10/11/04
ROMA
- Uma invenção italiana, que funciona a partir
da concentração de feixes de luz multiespectral, permitirá a leitura de
pergaminhos gregos e latinos que na Idade Média foram apagados por
monges e escribas para poder escrever novos textos reutilizando esta
matéria-prima, muito cara naquela época.
Espera-se que a invenção, apresentada em
um congresso na Biblioteca Nacional de Roma, permita recuperar textos
perdidos ou versões diferentes das que temos de Homero, Aristófanes,
Plutarco e Hipócrates, só para citar os autores mais famosos da
Antigüidade.
Esses pergaminhos se chamam palimpsestos e
sua principal característica é a escrita de textos sobre outros mais
antigos, apagados ou rasurados, que chegaram sãos e salvos até a Idade
Média.
A escrita original, ilegível à primeira
vista, pode recuperar-se a partir de agora graças à invenção da empresa
Fotoscientifica, que utiliza a tecnologia multiespectral digital, com
raios ultravioleta e infravermelho que, ao potencializar a sua imagem, a
torna legível.
Com esse novo instrumento, os
especialistas puderam ver, uma junto de outra, homilias de Gregorio
Nacianzeno da Biblioteca Apostólica Vaticana (a mais rica neste tipo de
palimpsestos), copiadas no século X sobre o código de direito canônico
dos séculos VII e VIII que, por sua vez, estava em uma cópia do século V
da Geografia de Estrabón.
Outro exemplo é o de um museu de Viena
onde, em uma biografia de San Juan Crisóstomo do século XII, se
descobriu uma gramática de Elio Herodiano.
Há três anos a Comissão Européia financia
o estudo em 52 depósitos europeus (bibliotecas, museu, igrejas, etc) de
pergaminhos, na esperança de que debaixo de algum texto medieval se
descubram obras perdidas dos grandes pensadores da era clássica.
Exposições parecidas se comemoram
contemporaneamente em Atenas, Londres, Viena e Zaragoza.
(© AnsaLatina)
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