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Gibi de presas afiadas

Maurizio Colombo assina a arte de 'Dampyr': 65 mil cópias por mês

Êxito de vendas na Europa, a HQ italiana 'Dampyr' chega às bancas brasileiras

Rodrigo Fonseca

   Nem super-heróis mascarados, nem caubóis rápidos no gatilho. História em quadrinhos para vender bem na Itália - terra natal de pistoleiros outrora best-sellers como Tex e Zagor - tem que mostrar criaturas do além, cemitérios violados, mortos que voltam à vida, enfim, meter medo no leitor. Foi por preencher esses requisitos que a HQ Dampyr, violenta saga de um caçador de vampiros, tornou-se um dos maiores fenômenos de venda na Europa. Escrito por Mauro Boselli e desenhado por Maurizio Colombo, o gibi acaba de chegar ao Brasil.

Pelo que conhece dos leitores brasileiros, o editor Sergio Bonelli confia no futuro de sua nova criação no país.

- Jovens. É a eles que o terror agrada. São os leitores mais novos, que assistem a filmes de horror nos cinemas e gostam do gênero, que garantiram as vendas altas de Dampyr e que me pegaram de surpresa - afirmou Sergio ao JB, por telefone, do escritório da tradicionalíssima Sergio Bonelli Editore, em Milão.

Falando com o português perfeito de quem já veio várias vezes ao Brasil, e conhece da floresta amazônica ao sertão nordestino, Bonelli atribui o bom desempenho de Dampyr ao apelo dos sugadores de sangue.

- Na Itália, o mito dos vampiros não nos diz muito culturalmente. Temos outras lendas aqui, mas o cinema ajudou a popularizar a figura dessas criaturas e atrair público para histórias que elas estrelam - diz ele, ao apresentar Harlan Draka, anti-herói de Dampyr.

Na série, Harlan é atormentado pela maldição de ser fruto da união entre uma mulher e um vampiro. Mas, em vez de buscar um divã freudiano para chorar seus traumas, ele ameniza sua dor livrando a humanidade da raça de mordedores de pescoço, que espalham sua fome por coágulos a quem ataca. A seu lado estão a bela morta-viva Tesla e o soldado Kurjak.

- Dampyr nasceu de leituras feitas pelo escritor Mauro Boselli de lendas a respeito de uma hierarquia vampírica, que organiza esses seres em castas. O tema rendeu uma trama que, apesar de complexa, atraiu a juventude italiana.

Com a experiência que acumulou em quatro décadas devotadas aos gibis, o autor sabe que tem motivos para comemorar as 65 mil cópias mensais que Dampyr vende, desde sua estréia, em abril de 2000. O número supera a média de outros títulos publicados em solo italiano, que ronda os 25 mil.

- A vendagem é fantástica para os dias de hoje, quando se fala em quadrinho seriado e industrial. Mas há 15 anos, quando a internet ainda não concorria com os quadrinhos, 65 mil cópias vendidas significaria fracasso - diz o veterano roteirista, hoje um editor internacionalmente respeitado.

Nos anos 60 ele assumiu a direção da empresa criada duas décadas antes pelo pai, o lendário roteirista Gian Luigi Bonelli (1908-2001), que, em 1948, ao lado do desenhista Aurelio Galleppini, criou o agente da Lei Tex Willer. Um dos mais populares personagens das HQs mundiais, Tex chegou às telas com Giuliano Gemma no papel central. E até hoje, seus gibis agradam. Mas aos mais velhos.

Hoje, os maiores êxitos de Bonelli são Dylan Dog, um investigador do sobrenatural, e Dampyr, atualmente na edição número 53. O quadrinho foi lançado nas bancas brasileiras pela paulista Mythos, numa caprichada publicação em formatinho, cuja tradução, feita por Julio Schneider, valoriza a prosa original de Boselli.

(© JB Online)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

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