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Berlusconi, na foto
com George W. Bush |
Premiê não acalma aliados e sofre derrota em voto
sobre a Rai no Parlamento
DA REUTERS
O premiê da Itália, Silvio
Berlusconi, buscou ontem pôr fim às divisões que ameaçam a estabilidade
da coalizão que apóia seu governo, oferecendo concessões aos
democrata-cristãos, e disse esperar permanecer no poder até o final de
seu mandato de cinco anos, em 2006.
Mas sua tentativa de acalmar
seus aliados foi minada pela União Democrática do Centro (UDC, partido
democrata-cristão), que desafiou seus parceiros do governo e apoiou a
oposição em seu esforço para depor o conselho de administração da
influente rede de rádio e TV RAI.
Na Câmara Baixa do Parlamento,
Berlusconi, visivelmente preocupado, prometeu modificar seus planos de
cortar impostos, reformar o sistema eleitoral e buscar um novo ministro
da Economia. Tudo isso para reconquistar o apoio dos democrata-cristãos.
"Tenho certeza de que
saberemos reencontrar o ímpeto necessário para cumprir a promessa que
fizemos aos italianos", disse.
Partidos oposicionistas de
centro-esquerda criticaram a intervenção do premiê, que ocorreu pouco
mais de uma hora depois da votação para remover o conselho de
administração da RAI. Com os votos da UDC, a oposição conseguiu vencer o
governo.
A UDC tem dito que os
diretores da RAI são favoráveis demais ao governo Berlusconi e que uma
recente reforma das leis que regulam as telecomunicações fez com que uma
mudança no conselho de administração da rede fosse necessária. Desde que
assumiu o poder, em 2001, Berlusconi é acusado de buscar controlar a
mídia italiana, já que possui as maiores redes de TV privadas e, como
premiê, controla a estatal RAI.
Outro partido de sua coalizão,
a populista Liga Norte, disse que a votação sobre o conselho de
administração da RAI significava que Berlusconi não tinha mais maioria
no Parlamento para sustentar seu governo.
"A maioria parlamentar não
existe mais. Berlusconi deveria fazer algo a respeito disso", disse o
ministro do Trabalho, Roberto Maroni, que é da Liga Norte.
A UDC insistiu em que a
questão da remoção do conselho de administração da RAI não tem nada a
ver com seus problemas com Berlusconi, argumentando que, com ela, não
pretendia derrubar o governo.
Suas exigências atingem o
coração do governo, já que incluem uma ameaça à Liga Norte, que quer uma
maior descentralização administrativa. Esta daria bem mais força à
regiões em detrimento do poder central. Os democrata-cristãos, que são
mais centralizadores, exigem que esse projeto seja abandonado.
(©
Folha de S. Paulo)
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