|
O líder zapatista
subcomandante Marcos dá entrevista em uma das bases do grupo |
Da Redação
Em São Paulo
Um time italiano e uma guerrilha mexicana. Em comum entre eles,
só a vocação marqueteira.
Nesta semana, porém, os dois
lados se uniram: a Internazionale de Milão doou para o EZLN (Exército
Zapatista de Liberação Nacional) centenas de bolas, uniformes e
equipamentos para a que seja criado um time em Chiapas, região sul do
México onde atua a organização esquerdista. Além disso, repassaram 2.500
euros para um hospital local.
O líder guerrilheiro, o
subcomandante Marcos, apareceu segurando a camiseta número 4 da equipe
"neroazzurra" e se declarando fã do argentino Javier Zanetti, seu atual
dono.
Com o tradicional gorro que só
mostra os olhos e um cachimbo na mão, Marcos agradeceu a ajuda: "Irmãos
do time italiano, irmãos futebolistas, desejo o maior sucesso para suas
campanhas, afinal, vocês tem consciência para construir um mundo com
justiça e dignidade".
Tudo começou meses atrás, quando
um dirigente do Inter, Bruno Bartolozzi, voltou de uma viagem ao México
e contou para o lateral Zanetti como sofriam as populações indígenas do
país latino-americano. Ele se solidarizou após o ataque de paramilitares
na base zapatista de Zinacantán. "Quisemos restituir o que eles perderam
com essa repressão", disse Batolozzi.
O argentino, que já colaborava na
Argentina com instituições de defesa dos índios, começou uma coleta com
os colegas de time, entre eles o brasileiro Adriano.
Com o dinheiro e as doações em mão, uma delegação do time
italiano viajou para o México. O curioso que os jogadores do Milan,
arquiinimigo da equipe, também colaboraram na "vaquinha".
No território sob influência dos
zapatistas há diversos times, mas eles, em geral, perdem de lavada das
equipes das outras regiões. Existe até uma "seleção zapatista", que já
fez amistosos até na Cidade do México, capital do país. Também saiu
goleada nesses jogos.
Desde 1994, a guerrilha se
levantou contra o governo mexicano. Com o passar do tempo, o grupo ficou
cada vez mais isolado internamente, mas contando com muita simpatia
internacional, afinal, defende justiça social e os grupos indígenas de
origem maia da fronteira mexicana com a Guatemala. Por muitos anos, os
zapatistas vêm ganhando mídia graças a suas ações mais próxima ao
marketing que às técnicas de guerrilha.
(©
UOL Esporte)
|