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Silvio Berlusconi |
MILÃO (ITÁLIA) - O chefe de governo
italiano, Silvio Berlusconi, foi absolvido pelo tribunal de Milão da
acusação de ter subornado vários juízes, ainda que a sentença tenha sido
motivada pela "prescrição do crime".
Berlusconi, o homem mais rico da
Itália, recebeu com satisfação o veredicto, depois de assegurar que não
esperava que o condenassem porque não havia cometido delito algum.
"Melhor tarde do que nunca, tinha
razão de estar tranqüilo, porque tinha plena consciência de não ter
feito nada", assegurou.
O tribunal de Milão concedeu a
Berlusconi uma absolvição plena quanto à acusação de corrupção na
complexa compra-venda da sociedade alimentar pública SME em 1985 por
parte de um empresário rival de Berlusconi, ao mesmo tempo em que
decretou a absolvição por prescrição a respeito do pagamento de US$430
mil ao juiz romano Renato Squillante, em 1991.
Enquanto o centro-direita recebia
com satisfação e entusiasmo o veredicto de absolvição de seu líder ("a
sentença faz justiça a Berlusconi", disse o vice-premier, Merco
Follini), a oposição de esquerda afirmou que a decisão deixou uma sombra
sobre a imagem de Berlusconi à frente do governo.
"A prescrição não é uma
declaração de inocência mas supõe culpabilidade", afirmou o ex-promotor
da operação judicial e atual político Antonio Di Pietro, segundo o qual
"é necessário recordar que somente o vencimento do processo impediu os
juízes de decidir o mérito" da causa.
O secretário do partido dos
Comunistas Italianos, Oliviero Diliberto, afirmou que "a sentença de
absolvição por prescrição pressupõe a culpabilidade do premier,
conseqüentemente, seria razoável que ele, se tivesse sensibilidade
institucional, apresentasse sua renúncia".
Segundo a legislação italiana, o
crime de que era acusado Berlusconi, no ano de 1991, com os atenuantes
genéricos, prescrevia aos 7 anos e meio. Já se os juízes o tivessem
considerado culpável sem atenuante - como havia solicitado a promotoria
- prescrevia aos 15 anos.
A promotora Ilda Boccassini havia
pedido em meados de outubro uma pena de oito anos de prisão e a
inabilitação permanente de Berlusconi para desempenhar cargos públicos.
Os advogados de Berlusconi já
anunciaram que apelarão da sentença por causa da parte que se refere à
prescrição: "de todas as formas, é uma sentença que nos satisfaz
plenamente e encerra dez anos de um processo que se revelou
substancialmente inútil", disse Niccoló Ghedini.
Depois de escutar a leitura da
sentença, o outro advogado do chefe de governo, Gaetano Pecorella,
sublinhou que isto "quer dizer que o país é governado por uma pessoa
boa, que não corrompeu nenhum juiz".
Os fatos de que Berlusconi é
acusado remontam a 1985, quando o empresário Carlo De Benedetti alcançou
um acordo preliminar com Romano Prodi, não presidente do Instituto para
Reconstrução Industrial (IRI, um grupo estatal com participações em
numerosas empresas), para comprar o gigante agro-alimentício público
SME.
A operação, entretanto, não
chegou a ser concretizada porque, segundo a acusação, Berlusconi, em
sociedade com Barilla e Ferrero, fez uma contra-oferta, e apesar de De
Benedetti ter recorrido aos tribunais para que declarassem válido seu
contrato de venda, os juízes não lhe deram razão.
Segundo a promotoria de Milão,
Berlusconi subornou vários juízes, através de seu grupo Fininvest, para
que decidissem a seu favor, impedindo a venda da SME a De Benedetti.
Os outros implicados no caso já
foram julgados e condenados: o juiz Squillante, a oito anos de prisão, e
César Previti, advogado, ex-ministro e homem de confiança de Berlusconi,
a cinco anos, por ter sido intermediário no suborno ao juiz.
O processo contra o "Cavaliere"
("cavaleiro") - julgado em separado - foi retomado em abril deste ano,
depois que a Corte Constitucional derrogou a polêmica lei aprovada para
dar imunidade judicial aos cinco mais altos cargos do Estado, entre os
quais o de Berlusconi.
(©
ANSA)
Primeiro-ministro italiano, que
dizia ser alvo de "caça às bruxas", é inocentado de uma acusação e tem
outra prescrita
Berlusconi é absolvido em caso de corrupção
DA REDAÇÃO
O primeiro-ministro italiano,
Silvio Berlusconi, 69, foi ontem absolvido em Milão em processo por
corrupção de magistrado. Os juízes encontraram fundamento em outra
acusação semelhante, mas a arquivaram porque, segundo eles, ela estava
prescrita.
O Ministério Público, que havia
pedido pena de oito anos de prisão para o premiê, poderá ainda recorrer.
Mas são procedimentos de alguns anos, o que, por enquanto, não afeta o
gabinete de centro-direita liderado pelo magnata da mídia italiana,
visto como o homem mais rico da Europa.
Berlusconi não estava no tribunal no momento em que a sentença de
absolvição foi lida. Pouco depois, em Roma, reagiu aliviado e
laconicamente. "Antes tarde do que nunca", afirmou em nota.
A
decisão de ontem "fecha um ciclo de dez anos de julgamentos", disse
Niccolo Ghedini, um dos advogados do premiê.
A
acidentada ascensão de Berlusconi como homem de negócios já havia
custado a ele três condenações em primeira instância. Ele obteve ganho
de causa ao recorrer das sentenças, que totalizariam seis anos e meio de
prisão.
Francesco Castellano, que presidia a câmara milanesa do julgamento de
ontem, tinha em mãos um caso intrincado.
Tratava-se da compra e venda, nos anos 80, da SME, estatal da produção
de alimentos e subsidiária da IRI. Segundo a promotoria, Berlusconi, por
meio de sua empresa, a Fininvest, subornou o juiz Filippo Verde para que
a empresa não fosse adquirida por Carlo de Benedetti, um outro
milionário italiano e seu rival.
Em
1984, a venda da SME a Benedetti foi sustada, em benefício de um
consórcio do qual Berlusconi fazia parte. A estatal, finalmente
segmentada, foi vendida em empresas menores, com grande lucro ao
consórcio.
Havia no processo uma segunda acusação, a de que, paralelamente a esse
caso, o atual premiê também entregara, em 1991, US$ 433 mil a um juiz
romano, Renato Squillante, que o favoreceria.
A
sentença lida ontem por Castellano absolveu o premiê no caso da SME e,
embora reconhecesse o fundamento da acusação, tornou prescrita a
acusação de compra desse segundo juiz.
Em
processo do ano passado, um dos ex-advogados de Berlusconi, Cesare
Previti, também seu ministro da Defesa em 1994, foi condenado por
corrupção em razão dos mesmos US$ 433 mil. Previti foi condenado a cinco
anos, e Squillante, a oito. Ambos recorreram e aguardam julgamento em
instância superior. O juiz Filippo Verde foi absolvido. O jornal
britânico "Daily Telelgraph" calcula que Berlusconi tenha uma fortuna de
US$ 11 bilhões.
O
fato de o premiê ter-se beneficiado de prescrição provocou reações na
oposição de esquerda. O socialista Luciano Violante disse que "não houve
uma absolvição de mérito". O comunista Oliviero Diliberto disse que o
nome de Berlusconi continua sob suspeita.
O
premiê sempre argumentou ser inocente e estar sendo vítima de uma
maquinação politicamente motivada, de uma "caça às bruxas".
Seus problemas com a Justiça foram interrompidos quando o Parlamento
aprovou neste ano lei que dava imunidade judicial aos premiês. Mas a lei
foi considerada ilegal pela Corte Constitucional. (Com
agências internacionais)
(©
Folha de S. Paulo)
ROMA, 11 (ANSA) - O senador
italiano Marcello Dell'Utri, estreito colaborador do premier Silvio
Berlusconi, foi condenado hoje a nove anos de prisão por concurso
externo em associação mafiosa, anunciou o tribunal de Palermo.
A Corte condenou também a
sete anos de prisão outro acusado no processo, Gaetano Cina,
considerando seu enlace com Casa Nostra (a máfia siciliana).
Dell'Utri
desempenhou diversos cargos na Finivest, o holding de Berlusconi, e foi
um dos fundadores da Forza Itália, o partido liderado pelo chefe de
governo italiano.
Ontem,
Berlusconi foi absolvido por sua parte pelo tribunal de Milão de
diversas acusações de corrupção.
(©
ANSA)
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