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Cena da montagem paulista
de "Bar" |
Ganha montagem na
cidade peça do escritor italiano comparado ao ganhador do Nobel de
Literatura Harold Pinter
VALMIR SANTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Apontada pela crítica italiana como versão siciliana do britânico e
agora Nobel de Literatura Harold Pinter, a dramaturgia do italiano Spiro
Scimone, 41, chega ao Brasil por meio de "Bar", espetáculo que abre
temporada hoje no teatro da Memória, Instituto Cultural Capobianco.
A
peça de 1996 traz diálogo composto de frases curtas, falas de linha
única entre o garçom Nino (interpretado por Bruno Kott) e o freguês e
amigo Petru (Alvize Camozzi).
O
primeiro sonha em arrumar um trabalho no qual possa mostrar sua
habilidade na preparação de coquetéis. O segundo se revela um viciado em
pôquer.
A
reunião daquela noite é para armar um plano contra um terceiro
personagem, Jani, principal adversário de Petru no jogo. Jani jamais
aparece em cena, mas boa parte do que se conversa lhe diz respeito.
"É
um texto em que você precisa de um tempo de contato para começar a
encontrar onde estão seus pontos fortes", diz Cacá Toledo, 28, que
assina a direção com Camozzi, responsável ainda pela tradução e montagem
(com o cenógrafo William Zarella).
Pausas e ações convivem sem a rubrica e sem intervenção do autor. "Os
personagens têm uma interdependência e ao mesmo tempo se desagradam ao
extremo; há o jogo de palavras e os equívocos de comunicação", diz
Toledo.
Para recriar a atmosfera de um bar, são usados amplificadores e
microfones que reproduzem burburinho e efeitos sonoros de pratos, copos
e talheres.
Zarella criou uma cenografia que divide dois ambientes por meio de um
compensado de madeira, um teto que ameaça desabar. Na parte de baixo,
fica o espaço onde os atores atuam. Em cima, sugere-se um depósito.
Nessa relação de condutor e conduzido, os personagens estão como que
trancados no bar, condicionados num espaço pequeno. O mundo exterior
constituirá uma ameaça, daí a paradoxal dificuldade em abandonar o
território que os oprime.
"As ações ditas "principais" não são assistidas pelo espectador, como as
visitas de Jani, da mãe, o jogo, um assassinato etc. "Bar" me deixa uma
grande impressão de ser uma peça escrita a partir de improvisações dos
atores", diz Toledo.
Bar
Quando: às 21h, até 14/12
Onde: Instituto Cultural Capobianco - teatro da Memória (r.
Álvaro de Carvalho, 97, centro, tel. 3237-1187)
Quanto: R$ 20
(© Folha
de S. Paulo)
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