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Tradição no picadeiro


 

Cena do espetáculoSUMMA SUMMARUM, dirigido por Leris Colombaioni, em apresentação na Itália

O consagrado palhaço italiano Leris Colombaioni chega ao Rio para aulas e espetáculo

Rachel Almeida

   Herdeiro de uma das mais tradicionais famílias circenses italianas, o palhaço Leris Colombaioni, 51 anos, foi convidado para a sua segunda temporada no Brasil. Acompanhado do filho Lenny, 23, também parceiro de trabalho, ele vem mostrar seu know-how em cursos no Rio e em São Paulo, além de subir ao palco.

   Leris, cuja rotina é viajar pelo mundo, tem consciência de que o circo agoniza e de que o clown clássico vem perdendo espaço nas últimas décadas. Mas aponta uma nova direção para os que vivem da arte de provocar o riso.

- Se pensarmos em um novo tipo de clown, até que as coisas vão bem. Hoje se pode ver o palhaço não apenas no circo, mas também no teatro, nas ruas. O palhaço é, sem dúvida, um mensageiro da paz. Podemos encontrá-lo em regiões de guerra, em hospitais. É o artista que leva o riso a quem necessita. Mas o circo mesmo passa por grandes dificuldades - opina Leris.

   Depois da visita de 1998 - quando participou do evento Anjos do picadeiro ao lado do filho e do pai, Nani Colombaioni -, Leris volta ao Rio hoje, depois de passar por Campinas, onde ministrou cursos para alunos do Departamento de Artes Cênicas da Unicamp e participou de um intercâmbio com atores do grupo Lume Teatro. Também apresentou, no Teatro do Centro de Convivência Cultural, o espetáculo Um pouco de tudo, praticamente nada.

   Todas as atividades fazem parte das comemorações dos 20 anos do Lume Teatro, que organizou a vinda dos artistas ao Brasil em parceria com a Cia. da Revista, de São Pulo, da Unicamp e do Teatro de Anônimo, do Rio.

   A agenda carioca dos palhaços é parecida com a de Campinas. Leris comanda uma oficina sobre técnicas circenses no Espaço Teatro de Anônimo, na Fundição Progresso. Na sexta-feira, o público confere em única apresentação, no mesmo espaço, a performance de Leris e Lenny em Um pouco de tudo, praticamente nada, que reúne grandes gags e acrobacias, desde quedas e brincadeiras de tropeções do circo mais clássico até paródias de tragédias shakespearianas.

   - Queremos repetir parte das práticas que realizamos em 1998. Foi uma experiência muito bonita, porque tivemos a oportunidade de mostrar nosso estilo de fazer o clown, que é da escola européia e própria de nossa família. Foi também a ocasião para conhecer os palhaços brasileiros, que, apesar das raízes diferentes, têm o mesmo objetivo: fazer rir. E foi um grande prazer trabalhar aqui. O público é extraordinário - comenta Leris, que do Rio segue de volta para Campinas e São Paulo, para novos cursos e espetáculos.

   No currículo do italiano não estão listadas apenas experiências no palco e na arena de circos como Orfei, Medrano e Togni. Leris também é artista de cinema e trabalhou com grandes diretores, entre eles Ettore Scola, Martin Scorcese e Federico Fellini - atuou por exemplo no clássico I clowns, ao lado de outros membros da família.

   Leris garante que a linguagem do clown no cinema não se distancia da do picadeiro. O que costuma mudar são as reações da platéia nas diferentes cidades que visita.

   - Cada cultura tem um modo de vida distinto e, assim, também um modo de rir. Por isso, o clown deve saber adequar seu trabalho às diversas culturas - afirma ele, acrescentando uma homenagem ao palhaço brasileiro Arrelia (Waldemar Seyssel), morto no dia 23 de maio, aos 99 anos.

(© JB Online)

Para saber mais sobre este assunto (arquivo ItaliaOggi):

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