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 Lei que quer banir fumo em locais públicos causa polêmica na Itália



 

 

da Folha Online

   Uma nova lei que pretende banir o fumo em locais públicos --como bares e restaurantes-- está causando polêmica na Itália. Os não-fumantes aprovam a idéia, mas os donos dos estabelecimentos estão apreensivos.

   O motivo da preocupação é que a nova lei prevê que os donos informem a polícia caso algum cliente transgrida a lei. Eles estão preocupados com o impacto desse controle na relação com os clientes.

   "Estão nos pedindo que nos tornemos informantes, mas nós não queremos abrir mão do nosso relacionamento com os clientes", lamentou Edi Sommariva, diretor geral da Federação Italiana que agrega donos de bares, restaurantes e outros locais públicos.

Prazo

   Se a lei não for alterada, a associação levará sua reclamação à Justiça. A nova legislação passa a vigorar a partir do dia 10 de janeiro. A princípio, era esperado que a nova lei passasse a valer a partir do final deste mês, mas o prazo foi prorrogado para que os fumantes possam usufruir de suas últimas tragadas em público na festa de Reveillon.

   "Nós não permitiremos mais adiamentos", afirmou, nesta semana, o ministro da Saúde, Girolamo Sirchia. "Aqueles que querem fumar podem fazê-lo nas ruas ou em casa, não perto de pessoas que não toleram o fumo", disse. A legislação é a peça central dos esforços de Sirchia para inibir o hábito de fumar na Itália. As leis italianas já restringem o fumo em diversos locais, embora essas leis sejam freqüentemente ignoradas.

   Cerca de 26% da população adulta da Itália é fumante, de acordo com o Ministério da Saúde. A lei quer banir o fumo em todos os locais fechados, a não ser em áreas separadas com sistema de ventilação. A lei prevê multas de até US$ 2.900, inclusive para pessoas que não informarem as autoridades que um cliente está fumando.

Protestos

   Os protestos contra a lei geraram manchetes nos principais jornais da Itália nesta segunda-feira. O "Corriere della Sera", maior jornal diário do país, publicou um editorial na primeira página sobre o assunto. O jornal critica a lei, dizendo que reportar violações à lei é "serviço do Estado e dos funcionários públicos. Um barman ou um dono de restaurante não é um guarda", afirma o editorial.

   Sirchia --que foi um médico de renome antes de assumir o ministério-- rebateu os protestos, dizendo que os donos "devem apenas pedir ao cliente que não fume, se não estiver na área apropriada".

   Mas a campanha anti-tabaco de Sirchia encontra resistência até mesmo entre membros do governo. Ignazio La Russa, um renomado jurista da Aliança Nacional do governo e ex-fumante, afirmou que a lei pode causar preconceito contra os fumantes.

Irlanda

   Alberto Arrighi, outro jurista, afirmou que Sirchia "é um ótimo médico, mas parece um membro do Taleban em questões políticas". As leis italianas seguem um esforço similar que está sendo feito na Irlanda, que forçou a proibição do fumo em todos os locais de trabalho fechados, incluíndo bares, no início deste ano.

   A mudança fez com que 7 mil pessoas parassem de fumar e outras 10 mil passassem a fumar menos, de acordo com o Comissário Europeu da Saúde e Defesa dos Consumidores David Byrne.

   O governo inglês afirmou, no mês passado, também estar considerando a proibição do fumo em locais públicos, inclusive restaurantes e bares que servem comida. Na Itália, apenas 10% dos restaurantes acharam conveniente criar uma área separada para fumantes. Nos outros 90%, o fumo será totalmente banido.

   "A lei é exagerada, e baseada em uma mentalidade terrorista com a qual eu não concordo," disse o arqueologista -- e fumante --Claudio Ferrari, 27, enquanto tomava um café em um bar no centro de Roma. "Eu não sou adepto da idéia de que cabe ao Estado educar os cidadãos. É necessário um pouco de bom senso". (Com Associated Press)

(© Folha Online)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

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