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Ministro italiano sugere retorno da lira


 

Roberto Maroni

Titular da pasta do Trabalho propõe referendo; crise política com negativas à Constituição afeta euro

DA REDAÇÃO

   O ministro do Trabalho da Itália, Roberto Maroni, sugeriu que fosse feito um referendo no país sobre a possibilidade de o país voltar a adotar a lira. Apesar de a declaração de Maroni não representar a posição oficial do governo italiano, ela é mais um sinal das dificuldades que a União Européia pode enfrentar após a França e a Holanda terem rejeitado a Constituição Européia em referendos.

   "Faz três anos que o euro tem mostrado que não é capaz de lidar com a desaceleração na economia, a perda de competitividade e a crise no emprego", disse Maroni. "Não seria melhor retornar, temporariamente, pelo menos a um sistema de dupla circulação de moedas [euro e lira]?", acrescentou o ministro.

   O partido de Maroni, a Liga Norte, tem criticado com freqüência a UE e foi um dos únicos partidos italianos a votar contra a Constituição Européia quando ela foi aprovada pelo Parlamento italiano, no começo do ano.

   A declaração de Maroni, porém, foi logo negada pela Comissão Européia e por outros líderes da coalizão que governa a Itália.

   "O euro está aqui para ficar", disse Amelia Torres, porta-voz da Comissão Européia. "Esse tipo de conversa é simplesmente absurda", disse Jean-Claude Trichet, presidente do BCE (Banco Central Europeu).

   O ministro das Relações Exteriores da Itália, Gianfranco Fini, chamou a idéia de Maroni de "bizarra e pessoal" e disse que ela não era compartilhada pelo premiê Silvio Berlusconi. "Seria extremamente caro e contraprodutivo sair da zona do euro", disse Fini.

   Uma das razões por que a proposta de Maroni pode ser levada a sério na Itália é que muitas pessoas culpam a adoção do euro por uma alta nos preços de produtos e serviços no país.

Euro

   O "não" da França e da Holanda à Constituição Européia levou a uma queda do euro nos últimos dias. Ontem, a moeda caiu para US$ 1,2282 em Londres, ante US$ 1,2284 no dia anterior, apesar de dados fracos de emprego nos Estados Unidos.

   Desde o referendo na França, o euro já teve desvalorização de 2,1%. "O mercado está se posicionando em direção a uma chance muito pequena de um colapso na UE. Isso seria um evento cataclísmico", diz Richard Batley, economista da Schroder Investment Management, de Londres.

   Para o economista, com a possibilidade de não haver unificação política na UE, o euro pode se tornar uma "moeda órfã", mais vulnerável do que se estivesse dentro do contexto de uma estrutura política.

   A maioria dos analistas, porém, acredita que o euro não será abandonado e muitos não estão convencidos de que a unificação política é essencial para a manutenção da moeda única.

(© Folha de S. Paulo)


Euro sob novo ataque

Ministro italiano reforça críticas à unificação monetária no continente ao defender volta da lira, derrubando cotação da moeda

    ROMA (ITÁLIA) E BRUXELAS (BÉLGICA) - O ministro do Trabalho da Itália, Roberto Maroni, sugeriu que fosse feito um referendo para verificar a possibilidade de o país voltar a adotar a lira. A declaração foi feita ao jornal La Repubblica. Com os constantes ataques à União Européia, a moeda voltou a cair e fechou cotada ontem a US$ 1,2282, ante US$ 1,2284 no dia anterior, apesar da divulgação de dados fracos sob emprego nos Estados Unidos.

   A declaração de Maroni é mais uma voz que surge contra a União Européia insuflada pelos resultados dos referendos em que França e Holanda disseram não à Constituição Européia. O resultado das consultas levou o euro a uma trajetória de queda nos últimos dias. Desde o referendo francês, o euro já sofreu desvalorização de 2,1%.

   Apesar de não representar a posição oficial do governo italiano, a opinião do ministro é mais um sinal das dificuldades que a União Européia pode enfrentar após a rejeição.

   - Faz três anos que o euro tem mostrado que não é capaz de lidar com a desaceleração na economia, a perda de competitividade e a crise no emprego - disse Maroni. - Não seria melhor retornar, temporariamente, pelo menos a um sistema de dupla circulação de moedas de euro e lira?

   O partido de Maroni, a Liga Norte, tem criticado com freqüência a UE e foi um dos únicos partidos italianos a votar contra a Constituição Européia quando aprovada pelo Parlamento italiano, neste ano.

   A declaração do político, porém, foi logo condenada pela Comissão Européia e por outros líderes do governo da Itália.

   - O euro está aqui para ficar - disse Amelia Torres, porta-voz da Comissão Européia.

   - Esse tipo de conversa é simplesmente absurda - completou Jean-Claude Trichet, presidente do Banco Central Europeu.

   O ministro das Relações Exteriores da Itália, Gianfranco Fini, chamou a idéia de Maroni de ''bizarra e pessoal'' e disse que ela não era compartilhada pelo premiê Silvio Berlusconi.

   - Seria extremamente caro e contraproducente sair da zona do euro - criticou Fini.

   Uma das razões por que a proposta de Maroni pode ser levada a sério na Itália é que muitas pessoas culpam a adoção do euro por uma alta nos preços de produtos e serviços no país.

   - O mercado está se posicionando em direção a uma chance muito pequena de um colapso na UE. Isso seria um evento cataclísmico - diz Richard Batley, economista da Schroder Investment Management.

   Para o economista, com a possibilidade de não haver unificação política na UE, o euro pode se tornar uma ''moeda órfã'', mais vulnerável do que se estivesse dentro do contexto de uma estrutura política.

   A maioria dos analistas, porém, acredita que o euro não será abandonado e muitos não estão convencidos de que a unificação política é essencial para a manutenção da moeda única.

   Na esteira da rejeição à Constituição européia por França e Holanda, o semanário alemão Stern também publicou esta semana os resultados de uma pequisa segundo a qual 56% dos alemães defendem a volta ao marco em lugar do euro. Outros 48% atribuem ao euro a difícil situação atual da Alemanha. (Com agências)

(© JB Online)

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