IMBRÓGLIO -
Em 2003, os 13 participaram do
seqüestro, em Milão, de um suposto terrorista, levado para o Egito e
torturado
DA REDAÇÃO
A juíza milanesa Chiara Nobile expediu ordem de prisão contra 13
pessoas vinculadas à CIA, o serviço de inteligência americano. Elas
estão envolvidas no seqüestro de um suposto terrorista muçulmano, que
foi transportado clandestinamente até o Egito, onde sofreu torturas
durante os interrogatórios.
O seqüestro ocorreu numa rua de Milão em 17 de fevereiro de 2003. A
vítima se chamava Hassan Mustafá Osama Nasr, 42, também conhecido como
Abu Omar, chefe espiritual de uma mesquita romana.
Abordado em italiano por dois homens para um "simples controle de
identidade", ele foi em seguida agarrado e colocado à força numa
caminhonete branca.
O veículo, em viagem de algumas horas, levou-o até a base aérea
americana de Aviano, ao norte de Veneza, e de lá para o Egito, com
escala em Ramstein, base americana na Alemanha, onde o colocaram em
outro avião militar dos Estados Unidos.
Os detalhes e os roteiros foram apurados em investigação do Ministério
Público italiano e tornados públicos ontem pelo promotor Manlio Claudio
Minale, que não citou nominalmente a CIA. Mas outros informantes
disseram às agências de notícias Reuters e Associated Press que o
serviço de inteligência americano é mencionado de modo explícito no
despacho da juíza.
O jornal "Il Giorno" diz que todos os 13 seqüestradores eram de
nacionalidade americana, e que três deles eram mulheres. Não se sabe se
eles ainda estão em operação na Itália.
O "New York Times", em sua edição online, diz que alguns dos envolvidos
atuavam na Itália sob a cobertura diplomática e estavam lotados no
consulado americano em Milão. A informação dá ao episódio uma dimensão
bem mais explosiva.
A embaixada americana em Roma e a própria CIA, em Washington, não
quiseram comentar a informação. Não foram divulgados, tampouco, os nomes
das pessoas que participaram em 2003 do seqüestro, encabeçado por um
indivíduo que as autoridades italianas sabiam trabalhar para os serviços
americanos de inteligência.
Embora a Itália tenha sido desde o 11 de Setembro uma leal aliada da
guerra ao terrorismo desencadeada pelo presidente dos Estados Unidos,
George W. Bush, os informantes afirmaram que o governo italiano
desconhecia os planos de seqüestro e não havia acobertado sua
realização.
Outros informantes disseram que o Judiciário tem certeza sobre a
identidade real de algumas das pessoas cuja prisão foi agora pedida,
enquanto outras são conhecidas apenas por nomes fictícios.
Hassan Nasr, o seqüestrado, tem uma vida misteriosa. Ele pode ter
participado das guerras do Afeganistão e da Bósnia antes de ter chegado
à Itália, em 1997, onde obteve o estatuto de exilado político, e recebeu
como incumbência da comunidade muçulmana cuidar de uma mesquita.
Ele vinha sendo investigado por ligações com extremistas e por estar
supostamente recrutando combatentes para apoiarem Saddam Hussein, meses
antes de sua queda, no Iraque.
Depois de permanecer seqüestrado, Nasr foi libertado por motivos de
saúde no início do ano passado, mas as autoridades egípcias o prenderam
novamente algumas semanas depois, no mês de maio.
Ainda em liberdade, ele fez duas ligações interurbanas para a Itália,
uma para sua mulher e outra para um dirigente muçulmano em Roma, Mohamed
Reda.
Em sua conversa com Reda ele disse ter sido bastante torturado. Disse
que estava com dificuldades de locomoção e que não conseguia andar mais
de 200 metros. Estava com problemas nos rins e de pressão arterial. A
conversa foi gravada, e sua transcrição, anexada ao processo.
Numa aparente manobra, o Judiciário italiano também decretou a prisão de
Nasr. Com isso, inicia-se a possibilidade de sua extradição. O paradeiro
dele é desconhecido, e não há certeza de que ele ainda esteja no Egito
ou se foi transportado para outro país árabe com o qual os EUA tenham
acordos para, na linguagem dos serviços de segurança, "terceirizar" os
interrogatórios.
Em março último, Bush negou que os EUA tenham "terceirizado" a tortura
de prisioneiros em países árabes amigos. Os suspeitos podem até ser
encaminhados a esses países para interrogatório, mas, disse Bush, isso
sempre ocorre com o compromisso de não serem torturados.
O jornal "Corriere della Sera" disse que o Ministério Público italiano
chegou aos seqüestradores por meio do levantamento de chamadas de
telefones celulares. O chefe do grupo fez algumas ligações da base aérea
de Aviano, logo depois que Nasr foi embarcado no primeiro avião militar.
Segundo ainda o jornal, Nasr foi torturado com choques elétricos e
obrigado a permanecer por horas pendurado de cabeça para baixo.
No mês passado um outro juiz, Guido Salvini, disse que "pessoas que
trabalham para redes de inteligência estrangeira" participaram do
seqüestro de Nasr, e que o episódio constitui "uma grave violação da
soberania nacional italiana". (Com
agências internacionais)
(©
Folha de S. Paulo)
Terrorismo, mandato d'arresto per l'imam
rapito a milano
Fu sottratto, con un'azione del tutto illegale,
all'autorità giudiziaria italiana"
|
|
Milano
(Adnkronos/Ign) - Mandato
di arresto per Abu Omar, imam rapito a Milano il 17 febbario del 2003,
già indagato per terrorismo internazionale. La richiesta è stata
firmata dal procuratore aggiunto di Milano Armando Spataro ed è stata
accolta dal gip Guido Salvini. L'ordine di cattura per i 13 agenti
della Cia accusati di aver sequestrato Abu Omar è stato firmato invece
dal gip di Milano Chiara Nobili. I 13 agenti sono accusati di avere
sequestrato per strada l'uomo nell'ambito di un'operazione irregolare
voluta dalla servizi segreti americani. Nasr Osama Mustafà Hassan,
questo il vero nome dell'imam egiziano, dopo il rapimento sarebbe
stato trasferito nella base di Aviano per poi essere portato in Egitto
dove si presume sia stato sottoposto a interrogatori e torture. E
dove, molto probabilmente, si trova ancora detenuto ma "non si conosce
esattamente in base a quale titolo", scrive Salvini. L'ex imam della
Moschea di viale Jenner sparì proprio quando da alcuni mesi erano
inziate le indagini sul suo conto da parte della Digos di Milano.
L'ordinanza di custodia cautelare è stata
emessa non solo per il pericolo di inquinamento delle prove ma anche
per "tutela non solo da una possibile fuga" dell'indagato "ma anche da
possibili intenzioni di provocare una definitiva 'scomparsa'
dell'indagato di carattere extralegale in quanto l'esistenza di un
formale titolo di ricerca e di apprensione fisica da parte delle
autorità italiana -si legge nel mandato di cattura nei confronti di
Abu Omar - interessate a mettere definitivamente in luce il suo ruolo,
rende più difficili operazioni illecite di qualsiasi segno come quelle
già avvenute".
Il provvedimento quindi "tutela
indirettamente anche l'individuo (in assenza di una convenzione
internazionale che riconosca diritti individuali alla vittima di
sparizioni o di prelevamenti arbitrari) e tutela in primo luogo il
diritto dello Stato italiano di impedire la sottrazione di soggetti
sottoposti alla sua giustizia e di evitare situazioni giuridicamente
incontrollabili. Il presente provvedimento e' idoneo a facilitare la
reintegrazione del diritto statuale leso che potrà avvenire solo con
la riconsegna dell'indagato sulla base di una richiesta formale di
estradizione, eventualmente proceduta tramite apposita rogatoria
internazionale da un interrogatorio ex articolo 2944 cpp".
Quanto al rapimento, Salvini scrive che
si è trattato di "un'azione del tutto illegale". "Per la prima volta
nella storia giudiziaria italiana una persona stabilmente residente
nel nostro Paese, indagata con un ruolo di estremo rilievo all'interno
di una delicata indagine per il reato di cui all'articolo 270 bis cp,
(terrorismo internazionale, ndr), sottoposta da tempo ad attività di
intercettazione per ricostruire i contatti che stava attivando e
metterne a fuoco i progetti, è stata sottratta con un'azione del tutto
illegale dal punto di vista del diritto internazionale, all'autorità
giudiziaria italiana e condotta con la forza in uno stato terzo".
(©
Adnkronos)