela Mercury disse num comunicado na semana passada que lamentava a decisão, mas que tem o direito de discordar da oposição da Igreja Católica ao uso de métodos anticoncepcionais.

   No show de 2003, a cantora norte-americana de hip hop Lauryn Hill chocou as autoridades do Vaticano ao pedir a elas que se arrependessem, aludindo ao escândalo de abuso sexual de crianças por padres nos EUA. As declarações foram cortadas na versão que foi ao ar na noite de Natal.

   A Igreja opõe-se ao uso de preservativos, exceto em raríssimos casos, por se tratar de um método anticoncepcional.

   Para a Igreja, a fidelidade no casamento, a castidade e a abstinência são os melhores meios de impedir o avanço do HIV/Aids.

   A Igreja alega que promover o uso de preservativos incentiva o que considera um estilo de vida imoral, e comportamentos que só contribuirão para o alastramento da doença.

(© UOL Música)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

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