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As reformas do
Scala de Milão |
O maior palco da
Europa, que abrigou todos os principais compositores, maestros e
estrelas da ópera nos últimos dois séculos, será reaberto após três anos
de reformas
David Willey, da BBC Brasil
Milão - O maior
palco da Europa, que abrigou todos os principais compositores,
condutores e estrelas da ópera nos últimos dois séculos, ainda
impressiona. As reformas do La Scala duraram quase três anos e, de
acordo com os planos da empresa responsável, a casa estará pronta para
receber os primeiros ensaios em outubro.
Novos aparelhos de
ar-condicionado e equipamentos contra incêndio e de segurança estão
sendo instalados.
Há poeira por toda parte. O
interior do famoso auditório em forma de ferradura está recoberto com
plásticos, enquanto os restauradores retocam as decorações douradas e
candelabros.
Fios elétricos percorrem o
chão empoeirado, conectando as telas de tradução que estarão disponíveis
em cada um dos 1,8 mil assentos. Com isso, os admiradores de ópera
poderão acompanhar o libretto em inglês, francês e italiano.
Entre barulhos de martelos,
serras e furadeiras, o maestro Riccardo Muti, diretor musical do La
Scala, introduz com animação, numa entrevista coletiva, a programação
para a próxima temporada.
Ele garante que nunca vai
sacrificar a qualidade em detrimento da quantidade no novo La Scala.
"Faremos 185 apresentações no
primeiro ano. Isso é muito se você levar em conta a alta qualidade de
cada obra que apresentamos e o número de ensaios."
"Não somos como a Staatsoper,
em Viena, que apresenta uma ópera diferente por noite sem ensaiar
adequadamente. Ainda tomamos cuidado com nossa produção artística",
disse o maestro.
"Mas com as possibilidades
técnicas que teremos agora, vamos aumentar a quantidade mantendo ao
mesmo tempo a qualidade. Nosso novo maquinário de palco é o mais moderno
do mundo. Até o ano passado precisávamos de até dois dias para trocar o
cenário. Agora, podemos fazer imediatamente, é só apertar um botão e
pronto."
A ópera escolhida para abrir o
novo La Scala em dezembro de 2004 é uma obra que foi encomendada para a
inauguração do teatro original, em 1778, pela imperatriz da Áustria
Maria Theresa, escrita pelo compositor italiano Antonio Salieri,
trata-se de uma ópera-balé intitulada Europa Riconosciuta.
A partitura e o libretto
originais foram resgatados em uma biblioteca musical em Viena – cidade
em que Salieri, um rival de Mozart, viveu e trabalhou. Algumas das
músicas de balé que ele compôs em 1778 também serão tocadas na noite de
gala de abertura.
Preços salgados - Alta
cultura, porém, pode significar altos preços. Os ingressos para a noite
de abertura já estão sendo comprados por US$ 2,5 mil (cerca de R$ 7,5
mil) por pessoa nos camarotes.
Numa tentativa de ampliar o
público de ópera, balé e música clássica no La Scala, o teatro está
oferecendo a preços razoáveis carnês de ingressos para a temporada
2004-2005 que incluem algumas das 13 óperas, 9 balés e 12 concertos que
estarão em cartaz.
Muitas dessas apresentações
serão conduzidas por maestros convidados de renome, como Georges Pretre,
Zubin Mehta e Simon Rattle.
O La Scala é o segundo grande
teatro de ópera da Itália a passar por reformas no início do século 21.
O La Fenice, de Veneza, foi destruído por incêndio em janeiro de 1996.
Totalmente reconstruído, ele será reaberto em dezembro.
Apesar das boas notícias para
os admiradores, o futuro da ópera na Itália sofreu um duro golpe esta
semana, com anúncio de um novo orçamento do governo prevendo cortes nos
subsídios às artes.
O La Scala deve ter de tentar
arrecadar 2 milhões de euros adicionais (cerca de R$ 7,4 milhões) de
patrocinadores para equilibrar suas contas em 2005.
(©
estadao.com.br)
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