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Tardio tributo ao gênio Visconti

Lancaster despiu-se da pose de durão para encarnar o angustiado príncipe siciliano Dom Fabrizio Salina

 

Luxuoso DVD de 'O Leopardo' eleva o diretor italiano ao patamar de Fellini

Rodrigo Fonseca
Crítica/DVD

   Fellini pode até ser o mais querido, Antonioni, o mais indecifrável, e Pasolini, um respeitado depravado. Mas se há um gênio incompreendido e pouco reconhecido entre os grandes mestres que o cinema italiano do pós-guerra consagrou, este título pertence ao lombardo Luchino Visconti (1906-1976). E qualquer dúvida quanto à sua gloriosa performance com a câmera na mão se dissipa com o lançamento da luxuosa versão em DVD de O Leopardo (Il Gattopardo, Itália/ França, 1963), longa-metragem que lhe rendeu a Palma de Ouro em Cannes.

   Para quem o considera um autor fútil se comparado aos outros representantes do neo-realismo, pela pompa e sofisticação formais e pela obsessão em falar da degradação familiar, O Leopardo é um tapa de luva com sua reflexão social densa. Estrelado por Burt Lancaster, que se despiu da imagem de herói durão que Hollywood lhe deu para abraçar seu melhor papel, O Leopardo é a adaptação do romance de Giuseppe Tomasi Di Lampedusa (1896-1957). A edição que a Versátil Home Video coloca no mercado brasileiro, ao custo médio de R$ 54, é a original italiana, de três horas de duração, exibida no Brasil em 1994, e não sua contraparte americana, de 165 minutos, dublada pela distribuidora Fox para explorar o apelo de Lancaster nos EUA.

   A trama fala dos conflitos existenciais, amorosos e políticos do Príncipe Dom Fabrizio Salina. Rico latifundiário no começo do século 19, ele demora a adaptar-se aos conflitos nacionalistas que descambaram no Risorgimento - a unificação do cindido império localizado no atual território italiano -, ocupado em preencher o vazio de seu coração.

   É onde entra a sedutora personagem da diva Claudia Cardinale, noiva do sobrinho de Salina, Tancredi (Alain Delon, perfeito). Não perca a chance de encontrar, na multidão de coadjuvantes, ídolos do western spaghetti como Giuliano Gemma e Terence Hill.

   O DVD deixa a tentação de eleger O Leopardo como a obra-prima deste aristocrático artista apaixonado por corridas de cavalos, teatro, ópera, literatura. São dois discos, um com duas horas só de extras, incluindo documentários sobre as filmagens, ensaios sobre a Itália do século 19 e sobre o cineasta, galeria de fotos de cenas, reproduções de cartazes e biografias do elenco.

   Apontar a saga de Dom Fabrizo como seu melhor trabalho significaria deixar de lado a magnificência de outras realizações como Rocco e seus irmãos (1961) e Violência e paixão (1974), este sim merecedor da fama. Mesmo assim, o retrato que Visconti pintou da decadência da nobreza siciliana e da ascensão da burguesia é de uma contundência estética singular. E política também, com referências à discussão de luta de classes na ótica de pensadores como Antonio Gramsci (1891-1937).

   O média-metragem Uma casta agonizante (A dying breed), o melhor dos extras, esclarece os debates propostos por Visconti ao ouvir a equipe de O Leopardo. Entre eles, o diretor de fotografia Giuseppe Rotunno e o cineasta Sidney Pollack, que coordenou a dublagem do longa nos EUA. Há ainda uma entrevista com Goffredo Lombardo, produtor do filme, que defende o direito de elevar Visconti ao mesmo pódio em que a crítica imortalizou Fellini.

(© JB Online)

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Incêndio causa graves danos em estúdios de Dino De Laurentiis

da France Presse, em Roma

   Um incêndio causou sérios danos nos antigos estúdios de cinema do famoso produtor ítalo-americano Dino De Laurentiis, perto de Roma, que voltaram a funcionar novamente depois de vários anos de abandono, informou hoje a empresa proprietária do local.

   "Vai custar várias centenas de milhares de euros", afirmou uma fonte da empresa Roma Studios, fundada em 2001 para retomar os estúdios conhecidos na Itália como DinoCittà.

   Os bombeiros levaram mais de cinco horas para controlar o fogo na quarta-feira (21). Um dos maiores cenários do set ficou completamente destruído.

   Um curto-circuito pode ter originado o fogo, segundo os bombeiros, que não descartam nenhuma pista.

(© Folha Online)
 

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