Rio de Janeiro -
A Polícia
Federal brasileira prendeu no Rio de Janeiro, de acordo com pedido de
extradição do governo italiano, Pietro Mancini. Ex-membro da organização
Autonomia Operária, Mancini foi condenado na Itália a mais de 20 anos de
prisão por vários crimes cometidos no anos setenta.
Mancini, 56 anos, refugiado no Brasil desde o final dos anos 70, foi
preso sob ordem emitida pela Corte de Apelação de Milão. A prisão
ocorreu na sua produtora de vídeo no Rio de Janeiro exatamente 9 anos
após a proclamação da sua sentença definitiva, quando foi condenado por
assalto a mão armada, participação em grupo subversivo e em grupo
armado, e pelo homicídio do vice-brigadeiro Antonio Custra em Milão.
Mancini faz parte do grupo de procurados pela Justiça italiana no Brasil
por diversos fatos referentes aos anos de chumbo do terrorismo na
Itália, assim como Achille Lollo, Luciano Pessina e Pasquale Valitutti.
Achille Lollo teve sua extradição negada pelo governo brasileiro em
1993.
No
bairro carioca de Botafogo, Mancini possui uma produtora de vídeo e de
cinema para publicidade muito conhecida no País. Ele se naturalizou no
Brasil, onde casou novamente com uma italiana e criou a sua filha, hoje
com 20 anos.
Em
uma entrevista coletiva na sede da PF do Rio
de Janeiro, Mancini afirmou que nunca participou de ações violentas.
Também recordou seu passado de intelectual, sociólogo e sindicalista
metalúrgico. Logo após a entrevista foi transferido para a penitenciária
Ari Franco, na periferia norte do Rio de Janeiro.
Nascido
em Ascoli Piceno, região central da Itália, em 1948, Mancini foi
sindicalista antes de tornar-se braço direito de Toni Negri, mentor
intelectual das Brigadas Vermelhas na Itália. No grupo Autonomia
Operária participou de vários seqüestros na região entre Milão e
Cremona. Na Itália, Mancini tem três filhos do primeiro casamento.
A
sua extradição pelas autoridades brasileiras, se concedida, deverá
ocorrer em um período de sete a oito meses. E a sua possível
transferência para a Itália deve ocorrer, pois os crimes pelos quais
está sendo acusado foram cometidos antes do seu pedido de cidadania.
Outros casos similares, como o de Achille Lollo, levaram o governo
brasileiro a rejeitar o pedido de extradição no passado.
Intelectuais da esquerda brasileira já requisitaram um encontro com o
ministro da Justiça, Marcio Thomas Bastos, para pressionar contra a
possível extradição de Mancini. A sua prisão faz parte da nova ofensiva
do Ministério Público italiano nos confrontos com os procurados no
exterior ligados ao anos de efervescência do terrorismo na Itália,
iniciada em janeiro com o caso de Achille Lollo. (Ansa)