As
cadeiras ainda não foram instaladas, os decoradores dão as últimas
pinceladas de dourado e tudo começa a brilhar no Scala de Milão, o
templo da ópera, que depois de uma restauração que durou dois anos e
meio reabrirá suas portas no próximo dia 7.
Para a reinauguração do
teatro, fechado por duas temporadas para reformas e modernização, o
administrador Riccardo Muti programa a mesma peça da abertura em 1778, a
ópera d'Antonio Salieri, Europa Riconosciuta (Europa reconhecida).
Daqui alguns dias, os
milaneses poderão ver toda a fachada do Scala renovada e, em particular
"a cúpula" que é visível do exterior, alvo de uma intensa polêmica entre
arquitetos e a população.
Dentro do teatro, as cortinas
de seda vermelha foram trocadas, o lustre central e os espelho
restaurados e o piso refeito. O carpete foi retirado e substituído por
um piso de carvalho maciço, como o original.
A acústica está excepcional
segundo o maestro Muti, afirma o diretor dos trabalhos, Antonio Acerbo.
Cada camarote, incluindo o
real em frente ao palco, foi desmontado e sua estrutura reforçada,
garantindo a segurança e conforto auditivo dos espectadores.
"Nós fizemos um trabalho de
memória, realizado de forma tradicional", explica Elisabetta Fabri,
responsável pela restauração da parte histórica do teatro.
Mas o espetacular desta
renovação foi nos bastidores, com a instalação da torre cênica, de 38
metros acima do palco e 18 metros abaixo, o equivalente a um prédio de
17 andares.
Três cenários podem ser
instalados simultaneamente, o que permite realizar mais apresentações em
cada temporada. Além disso, durante o espetáculo, as mudanças podem ser
feitas rapidamente e em silêncio graças a dispositivos eletrônicos.
Os autores desta renovação
defendem-na, enquanto vários milaneses os acusam de ter desfigurado o
teatro, em particular a cúpula desenhada pelo arquiteto suíço Mario
Botta.
"A mudança sempre causa medo.
Quando foi necessário destruir uma igreja para construir o teatro, a
polêmica já estava presente. A necessidade cênica se impôs às
contrariedades técnicas e a cúpula é também um sinal de evolução",
justifica o filho de Mario Botta, responsável por esta profunda mudança.
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