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Escritor afirma que a Igreja não canonizou Colombo por ser judeu

11/11/04

 

Por Geli Yedra

   Torrevieja (Espanha) (EFE) - A Igreja Católica retirou sua própria proposta de canonizar o almirante Cristóvão Colombo ao descobrir que "era judeu", diz o autor espanhol Oscar Villar Serrano no livro "Cristóbal Colón: el secreto mejor guardado" (Cristóvão Colombo: o segredo melhor guardado).

   Villar Serrano, doutor em Ciências Náuticas e capitão do Comando Marítimo de Torrevieja, na província espanhola de Alicante, afirma que Colombo sempre manteve um certo anonimato sobre sua personalidade "porque era judeu, feito que permitiu a ele receber o apoio dos judeus" em sua primeiro viagem à América com a promessa de "oferecer a estes a terra prometida".

   Em uma entrevista a EFE, Villar assegurou que "o mistério" em torno de Colombo está ligado à necessidade que teve de ocultar sua religião para conseguir o apoio de uma rainha católica à sua viagem.

   Apesar disso, "todos os seus grandes apoios" foram judeus, desde o banqueiro da Coroa de Aragón Luis Santángel, até a própria tripulação das caravelas, "majoritariamente judia".

   O autor lembra em seu livro os movimentos migratórios produzidos na Itália e na Espanha durante os séculos XIV e XV, devido à perseguição contra os judeus, e "é nele onde está o segredo da família de Colombo".

   Villar assegura, em sua obra, que nas correspondências entre Colombo e seu filho Fernando "há muitas provas de suas crenças religiosas judias".

   As cartas estavam datadas com números hebreus, os textos foram escritos em um idioma "ininteligível" e as despedidas eram feitas lembrando uma bênção judia.

   Além disso, o autor sustenta que Colombo recomendava ao filho por carta que, na frente das pessoas, se comportasse como mandava a lei canônica, "mas entre nós - citando Colombo textualmente - temos que conservar nossos costumes".

   Villar lembra que o irmão de Cristóvão Colombo foi queimado em Valência em 1493 por ser judeu e que, curiosamente, foi a própria Igleja que, depois da morte do marinheiro, propôs canonizar o descobridor por ter cristianizado os indígenas da América, "mas (a proposta da Igreja) foi descartada ao perceber que era judeu".

   Além disso, o autor do livro sustenta que o navegante "sabia aonde ia" quando descobriu o novo continente, pois contava com informação sobre a rota a ser realizada.

   Em seu livro, que será publicado no próximo mês, Villar explica que Colombo "não foi um simples aventureiro", mas um letrado, cartógrafo e cientista que possuía mais de vinte mil livros sobre navegação que foram posteriormente cedidos por seu filho aos dominicanos de Sevilha, onde eram recolhidas anotações do próprio descobridor.

   Villar diz também que Colombo conhecia a distância e a duração do trajeto porque "tinha cartografia precisa". Segundo o autor, ele dispunha de mapas da escola de Sevres (França).

   Quanto ao financiamento da primeiro viagem, Villar explicou à EFE que parte do dinheiro que Santángel deu para Colombo procedia do arrendamento de domínio público das salinas de Torrevieja, propriedade do banqueiro.

   A obra de Villar garante que Colombo se cercou de importantes judeus espanhóis como Abraham e Jefuda Cresques, criadores do Atlas catalão, o cientista italiano Paolo del Pozzo Toscaneli, o explorador florentino Nicolo di Conti e o cartógrafo e irmão do conquistador Bartolomé Colombo.

   O autor destaca que os portugueses sempre estiveram atentos à primeira viagem que Colombo realizou a América e, por isso, o descobridor escrevia em seu caderno de anotações "dados errôneos para não lhes permitir conhecer a rota certeira".

   Segundo Villar, Colombo dizia que tinha descoberto as Índias Orientais por uma rota norte "mas era mentira", já que chegou ao novo continente pelo sul, evitando o Mar de los Sargazos.

   "Cristóvão Colombo: o segredo melhor guardado" não é uma novela, mas "uma obra que mistura a história com conhecimentos científicos e que leva a conclusões novas", diz Oscar Villar Serrano.

(© UOL Diversão & Arte)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

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