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Italiano homófobo deixa tenso parlamento da UE

11/10/04

Rocco Buttiglione

 

Cresce polêmica sobre declarações preconceituosas de comissário

George Parker
Em Bruxelas

   José Manuel Barroso, o político português que é o novo presidente da Comissão Européia, viu-se nesta quinta-feira (14/10) no meio de uma disputa entre o Parlamento Europeu e a Igreja Católica Romana.

   Os integrantes socialistas do Parlamento se opõem e estão mirando em Rocco Buttiglione, o político italiano indicado como comissário europeu para Justiça e Assuntos Domésticos, por causa das visões dele em relação aos homossexuais e ao papel das mulheres.

   A liderança da bancada socialista, a segunda maior do Parlamento, advertiu que, a não ser que Barroso conduza Buttiglione para um cargo menos suscetível a críticas, eles poderão rejeitar toda a nova formação da Comissão Européia, com seus 25 integrantes.

   Mas Buttiglione, que é amigo do Papa João Paulo II, foi defendido por personalidades católicas. Esses veteranos acusaram os parlamentares europeus de empreenderem uma campanha contra a Igreja.

   Vittorio Messori, considerado o mais importante escritor católico da atualidade, disse ao jornal Il Messaggero, do Vaticano: "Graças a Deus o anti-semitismo está ultrapassado, mas ele foi substituído na cultura ocidental pelo anti-catolicismo."

   Buttiglione enfureceu muitos parlamentares europeus ao reiterar suas opiniões, de que o homossexualismo é "um pecado" e de que o casamento existe para que as mulheres procriem e sejam protegidas pelos seus maridos.

   Nesta quinta, Martin Schulz, líder da bancada socialista no Parlamento Europeu, declarou: "Os comentários dele sobre as mulheres e as pessoas gays tornam Buttiglione totalmente inadequado à função que lhe foi incumbida pelo sr. Barroso."

   Buttiglione disse ontem que tinha "fé o bastante" para desistir de seu trabalho na Comissão, caso isso lhe seja exigido.

   Barroso enfatizou seu apoio aos comissários que nomeou, inclusive a Buttiglione, e disse que responderia às críticas do Parlamento na próxima semana.

Tradução: Marcelo Godoy

(© Financial Times/UOL Mídia Global)


Pesquisa italiana sugere que mulheres aparentadas a homossexuais masculinos têm famílias maiores que a média

Gene "gay" aumenta fecundidade feminina

STEVE CONNOR
DO "INDEPENDENT"

   Parentes mulheres de homossexuais masculinos têm famílias maiores do que a média, afirma um controverso estudo recém-publicado que procura responder a questões sobre a base biológica da homossexualidade. O estudo, no entanto, também mostra que isso só acontece no caso de parentes do lado materno.

   O achado é importante porque explica uma aparente contradição da teoria do "gene gay", que implica em que, se a homossexualidade é genética, esses genes tenderiam a desaparecer, uma vez que homossexuais masculinos tendem a ter menos filhos que os heterossexuais.

   No entanto, o problema é resolvido se os mesmos fatores que levam à predisposição à homossexualidade em homens causarem uma correspondente alta na fecundidade de parentes mulheres desses homens.

   Isso significa que os fatores genéticos que supostamente predispõem os meninos a se tornarem homossexuais nunca serão eliminados de uma população, porque suas irmãs, mães e tias maternas continuarão a espalhar os genes -uma vez que elas terão um número de filhos maior que a média.

   A descoberta surgiu de um estudo das famílias extensas de 98 homossexuais masculinos e cem heterossexuais. A idéia era verificar se havia alguma diferença significativa na fertilidade atribuível ao fato de ter um familiar gay.

   O grupo de cientistas liderado por Andrea Camperio-Ciani, da Universidade de Pádua (Itália), diz que, por meio da análise dos históricos familiares e do número de crianças em cada família foi possível estudar o "paradoxo darwinista" da homossexualidade.

Genes e ambiente

   "O paradoxo é o seguinte: se a homossexualidade masculina tem um componente genético e os homossexuais se reproduzem menos que os heterossexuais, por que esse traço é mantido na população?" -questiona Ciani.

   "Nossos dados resolvem o paradoxo, mostrando que pode haver vantagens reprodutivas até então ignoradas associadas à homossexualidade masculina", afirmou.

   O estudo, publicado no periódico britânico "Proceedings of the Royal Society of London B" (www.jstor.org/journals/00804649.html), não assume que homens homossexuais nunca têm filhos, apenas que eles são, na média, menos propensos a ter tantos filhos quanto os heterossexuais.

   Segundo Ciani, o estudo mostrou que 20% da predisposição à homossexualidade é causada por fatores genéticos desconhecidos -o resto é resultado de experiência ao longo da vida.

   "Não estou sendo um extremista genético. Estou apenas dizendo que homens gays podem nascer com uma predisposição a serem homossexuais que é influenciada pela experiência pessoal", disse.

   Entretanto, qualquer sugestão de que a homossexualidade masculina possa ter um componente genético tem de lidar com o paradoxo darwinista, e isso é o que o estudo fez, complementou.

   O estudo sugere que, quaisquer que sejam os fatores genéticos para homossexualidade, eles precisam consistir em vários genes e tendem a ser passados pela linhagem materna da família, porque homens gays têm mais parentes gays maternos do que paternos.

   Uma possível explicação para a descoberta de que homens gays têm famílias maiores é a de que, quanto maior o tamanho da família, mais provável é que alguns de seus membros masculinos acabem se tornando gays.

   Entretanto, Ciani afirma que isso não explica por que o estudo descobriu que as tias maternas de homossexuais masculinos têm famílias significativamente maiores do que as tias paternas.

   Outra pesquisa sugeriu que pelo menos alguma predisposição genética a ser gay é guardada no cromossomo X, que os homens apenas herdam através da mãe, mas Ciani disse que outros genes ou cromossomos quase com certeza estão envolvidos.

   Os cientistas também demonstraram repetidamente que as chances de um homem ser homossexual aumentam em um terço para cada irmão mais velho que ele tem. Eles descobriram que um homem com três irmãos mais velhos tem o dobro de probabilidade de ser gay do que um que não tem irmãos mais velhos.

   Isso sugere que pode haver fatores biológicos operando no útero materno de quem já teve vários filhos que aumentam a predisposição a um futuro rebento ser gay.

(© Folha de S. Paulo)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

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